Três coisas que eu mais amo

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Eu acordo com James se movendo atrás de mim, seus braços me rodeiam apertando levemente meu corpo, seu corpo me esquenta, Jamie emana um calor relaxante e acolhedor. Seus cabelos estão bagunçados, mas não de um jeito feio, é um jeito engraçado. Já os meus cabelos estão esparramados pelo travesseiro formando uns mil nós diferentes. O lençol estava amassado e cobria todo meu corpo, deixando apenas meus pequenos pés tamanho trinta e cinco descobertos. Nossas pernas se juntam e sobrepõem umas as outras em perfeita sintonia, sua face é sempre serena ao acordar, com suspiros longos e leves espasmos pelo corpo, com um pequeno movimento separo sentidamente nosso abraço da forma mais calma possível.

O dia estava claro e eu não sabia as horas, estava tão cansada que havia dormido sem conectar meu celular com o carregador. Meu quarto está uma bagunça, eu desvia de roupas e sapatos, finjo que não vi bolos nojentos de cabelos e pequenas partículas de poeira que já irão fazer aniversário lá, imediatamente faço uma nota mental : Arrumar o quarto o quanto antes.

 Vou para o banheiro fazer minhas necessidades básicas, eu desembaraço e passo um olhinho reparador nas pontas do meu cabelo, eu também limpo o rosto e faço meu skincare, aproveito para conectar meu celular e ver se tem alguma mensagem, a única é de meu pai. Ele pergunta se está tudo bem, eu respondo que está e conto que fomos a praia ontem, também falo que as crianças estão bem e fiz compras.

Eu estou escovando os dentes quando James chega e me abraça. Seu sorriso é lindo e gentil assim como ele.

- Bom dia Emmy, como você tá? Dormiu bem? - Seus olhos estão um pouco fechados ainda se acostumando com a claridade do dia.

- Bem, consegui descansar bastante - a frase sai em outro idioma, um bem próximo do Arame ou Grego, já que estou com espuma de pasta de dente por toda boca o que arranca uma longa risada de James.

Quando me olho no espelho, eu vejo James, um cara alto de mais ou menos um metro e noventa, ele é uns trinta centímetros maior que eu, seus braços me rodeiam em um abraço terno, pelo espelho eu vejo suas veias subindo pelo antebraço e parando em seu pescoço, posso ver seus músculos turbinadas já que esta sem camisa, eu vejo seus ombros definidos e penso em como seu corpo esta bonito e forte. Vejo seu pingente de concha. Uma vez quando tínhamos treze anos e estávamos catando conchinhas pela areia a gente achou, duas conchas praticamente iguais, então as transformamos em dois colares para que jamais esqueçamos um do outro e de como nossa amizade é importante. Nunca tirei meu colar desde então.

Sinto seu cheiro, ele tem um ar praiano, sinto cheiro de areia e agua salgada, também sinto lá no fundo seu perfume, é como um fio que luta para permanecer em minha narinas e em seu corpo, formando uma perfeita combinação. Ele sorri, um lindo sorriso que mostra seus dentes brancos e bem alinhados graças a longos anos usando aparelho. o James de dez, onde, doze e treze anos odiava aquele aparelho com todas as forças.

- Vai querer tomar o café lá em casa ou aqui? - ele pergunta.

- A gente pode tomar aqui, para dar tempo de trocar de roupa e escovar os dentes  para depois deixar os gêmeos com seus pais - eu respondo.

A gente desce para fazer o café, eu pego um suco de laranja na geladeira e coloco em cima da mesa, James pega o pão e a manteiga os deixando junto do suco, pego também uma geleia de morango que Nala me deu um dia desses. James abre as janelas e cortinas para entrar luz, eu paro por um segundo e penso se as coisas fossem diferentes, talvez se James não fosse meu vizinho ou se os nossos quartos não fossem de frente um para o outro eu penso também por um milissegundo se fossemos mais que amigos. Eu afasto esses pensamentos como o vento afasta a areia da praia e as ondas da costa e então eu sorrio, sorrio porque por mais que sejamos apenas amigos, somos melhores amigos e eu não trocaria Jamie por nada nesse mundo.

Eu chamo Thomas e Cloeh, o quarto deles esta todo desarrumado, tem roupas e sapatos no chão o armário está aberto, então faço outra nota mental: Mandar os gêmeos arrumar o quarto e rápido.

Durante o café eu não falo nada, eu sorrio e dou risadas mas não falo nada, eu fico inerte em um mundo de imaginação, eu me perco em pensamentos e sonhos, eu me perco em por ques e histórias não contadas. Me perco em Jamie e seu jeito de lidar com meus irmãos, seu sorriso torto e olhar vibrante. Seus cabelos castanhos e espirito selvagem, seu olhar penetrante e coração amável.

Quando conheci James nos tornamos grandes amigos, mas ai fomos crescendo e nossos pais se tornaram amigos e de repente eu não via James como meu amigo, de  uma hora para outra ele não era só engraçado e divertido, de repente ele ficou bonito. Quando eu tinha doze anos, eu ia contar tudo, iria falar que gostava dele e de como seus olhos brilhavam no sol, eu iria contar que gostaria de ser mais que sua melhor amiga, iria abrir meu coração para ele. Diria que naquele momento eu já havia imaginado um futuro inteiro com ele, não me julgue eu tinha doze anos. Eu imaginava que tomaríamos sorvete ao por do sol e que seriamos um lindo casal. Naquela mesma tarde, James partiu meu coração quando me contou que havia beijado Catarina na manhã daquele mesmo dia.

Eu gostava dele, o suficiente pata torcer que os dois fossem felizes nos seis meses de relacionamento que tiveram pela frente, eu também gostava o suficiente para ele com as outras garotas que vieram depois dela, eu também nunca disse nada, não queria estragar nossa amizade, era maior, era importante demais para ser estragada por um sentimento idiota de criança. 

Eu nunca gostei de ninguém sem ser Jamie, ninguém nunca fora tão interessante quanto ele, o sorriso de ninguém brilhava como o dele, os olhos de ninguém me diziam as coisas que os dele me falavam, ninguém amava o mar como ele, ninguém sabia minha flor favorita além dele, ninguém gostava de catar conchas na areia além dele, o coração de ninguém era tão grande quanto o dele. Ninguém fazia festas do chá comigo além dele, e se divertia como ele. Ninguém gostava de chocolate tanto quanto ele.

- Como? - Eu pergunto

- A gente já vai se trocar - Cloeh diz enquanto se levantava e ia correndo junto de Thomas.

- O que aconteceu? - James me pergunta, ele pega os copos e talheres e os deixa na pia, já eu, recolho e coloco o resto na geladeira.

- Nada, eu tô normal, só um pouco distraida. Eu vou em trocar também, é para colocar o que?

- Pode por um biquini - Confirmo com a cabeça e vou para o quarto.

Eu paço um pouco de protetor solar no rosto e busto, visto um short jeans justo de lavagem clara, também visto um biquini no modelo cortininha vermelho, sob ele eu estou um top também vermelho mas estampas de flores brancas. Eu pego meu chinelo e minha bolsa com as toalhas e a canga.

Na porta do quarto dos gêmeos, Cloeh sai correndo por mim enquanto Tommy pega suas cosas calmamente. Ele é como papai, tranquilo como uma brisa que corta pequenas ondas do mar, sempre com pequenos sorrisos de canto e poucas palavras. Cloeh e eu somos parecidas com mamãe, sempre agitadas querendo fazer muita coisa ao mesmo tempo, somos mais como o mar na chuva, agitado e forte, pronto para cortar em qualquer pedra que aparecer em nosso caminho, nossas ondas são nervosas correndo inquietas pela praia. A junção perfeita, tempestade e maresia. Chuva e arco - íris, brisa e ventania, som e silencio, dia e noite. Emma e James.

- Vamos? Se precisarem de mim, me liguem ou mandem mensagem - Eu falo com ele antes de me despedir, nem parece que é só por uma tarde.

- Não, ele não vão precisar de você, e se precisarem, meus pais estão com eles. 

Eu vejo eles entrarem pela porta e a única certeza que eu tenho é que poderei descansar pelo menos por um dia.

- Próxima parada - Ele faz uma pausa dramática - Praia.

Dou pequenos pulos de felicidade, agarro a mão de Jamie e corro para a praia, eu corro como uma criança em uma manhã natalina, quando sentimos a areia em nossos pés paramos, a areia quentinha e macia. Tocando os inúmeros pontos da minha alma espalhando felicidade por todo canto. As três coisas que eu mais amo no mundo areia, o mar e James.


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