Capítulo Dois.

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Demorei alguns minutos para criar coragem de sair do carro. Estacionamos em frente a uma casa simples, de três andares. Ela não tinha nada de grandioso, mas algo na sua aparência me fez hesitar. Uma sensação estranha tomou conta de mim. Ao abrir a porta, senti o ar frio do outono me envolver, como se o clima estivesse me dando boas-vindas, mesmo que eu não estivesse pronta para aceitar..


Caminhei até o porta-malas já aberto e peguei uma das minhas caixas com meus pertences, ainda sentindo o peso da mudança. Meus pés hesitaram por um momento ao parar em frente à fachada da casa. Apesar da simplicidade, havia algo reconfortante nela, como se me dissesse que, talvez, esse lugar pudesse ser mais acolhedor do que eu esperava.


A casa tinha três andares, com paredes brancas que reluziam sob a luz suave do final de tarde. A porta da frente era de madeira clara, contrastando com a cor da casa e trazendo uma sensação de leveza. As janelas eram grandes, emolduradas por persianas em um tom escuro, talvez preto ou cinza, que destacavam a simplicidade charmosa da estrutura. As árvores que cercavam o quintal proporcionavam uma sombra refrescante, e pequenos arbustos alinhavam-se nas laterais da entrada, como se estivessem lá para recepcionar os novos moradores. Mesmo com todos esses detalhes agradáveis, eu não conseguia me sentir à vontade. Ainda parecia estranho chamar aquele lugar de "lar".


Observei por mais alguns segundos, tentando imaginar como seria minha vida aqui. Soltei um suspiro pesado, quase forçando meus pés a se moverem, e segui em direção à porta de entrada, como se cada passo fosse um pequeno esforço. Ao entrar, fui recebida por um leve cheiro de madeira antiga. As paredes meio amareladas entregavam a idade do lugar, e os rodapés brancos, desgastados pelo tempo, me faziam pensar que, em algum momento, tudo ali já teve um ar mais novo e vibrante.


Assim que dei mais alguns passos, minha atenção foi atraída por um cabideiro de casacos logo ao lado da porta, que parecia ter visto dias melhores, mas ainda cumpria sua função com dignidade. À frente, uma mesinha de centro de madeira clara estava posicionada com cuidado no meio da sala, harmonizando-se perfeitamente com o piso de tom semelhante. O sofá era branco e aparentava ser extremamente confortável, com almofadas que prometiam acolhimento.


A luz suave que entrava pelas janelas iluminava o ambiente, fazendo com que a sala parecesse um pouco mais viva.


Enquanto eu ainda absorvia o ambiente, um som de passos apressados ecoou vindo do andar de cima, interrompendo meus pensamentos.


— Grace! Grace! Nossos quartos ficam lá em cima, um ao lado do outro! — Noah exclamou, descendo as escadas com uma animação contagiante. Seus olhos brilhavam de excitação, e um sorriso largo iluminava seu rosto.


Sorri ao perceber a empolgação dele, um pequeno alívio em meio ao turbilhão de sentimentos que me acompanhava. O entusiasmo dele era contagiante, e por um momento, a ansiedade em relação a essa nova vida pareceu diminuir.


— Como é seu quarto? — perguntei, tentando me distrair um pouco da ansiedade que crescia dentro de mim.


Noah parou por um instante, com uma expressão pensativa.


— Ah, é incrível! Tem uma janela enorme que dá para o quintal, e eu já estou pensando em colocar uma mesa lá para fazer os deveres. E a parede é azul, como eu sempre quis! — ele respondeu, com um entusiasmo contagiante.

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