Hadeon acordou como um recém nascido que abre os olhos perdido em um mundo novo. Assim como o tal,Hadeon não sabia seu nome, não sabia onde estava, e a primeira visão que teve desse mundo novo foi um teto branco. E a sensação confortável de estar em uma cama. A dor de cabeça não facilitava seu raciocínio, e a falha tentativa de um passeio pela sua mente em busca de memórias.
Ao sentar-se na beira da cama sentiu uma tontura imediata e isso só piorou a sensação de perdido. Quando tentou levantar as pernas pareciam gelatinas, não firmaram de primeira o que fez com que caísse, com rosto no chão gelado, o sentimento de vazio avassalador e penetrante invadiu seu interior.
Levantou, e dessa vez, suas pernas conseguiram se firmar. Mas sua mente continuava perdida, cheia de dúvidas: Quem era? Onde estava?o que era? Não sabia de nada. Na verdade naquele momento começou a se questionar até mesmo sobre o significado verdadeiro da palavra ˆnadaˆ.
Na mesma inútil tentativa de entender o que estava acontecendo, observou o ambiente, nada além de paredes brancas, tão brancas que pareciam brilhar, a cama onde estava deitado , simples e modesta com cobertores de linho e um travesseiro fino. Olhou para si, usava um pijama de linho simples, quando o tocou o tecido viu uma cicatriz nas costas da mão esquerda.
Então teve uma visão. Aquela mesma mão, no fogo, o calor queimava os pelinhos da pele, a fumaça o sufocava, não conseguia respirar, usava um uniforme verde musgo com as mangas dobradas até o cotovelo, o braço esquerdo estava ensanguentado, a mão esquerda tinha uma ferida aberta, que ardia, doía, ferida que se entendia por todo braço até onde a manga se dobrava, a dor era tanta que achou que ia desmaiar.Voltou a consciência, voltou ao quarto branco. Olhou para o braço esquerdo e percebeu que onde estava a ferida da visão agora estava uma cicatriz grande e feia, uma marca que o lembrava da dor que supostamente sentiu. Pensou que fosse se sentir aliviado por lembrar de alguma coisa mas sentiu uma angústia ainda maior, aquela era a lembrança que queria esquecer, mas acima de tudo queria entender.
As paredes se abriram no canto esquerdo da sala,o assustando com a nova possibilidade de sair dali, então um desespero tardio se apossou dele pois percebeu que estava preso ali "NÃO TEM PORTA" pensou "A PAREDE ABRIU! Que loucura!".
Á porta estava uma moça com uma beleza jovial, viva, Usava um lindo vestido, cujo maior acessório era o cabelo cacheado loiro que lhe caia nos ombros com uma formosura que faria o coração de um qualquer um pular uma batida.
- Siga-me. Disse a moça
A dor de cabeça piorou, percebeu que aquela era a oportunidade perfeita para que pelo menos algumas de suas perguntas fossem respondidas, mas a moça já ia saindo pelo porta, e quando foi tentar chamá-la a voz falhou e tudo que conseguiu foi um gemido baixo e rouco. Com muita vergonha tentou acompanhá-la quando saiu do quarto.A porta dava num corredor iluminado pela luz do sol da tarde que vinha de uma vidraça colorida, quando chegou perto para saber o que havia lá fora viu árvores frutíferas em um jardim de uma liberdade e personalidade encantadora.
Ao vê-lo Hadeon sentiu um arrepio nos pelos do braço, um calor subiu pelas pontas dos dedos e foi subindo até o ombro e ia chegar ao coração:
- você vem? Disse a moça com ternuraO calor desceu pelo braço e voltou a ponta do dedo anelar que queimou, o corpo todo arrepiou e Hadeon começou a suar, uma marca como um anel brilhou um verde em seu dedo, sentiu uma dor como nunca havia sentido antes, não por ser mais forte, mas por ser específica, característica. Virou para olhar para a moça e percebeu que ela tinha uma tatuagem na testa como uma coroa que brilhou em um azul marcante.
O brilho do dedo parou, mas a marca ficou como uma tatuagem.
Se sentiu melhor depois disso mas, ainda não sabia quem era.