ROAD SIDE, (g)i-dle

hörul, hëzid...

"garçe bret, navul bret
hörul hes taimen..."

soojin acenava persistentemente a cabeça como uma forma de negar as propostas de sua mãe. escorou-se contra um dos cabides metálicos e fez bico, desanimada.

− poxa, filha. você não gostou de nenhuma fantasia? ― a senhora seo indagou ― vamos, vai ser divertido.

− mamãe, eu já disse. não vou nessa festa e nem sair pedindo doces. e se um maluco me sequestra ou me envenena?

− sootang, não fala assim, vai... nossa vizinhança é segura e você vai interagir com as outras crianças. e nem vem dizer que socializa na escola porque a sua professora me disse o contrário.

soojin fez cara feia, agora com os braços cruzados. sua mãe lhe olhou com mágoa, chateada pelas tendências introvertidas da filha. lembrou-se da última reunião de pais onde recebera a mesma reclamação de sempre: era uma aluna dedicada e inteligente, mas se recusava a interagir com os colegas. só ouviam a sua voz porque ela, às vezes, levantava a mão e pedia para escrever na lousa.

a senhora seo vasculhou a loja com os olhos, e percebeu uma conhecida. arrastou a criança junto de si e foi cumprimentá-la, com um sorriso unusual estampado no rosto.

− heejin! ― a senhora seo exclamou.

− joohyun, quanto tempo! ― heejin afirmou ― e a sua menina, como está crescida!

soojin deu um passo à direita, se escondendo atrás da sua mãe.

− sua menina também está grande. deus abençoe! ― rogou a seo mais velha ― veio comprar uma fantasia para a festa da escola?

heejin fez que sim com a cabeça.

− soyeon está muito animada. fala da tal festa desde o dia primeiro. não é, filha?

− é! ― soyeon sorriu, enrolando algumas mechas de cabelo nos dedos ― você é a seo soojin, não é? da turma 52A?

soojin fez que sim com a cabeça, colocando as mãos nos bolsos de feltro.

− eu sou da 53F. ― uma soyeon sociável olhou para sua mãe e sorriu em seguida ― jeon soyeon, prazer.

soojin tirou a destra do bolso, acenando com a mão que estava coberta por uma luva cor-de-rosa. vendo que a seo não parecia muito interessada, soyeon deu-lhe as costas, largando a mão de heejin para ir explorar a loja. como a menina alegre e enérgica que era, jeon olhou com admiração as mais diversas cores e estampas que estavam ao seu dispor na loja de departamento; os círculos e zigue-zagues pareciam se mover, caindo sobre os manequins de plástico, enquanto sapatos de vinil numa prateleira refletiam as luzes moderadas daquele estabelecimento.

soyeon saiu da loja e entortou a cabeça: uma bruxa em tamanho real entretinha algumas crianças menores com os seus questionamentos ao receber algumas moedas de bronze; jeon chegou mais perto da robô humanoide, curiosa, e tirou uma moeda de 50 dvari do bolso.

"estou sempre ao seu lado mas nunca na sua frente. te seguro quando você cai, limpo as suas lágrimas num instante e te ajudo a seguir adiante. quem sou eu?", a robô indagou.

soyeon pensou por um momento. olhou para a garotinha que estava ao seu lado e se distraiu por um breve segundo ao ver o custoso casaco de pele que a menina usava. acenou com a cabeça, não se permitindo distrações, e decidiu se atentar ao que ela dizia.