Capítulo 04

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Clara Sanchéz

A manhã na escola começa agitada, e minha mente gira em torno de Henrique. Às vezes, ele pode ser tão gentil, mas, em outras, suas palavras são como facadas. O dia está nublado, e isso parece refletir meu estado de espírito.

Quando chego, encontro Henrique no pátio, cercado por Miguel e Rafa. Eles riem e conversam animadamente, e meu coração aperta ao vê-lo tão feliz. Um misto de amor e me faça invadir. Ele é tudo o que quero, mas, ao mesmo tempo, é o motivo da minha insegurança.

Decido me aproximar, mas logo que chego perto, ele me lança um olhar.

— Olha quem decidiu sair da caverna! — ele diz, com um sorriso que tenta ser brincalhão, mas que só me faz sentir menor.

A risada de Miguel e Rafa ecoa, e eu sinto o rosto queimado. Não consigo suportar a ideia de que ele está se divertindo às minhas custas.

— E aí, Clara, ainda pensando em ser famosa? — Henrique continua, os olhos brilhando com um humor que eu já conheço muito bem.

— Estou só tentando ser eu mesmo, Henrique — respondendo, forçando um sorriso, mas sinto que ele não leva isso a sério.

— Ah, claro! Porque "ser você mesma" é um verdadeiro espetáculo — ele provoca, e a maneira como ele diz isso me machuca profundamente.

Tento ignorar e me juntar à conversa, mas, a cada piada, percebo que ele não tem ideia do quanto me machuca. Suas palavras são como lâminas afiadas, cortando a confiança de que eu tenho em mim mesma.

— Você só faz isso para que todos vejam o quão patética é — ele diz, rindo. E, nesse momento, o riso de Miguel e Rafa se transforma em um coro de zombárias.

—Henrique, chega! — Yasmin tenta entrevistar, mas ele dá de ombros, sem se importar.

Ane, Yasmin e Lorena me cercam, tentando me proteger, mas a humilhação se acumula em camadas. Sinto como se o chão estivesse se abrindo sob meus pés.

— Clara, não liga pra ele. Você é incrível — Ane diz, mas o impacto das palavras de Henrique ainda ecoa na minha mente.

As risadas continuam, e eu me sinto mais insignificante do que nunca. Ele não vê o quanto eu me esforço para ser uma boa amiga e, mesmo assim, me reduz a uma piada. A sensação de impotência é esmagadora.

Quando o intervalo termina, Henrique me envia uma mensagem: "Ei, vamos tomar um café depois da escola?"

Um frio na barriga. Quero muito aceitar, mas não consigo deixar de lado o modo como ele me trata. A insegurança e a humilhação são uma constante, como se ele estivesse brincando com os meus sentimentos.

— Você vai ignorar ele? — Ane pergunta ao meu lado, e sinto que elas estão torcendo por mim.

— Eu não sei... Às vezes, ele é tão insensível... — respondo, sentindo uma lágrima escorregar pelo meu rosto.

— Clara, você merece alguém que te trate bem! — Yasmin exalta, e eu a admiro por isso. Mas, mesmo assim, a ideia de não responder a Henrique me atormenta.

Durante a aula, consigo me distrair, mas a imagem de Henrique rindo de mim continua martelando na minha cabeça. O que seria se ele visse além da amizade? A esperança de que um dia ele pudesse me enxergar como mais do que uma amiga me consome.

Ao fim da aula, Henrique me encontra no corredor.

— Clara! — ele chama, e a expressão no rosto dele é de desdém. — O que você está fazendo aqui? Estava pensando que você tinha desaparecido.

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⏰ Última atualização: Oct 01 ⏰

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