Obsession | Yoongi 18+

NOVE

O som do zíper ecoou pela sala, e por um instante, o silêncio pareceu engolir o ambiente, como se o ar tivesse ficado mais pesado. Meu coração batia tão forte que eu podia ouvi-lo nos ouvidos. A mochila, de aparência inofensiva, agora parecia um cofre que guardava segredos que eu talvez não devesse descobrir.

Respirei fundo e continuei a abrir, o tecido áspero roçando em meus dedos trêmulos. No topo, havia apenas o que esperava encontrar: alguns cadernos, uma caneta, coisas comuns que qualquer aluno teria. Mas por baixo dessas coisas, algo chamou minha atenção — um envelope pardo, grosso, visivelmente antigo, com um fecho de cordinha amarrada firmemente.

O instinto me dizia para parar, para não mexer mais, mas a curiosidade era mais forte. Sem pensar duas vezes, puxei o envelope. Era pesado, e parecia conter vários papéis dentro. Meu coração parecia prestes a saltar do peito, enquanto eu desamarrava a cordinha com cuidado, sentindo como se estivesse prestes a cruzar uma linha invisível que separava a normalidade de algo muito mais obscuro.

Quando finalmente consegui abrir, os papéis dentro eram fotos. Minha garganta secou no momento em que as vi. As primeiras imagens eram de pessoas que eu não reconhecia, fotos tiradas em locais comuns: parques, ruas movimentadas, cafés. Mas então, no meio do monte, reconheci algo familiar — uma foto de mim.

Era uma foto minha na escola, do lado de fora. Meu estômago revirou. Não era uma foto qualquer, era recente, tirada de longe, como se alguém estivesse me observando sem que eu soubesse. Minhas mãos tremeram, e eu mal consegui respirar enquanto folheava as outras fotos.

Havia mais imagens minhas, de diferentes dias e situações. Algumas tiradas enquanto eu caminhava para casa, outras em momentos completamente mundanos, como quando eu estava no supermercado. Cada nova foto parecia me encolher por dentro, até que me deparei com uma última — uma imagem de Yoongi, parado em frente à minha casa, olhando diretamente para a câmera. A data no canto da foto era de ontem.

Larguei as fotos como se estivessem em chamas. Meu corpo inteiro tremia, e uma onda de pânico me envolveu. Ele estava me observando há muito mais tempo do que eu imaginava. A sensação de perigo iminente que eu vinha tentando ignorar agora era inegável. Yoongi não era só o garoto popular e amigável da escola — havia algo muito errado com ele, algo muito mais profundo e sombrio do que eu havia percebido.

E agora eu sabia demais.

Me afastei da mesa, minha mente rodando. Eu precisava me afastar, precisava pensar no que fazer a seguir. Mas antes que pudesse planejar qualquer coisa, a campainha tocou novamente. O som ecoou pela casa como um alarme. Meu coração parou.

Corri para a janela e olhei cautelosamente para fora. Lá estava Yoongi, parado na porta, com um sorriso relaxado no rosto. Ele ergueu a mão e acenou para mim, como se soubesse que eu estava observando.

Ele havia voltado pela mochila. Ou... ele sabia que eu havia aberto?

Meu corpo congelou de medo. Eu tinha que tomar uma decisão rápida.

Meu coração disparou. A realidade da situação me atingiu com força — eu estava presa em uma armadilha, e Yoongi estava do lado de fora, como se nada tivesse acontecido, como se não houvesse acabado de descobrir seu segredo. Tentei controlar o pânico, mas a sensação de que ele sabia exatamente o que eu fiz me dominava.

A campainha tocou de novo, e dessa vez a batida na porta foi mais forte, mais insistente. Eu precisava fazer algo. Pensar rápido.

Respirei fundo e fechei o envelope, enfiando-o de volta na mochila o mais rápido que pude. Empurrei-a para debaixo da mesa, tentando esconder qualquer evidência de que eu havia mexido. Meus pensamentos corriam enquanto tentava decidir o que fazer. Não podia simplesmente ignorar a porta, ele sabia que eu estava em casa. Fugir seria inútil — ele certamente perceberia.

Caminhei até a porta, sentindo cada passo como uma sentença. Abri devagar, controlando minha expressão, forçando um sorriso, como se nada tivesse acontecido. Yoongi estava parado ali, sua postura relaxada, mas seus olhos... eles estavam diferentes. Havia algo neles, uma frieza que eu não tinha notado antes.

— Esqueci minha mochila — disse ele, com um tom casual, sorrindo do jeito que sempre fazia.

— Ah, claro — consegui responder, minha voz saindo mais fraca do que eu gostaria. — Vou pegar para você.

Me virei rapidamente, tentando manter a calma, mas o medo me dominava. Enquanto caminhava de volta até a mesa, meu corpo estava rígido, cada músculo tenso. Peguei a mochila e, por um momento, hesitei. Será que ele sabia que eu havia mexido? Será que ele estava apenas esperando o momento certo para confrontar-me?

Quando voltei à porta e entreguei a mochila, Yoongi me olhou profundamente nos olhos, como se estivesse esperando alguma reação minha. Ele pegou a mochila com um sorriso, mas não saiu de imediato. Ficou ali, parado por mais alguns segundos, que pareceram uma eternidade.

— Obrigado, Mi Rae — disse ele, seu tom educado, mas com uma leveza desconcertante. — Até.

Antes que eu pudesse responder, ele se virou e foi embora, deixando-me ali, na entrada, com o corpo inteiro tremendo. Assim que ele virou a esquina, fechei a porta com força, meu coração martelando no peito. A sensação de que algo terrível estava acontecendo não me deixava em paz.

Fui até a janela, observando o caminho por onde ele havia ido, e só então me dei conta de que, mesmo depois de entregar a mochila, algo ainda estava muito errado.

Yoongi sabia.

Ele tinha que saber que eu mexi na mochila, que eu vi as fotos. E agora, ele estava deixando claro que também sabia que eu estava ciente disso. Aquela era sua maneira de dizer que ele estava no controle — que, por mais que eu tentasse escapar, ele sempre estaria um passo à frente.

O pânico tomou conta de mim. Eu não podia simplesmente ignorar o que tinha descoberto, mas ao mesmo tempo, não sabia o que fazer. Contar para alguém? E se ninguém acreditasse em mim? Eu mal acreditava no que havia visto. Além disso, Yoongi tinha a confiança de todos ao nosso redor. E agora, ele sabia que eu estava ciente de seus segredos.

Eu estava em suas mãos, e isso me apavorava.