How Long

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Não, para olhar as duas.

Estava olhando. Devia ter visto que Anil estava com ela, e que eram algo mais que amigas.

Anil voltou a beber, e Pinlanthita deslizou o polegar pelo reverso de sua mão com suavidade. Não parecia que importasse que a tocasse.

Ou só era parte da atuação?

O olhar onix de Pinlanthita subiu até o rosto de Anil, e a observou enquanto ela chupava os dois pequenos canudos negros.

As luzes do local projetavam brilhos azuis sobre sua cabeleira castanha.

A cor das luzes deslizava por sua pele fazendo que sua maquiagem parecesse ainda mais escura. Ela afastou o olhar de sua bebida e soltou os canudos.

Seu sorriso provocava.

Ela curvava seus lábios e sentia a tentação de animá-la a levar aquele teatro um pouco mais longe, só para ver como reagiria.

— Que tipo de feitiços pode conjurar?

Perguntou por cima do ruído da música. Ela removeu sua bebida com os canudos muito devagar, ao mesmo tempo que a olhava fixamente.

Que tanto tinha que pensar?

Poderia enfeitiçar os homens para que se convertessem em seus escravos?

Tinha esse poder, ela estava disposta a jurar que lhe enfeitiçou.

— Minha mãe só me ensinou a fazer o tipo de magia que beneficiasse outras pessoas, e isso é tudo que fiz até hoje.

Aproximou o copo dos lábios, afastou os canudos de lado e deu um longo gole à bebida.

Deixou o copo vazio em cima da mesa.

— Lancei pequenas maldições à algumas pessoas, fiz feitiços para favorecer a maternidade e a concepção, e feitiços de amor, é óbvio.

Feitiços de amor. Talvez fizesse um desses feitiços para ela.

Anil nunca utilizou a magia em benefício próprio, até aquele dia. Pinlanthita aprendeu o suficiente do mundo até aquela data, para saber que ela não era habitual nesse sentido.

Seu calor, seu desinteresse e sua amabilidade chegavam ao coração e potencializavam sua beleza.

Ela só pensava em ajudar aos outros, enquanto que a maioria dos
humanos utilizaria esses mesmos poderes para aproveitar-se de outros mortais. O poder era uma autêntica droga para os mortais. Ela viu em muitas ocasiões os efeitos que tinha sobre eles.

Se fosse outra pessoa que tivesse suas habilidades, a utilizaria para enriquecer, ser mais importante e mais popular, teria se deixado levar pela promessa de falsa felicidade que tudo isso suporta, e seria completamente viciada nessa sensação.

Anil parecia ser imune a ela, e quando por fim sucumbiu a utilizar os poderes para seu próprio interesse, o fez para aliviar a dor que sentia em seu coração e para vingar-se.

A dor que provocou seu ex-amante.

E Pinlanthita ouviu seu chamado, e foi a ela. Talvez fosse o resultado de seu feitiço, no final das contas. Sua magia poderia ter amplificado sua voz, e poderia tê-la ouvido porque se centrou nela todo o tempo.

— Alguma vez sente a tentação de utilizar seus poderes?

Ela negou com a cabeça e logo afastou o olhar.

— Possivelmente alguma vez. Alguma vez.

O olhar de Anil voltou para ela com dissimulação, pousou sobre seus olhos e suas bochechas se obscureceram. Seria impossível vê-la se não fosse porque estava observando.

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