𝗡𝗔𝗥𝗥𝗔𝗗𝗢𝗥𝗔.
Estados Unidos,𝖠𝗍𝗅𝖺𝗇𝗍𝖺
O Avião aterrissou em Atlanta sob um céu cinzento, refletindo a tristeza que preenchia o coração de Eveline. O vazio que consumia era profundo, mais do que a perda dos pais; era a ausência de qualquer esperança.
Ao sair do terminal avistou sua tia Margot, encostada em um carro velho, fumando um cigarro e segurando uma garrafa escondida em uma sacola de papel. A expressão da mulher era desinteressada, como se a vida tivesse passado diante dela sem que valess a pena se importar. Eveline hesitou, suas pernas pesadas, e então Margot a comprimentou com um aceno displicente.
── Vamos, entre. Não tenho o dia todo. ── Disse Margot. Já ligando o rádio sem esperar uma resposta. Sua voz soava entorpecida, quase como se tivesse falando com alguém que não importava. Eveline a seguiu, o peso do desespero foi instalado em seu peito.
Dentro do carro o cheiro de cigarro e álcool era sufocante. Margot ligou o rádio e uma música antiga começou a tocar enquanto Eveline olhava pela janela, observando as pessoas que viviam e riam. Uma sensação de solidão profunda a envolveu. Ela queria gritar, mas a voz não saia, sufocada pela dor, e pelo tédio da vida que a tia levava.
A casa que a aguardava parecia um eco do seu passado: o mesmo silêncio ensurdecedor, preenchido apenas pela ausência. Enquanto Margot saía do carro, já pensando na próxima dose. Eveline percebeu que estava completamente sozinha.
𝗘𝗩𝗘𝗟𝗜𝗡𝗘 𝗕𝗟𝗔𝗖𝗞𝗪𝗢𝗢𝗗
Hoje é meu primeiro dia na nova escola. Nem sei por onde começar a descrever o quão distante eu me sinto de tudo. Acordei cedo, mas não consegui comer nada. Lá fora, Atlanta parece tão barulhenta e viva, mas aqui dentro, nesta casa, é só silêncio. Um silêncio pesado, misturado com cheiro de álcool.
Minha tia estava desmaiada no sofá quando sai. Garrafas vazias por todo canto.
Meu pais morreram e desde então tudo ficou perdido. Eles eram meu refúgio. Depois do acidente tudo se transformou em um borrão cinza. Comer, falar, sentir. Parece tão distante.
Estou com um pouco de medo da escola nova. O caminho até lá foi longo, mas nada me incomoda mais.
Assim que entrei na escola não havia ninguém nos corredores. Estavam todos vazios. Fui pra sala da diretora.
A sala da diretora cheirava a café. Eu mal conseguia me concentrar, minhas mãos suando enquanto mexia na barra do meu casaco. A diretora, uma mulher de meia-idade com um sorriso forçado, falava alguma coisa sobre como é bom eu "me adaptar" à nova escola. Como se fosse fácil.
── Você está pronta pra conhecer sua nova turma? ── Ela perguntou, como se isso fosse um grande evento.
Apenas acenei com a cabeça. O estômago embrulhado pela falta de comida e pela ansiedade que parecia sufocar o ar ao meu redor. Ela abriu a porta da sala e me conduziu pelos corredores. A cada passo minhas pernas pareciam pesar mais.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝗤𝗨𝗔𝗡𝗗𝗢 𝗢 𝗔𝗠𝗢𝗥 𝗡Ã𝗢 𝗕𝗔𝗦𝗧𝗔.' Javon Walton
أدب الهواةEveline Blackwood era uma presença silenciosa. Seus olhos castanhos que antes eram cheios de vida, agora refletiam só apenas tristeza profunda. Sua magreza era visível em cada curva de seu corpo. Ela se alimentava mal. A dor que sentiu desde que per...