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Agora, algo que eu posso chamar de epílogo, ou fechamento daquele dia mais do que intrigante que passei ao lado daquela que detém o título de Assassina de Youkais.

Devo dizer, de antemão, que o ponto mais alto daquilo tudo, pelo menos em minha memória ou só por me deixar levar por certos sentimentos, foi viajar com meus olhos mortais por cada centímetro do corpo de Yuna Nate naquele biquíni dois números menor do que devia e tão azul quanto os seus olhos.

Essa é a minha recordação mais forte dos eventos que se sucederam.

Contudo, todo o drama causado por Argos, e as coisas que ele disse sobre como ocorreu o ato de sua selagem, me deixaram com uma pulga atrás da orelha sobre o assunto. E como a curiosidade matou o gato...

Ao retornarmos para o hotel em que estávamos hospedados, enquanto a hanyou foi banhar seu corpo nu, eu abri minha mochila e puxei meu notebook para fora, algo que eu não realizava tinha alguns dias.

Então, vasculhando a vasta base de dados que agora tinha acesso como diretor da Mythpool, e depois de colocar um pouco a cabeça para funcionar e usar as palavra-chaves corretas, encontrei algumas coisas... perturbadoras, talvez.

— Wow, que cara é essa, seu pamonha? Foi aquele camarão que não lhe fez bem, não foi? Tsc, eu sabia que era suspeito.

Yuna surgiu de dentro do banheiro já em roupas de dormir cor-de-rosa e no mesmo nível de curtas que o traje de banho que usara durante nosso passeio à beira-mar. Mas com as informações que eu absorvia pela tela IPS de meu computador pessoal, mesmo a beleza extasiante da meio-youkai não foi capaz de desviar minha atenção para mais do que um breve olhar meu ao ouvir sua voz.

— Ei, não vai me responder, é? Vai vomitar em cima do teclado? O que você está vendo...

— A Mythpool. O diretor dos anos noventa, ele tinha um projeto secreto, entre aspas, de criar super soldados que seriam híbridos de kaijus e humanos.

Eu virei meu notebook para que seu monitor apontasse para Yuna, e ela se aproximou para ler e analisar melhor as imagens.

— O que ele queria — continuei —, não era acabar com a raça dos kaijus como Argos pensava. Na verdade, ele ordenou que os agentes de elite fossem atrás de kaijus fêmeas, e como acabavam topando com os Generais...

— Oh... isso não é legal, não mesmo. Ser um pervertido é um requisito mínimo para se tornar diretor da Mythpool, é?

— Yuna, isso é sério. Talvez você tenha matado o kaiju injustamente.

— Não seja mal agradecido, eu estava protegendo você. Jamais deixaria que ele te tocasse. Eu seria seu escudo. E outra, está dizendo no final desse protocolo que o projeto foi encerrado alguns meses depois e que nenhum outro kaiju foi caçado depois disso. O kaiju da garrafa pode ter sido enganado naquela época, mas isso não muda o fato de que hoje, quando libertado, ele era uma ameaça que precisava ser neutralizada.

Bem, Yuna tinha argumentos sólidos quanto a ocorrência daquele nosso passeio. Apesar de Argos ter sido preso por anos dentro de um recipiente de álcool, pensando que estava sendo perseguido por conta de sua patente na raça dos kaijus, ele apenas foi uma vítima infeliz das mãos do destino. E quando finalmente conseguiu se libertar, por causa de sua fúria e desejo vingativo, acabou perdendo a chance de redenção em seu segundo encontro com as mesmas mãos do destino que o fizeram ser trancafiado; pagando, assim, pelas mãos da Assassina de Youkais, com a própria vida.

Como algumas coisas são irônicas, não acham?

— Ei, tem alguma coisa aí sobre o segredo para abrir a garrafa, seu pamonha?

É, tinha. Dizia que apenas um ser humano que desejasse, do fundo do coração, realmente não abrir o selo, teria a força necessária para rompê-lo. Mas, para não perder o gosto de uma rara vitória contra Yuna Nate, eu decidi omitir tal informação.

E até hoje ela ainda não sabe a verdade.

Yuna Nate: UmiOnde histórias criam vida. Descubra agora