Capítulo 2

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Não consegui dormir, toda vez que fechava os olhos eu me lembrava. Todos aqueles rostos rindo de minha desgraça, e o pior, ver Sarah conseguindo me olhar sem demonstrar remorso algum.

Meu braço ardia, mas aquilo me fazia bem. Pois aquela dor não era nada comparada a dor que eu sentia por dentro. Não consigo pensar em nada a não ser o que me aconteceu, ou como minha vida ficaria depois de hoje.
Já são seis horas da manha, o sol já esta nascendo, e por incrível que pareça, a aurora era linda. Isso me deixou nervoso. Pode ser egoísmo, mas as coisas estavam indo muito mal para o dia estar bonito, o céu tinha que estar nublado, talvez até chovendo. Mas não sei se isso me confortaria.
Olhei para o relógio mais uma vez, seis e meia, logo meus pais iriam levantar para irem para o trabalho, terei de esperar eles saírem para poder sair do quarto e fazer alguma coisa.

Sete horas e ouvi a porta se abrindo, depois minha mãe chamando meu pai para acordar, eles se levantaram, e eu ouvi minha mãe passando pelo corredor. Ela parou. Começou abrir a porta e eu fingi que estava dormindo. A porta se abriu mais um pouco e então escutei um risinho.
Minha mãe não sabia o que aconteceu ainda, pelo visto. Graças a Deus, um problema a menos!
Ela saiu do meu quarto, e foi para a cozinha, escutei o barulho de panelas no fogão, e logo o cheiro de ovos com bacon entrou no meu quarto.
Meu corpo estava dolorido, não sei como não quebrei a perna.
Levantei-me, fui até a porta e tranquei. Acendi as luzes, e então pela primeira vez desde que cheguei daquela maldita festa pude olhar o meu corpo.
Minhas pernas estavam cheias de hematomas por todas as partes, pouco tempo depois de ter ficado em pé, senti uma dor imensa, parecia que tinha sido atropelado por um caminhão. Se bem que seria melhor se isso tivesse acontecido.
Foi então que pensei que poderiam ter me mandado alguma mensagem, procurei meu celular, não estava conseguindo encontrar.
Olhei de baixo da cama e ele estava lá. Peguei-o rápido, mas ele estava descarregado. Segurei o botão para que ele ligasse enquanto procurava o carregador. Achei-o na gaveta da cômoda, conectei à tomada, e então ele terminou de ligar.
As notificações ainda não haviam chegado, demorou um pouco para que enfim chegassem.
Mas não havia nada que importasse, então procurei no youtube alguma coisa sobre o acontecimento de ontem.
Estava demorando em carregar, e isso estava me matando.
Não tinham postado nada ainda.
Joguei-me na cama, e o que eu acreditava ser impossível aconteceu: Eu sorri!
Mas não foi um sorriso de alegria, foi de alivio, só isso.

A porta bateu, e depois passos descendo a escada. Meus pais estavam saindo.
Sai do quarto, minha irmã ainda estava dormindo, ela era bem mais velha que eu, e por mais que morássemos na mesma casa, desde que ela começara a faculdade quase nunca conversamos.
O cheiro do café da manha ainda estava na cozinha, olhei na mesa e minha mãe tinha deixado pronto pra mim.
Fui à geladeira peguei a jarra de suco, e bebi nela mesmo. Então me lembrei da garrafa de cerveja.
Como eu fui idiota, mas também não sabia que aquilo iria acontecer comigo, fui ingênuo, mas eu confiava nela!
Lembrei-me de suas amigas, e de quando ela me chamou para dançar. E então me lembrei daquela garota que estava vomitando. Ela estava chorando, será o que tinha acontecido com ela? Será que fizeram alguma coisa parecida com a que fizeram comigo?
Guardei a jarra, e comecei a comer. Cada garfada doía. Não conseguia engolir, que me dava vontade de vomitar.
Terminei de comer, minha visão se distorceu, e então senti que iria cair. Minha perna perdeu a força, e então desmaiei.

Ahhh -Acordei com um grito da minha irmã, ela estava de pijama, e já estava me balançando para acordar- Charlie, o que aconteceu?
_Ai- minha cabeça doía, meu corpo todo doía- Não sei, acabei de comer e me senti fraco, acho que foi da pressão ou alguma coisa assim- Não sei se ela iria acreditar afinal ela estava cursando arquitetura, e não medicina.
_Okey, mas como está se sentindo?- Ela me ajudou a levantar, e assim que fiquei em pé, caí novamente, mas dessa vez ela me segurou.
_Só quero dormir um pouco pode ser?-Já estava me sentindo melhor, por mais que estivesse quente, acho que não ficaria assim por muito tempo a partir de agora.
_Tudo bem, vem te ajudo chegar à sua cama- Ela me apoiou em seu ombro, e foi me guiando até chegarmos ao meu quarto, ela acendeu a luz, e então eu deitei na cama. _Tem certeza de que está bem? Se quiser posso chamar um medico ou ligar para nossa mãe...
_NÃO!- A resposta foi imediata, ela se assustou, e acho que ficou um pouco curiosa. Como eu sou burro! -Quer dizer, ela deve estar ocupada, não precisa encher ela com isso, já estou melhor!
_Tudo bem então- Ela disse, e saiu do quarto.
Minha cabeça estava explodindo, então eu me mexi na cama, e meu celular que estava no meu bolso caiu, e o barulho me deixou um pouco tonto. Então me lembrei de minha queda.
Estávamos em um quarto do segundo andar, a uns três metros do chão, então não sei mesmo como não me machuquei.
Fiquei pensando nisso até que adormeci.

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