Morar juntos?

100 18 3
                                    

Amaury acordou com um ótimo humor e, quando chegou na escola para dar as aulas do dia, até os demais professores perceberam o sorriso que estampava o rosto do outro.

— Bom dia, Amaury! Tá feliz hoje, hein? — Bárbara, a professora de português, o cumprimentou.

— Bom dia, Barbie. Tô mesmo! Olha que dia lindo, céu azul, um sol imenso. — O preto deu um beijinho na cabeça da mulher, sentando ao seu lado no sofá da sala de professores. — Não tem como ficar triste assim.

— Ah, tem sim! — ela retrucou com uma risada. — Eu tenho duas aulas seguidas com o sexto ano B.

— Sexto B é a turma do Julinho, né?! Aquele garoto é uma figura. — Amaury riu, lembrando do garoto espontâneo e sem filtros.

— Pois pode ficar pra você. Na última aula que eu dei semana passada, ele falou, do nada, que a palavra favorita dele em português era "energúmeno". Aí a sala toda começou a discutir quais eram as palavras favoritas de cada um. Não consegui mais dar aula!

— Mas eu concordo com ele, "energúmeno" é uma palavra maravilhosa! — Amaury mais falou para implicar com a amiga.

O sinal tocou e os professores se levantaram para seguir para as salas de aula. Amaury pegou a chave do auditório que usava para as aulas de teatro e se encaminhou para mais um dia de trabalho.

As aulas de teatro funcionavam como uma atividade de contraturno e eram muito bem aceita pelos pais dos alunos, que notavam nas crianças a evolução, disciplina e criatividade que a arte trazia.

Quando terminou o expediente, Amaury voltou para a sala de professores e aguardou na fila para bater seu ponto. Quando o celular vibrou em seu bolso, o maior o pegou e sorriu ao ler a notificação no grupo de mensagens da turma da faculdade.

"Diego Martins foi adicionado ao grupo: Cênicas AC-530"

— Ih, agora tô entendendo a felicidade toda hoje de manhã... Tá sorrindo pro celular, quem é o motivo? — perguntou Bárbara, inclinando-se para espiar.

— Tem motivo nenhum, oh metida! — Amaury repreendeu Bárbara, que havia se juntado a ele na fila.

Abriu o grupo para poder clicar no contato de Diego, a imagem de perfil, com um sorriso espontâneo aparecendo na tela.

— Hummm... Gatinho! Quem é? — Bárbara falou ao olhar o celular do amigo.

Amaury tentou esconder o celular, em vão, pois Bárbara aguardava em expectativa a resposta do outro.

— É um aluno novo da faculdade, foi transferido de São Paulo. Ele acabou de ser adicionado no grupo.

— E você já tá arrastando sua asinha pra ele, é?! — Bárbara perguntou com um sorrisinho sugestivo nos lábios.

— Não é bem assim. — Amaury negou. — A gente só se deu bem. Ontem saímos com a turma depois da aula, fomos pra um barzinho e ele pareceu legal.

— Legal e gatíssimo. Se eu fosse você, eu pegava.

— Mas vocês estão com um complô pra cima de mim?! A Camila e o Samuel ficaram falando a mesma coisa ontem. Cara, até a Thalita falou pra eu pegar o Diego.

— A Thalita? Aquela que você ficou uns meses atrás? — Bárbara perguntou intrigada e viu Amaury assentir. — Viu?! Se até ela concorda...

A jovem deu de ombros e os dois seguiram juntos pela saída da escola.

— Não sei, não quero acabar criando um clima na sala por causa disso, sabe?! Pegar alguém das outras turmas, tudo bem. Mas eu e o Diego vamos conviver todo dia... E se não der certo?

Sem ensaio - DIMAURYOnde histórias criam vida. Descubra agora