⚽ Capítulo 2

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Capítulo 2: Sol, Ondas e Atritos

2° de setembro de 2024

Acordar em um sábado de sol forte é o melhor tipo de início de fim de semana que alguém pode ter. Aqui no Guarujá, nada supera um dia de praia com ondas altas e o vento salgando o ar. Eu e Samuel pegamos a prancha e fomos direto para a praia do Tombo, que fica a poucos minutos a pé de casa. Hoje eu estava mais empolgada que o normal, porque sabia que Yuki, o namorado do Samuel, estaria lá com a gente, além da tia Luana e do tio Leo, que vendem seus artesanatos nas praias.

O caminho até a praia foi cheio de risadas e provocações. Samuel, claro, insistia que hoje daria um show com a prancha e que eu não tinha chance de Yuki superá-lo.

— Veremos quem manda melhor nas ondas, Samu — eu disse, empolgada. — Mas não se esquece de que o Yuki é o surfista número um por aqui.

Ao chegarmos, Yuki já nos esperava na areia, com a prancha na mão e aquele sorriso tranquilo de sempre. Os dois se cumprimentaram com um abraço, trocando olhares que sempre me faziam sorrir. Samuel e Yuki eram um casal que realmente se completava, e era bom ver o quanto um apoiava o outro. Tia Luana e tio Leo estavam montando sua barraca de artesanato ali perto, e fui até eles para dar um oi enquanto Samuel e Yuki corriam para o mar.

Enquanto conversávamos, meus olhos caíram sobre uma cena mais adiante na praia. Era Helena, acompanhada do namorado, Pedro, e de uma amiga. Eu reconheci Helena na hora, com seus cabelos cacheados, o porte seguro e os olhos castanhos que mostravam uma confiança inegável. Mas o que chamou minha atenção foi Pedro, com aquele típico sorriso convencido e o jeito de quem sempre se acha o centro das atenções.

Eu sabia que Pedro tinha uma fama complicada: alto, loiro, com um charme que atraía olhares, mas extremamente arrogante e imaturo. Hoje, ele estava especialmente desagradável, com comentários e risadas provocativas que eu conseguia ouvir de onde estava. Samuel e Yuki estavam concentrados nas ondas, então ele não tinha um alvo específico para suas provocações mas logo percebi que sua atenção estava voltada para Helena.

Enquanto Pedro conversava com Helena, o tom dele parecia debochado e grosseiro. Ele fazia comentários baixos, rindo de coisas que a faziam revirar os olhos. Fiquei observando, sem querer me envolver, mas também preocupada. Logo percebi que a situação estava prestes a ficar tensa.

— Ah, Helena, você precisa se decidir. Um dia você está em um humor, no outro, está toda estranha — Pedro disse, com um tom irritado.

— E você não entende que eu posso querer um pouco de paz, Pedro? Estamos na praia, não preciso ouvir você reclamando de tudo — Helena respondeu, visivelmente frustrada.

Ele revirou os olhos, cruzando os braços e assumindo uma postura desdenhosa.

— Paz? Você sempre quer paz, como se o mundo girasse ao seu redor. Eu só tô dizendo que talvez você devesse ser mais... maleável, sabe?

Eu senti uma pontada de raiva e pena ao mesmo tempo. Era nítido que ele tratava Helena como se ela devesse algo a ele, e a maneira como ele falava mostrava um desrespeito constante. Tentei afastar o incômodo e voltei a focar nos meus amigos, mas mantive Helena no canto do olho, sem querer deixá-la completamente sozinha naquela situação.

Pedro continuou provocando-a, e ela tentou ignorá-lo, conversando com sua amiga. Mas ele insistiu, interrompendo a conversa delas e se colocando entre as duas, com um sorriso que não era nada amigável.

— Ah, agora você vai me ignorar? — Ele deu uma risada sarcástica. — Bonito isso, Helena. Parece que a senhorita perfeição tem suas falhas, afinal.

Helena suspirou, cansada. Ela parecia prestes a explodir, mas claramente tentava manter a calma.

— Pedro, me escuta. Não quero discutir. Só quero aproveitar o dia — disse ela, já com a paciência no limite.

Pedro, no entanto, ignorou completamente o pedido dela e soltou mais uma de suas provocações.

— Talvez você seja quem precisa escutar, Helena. Eu já te disse várias vezes que você age como se fosse a dona do mundo. E isso cansa, sabia?

Ela o encarou, os olhos brilhando com uma mistura de raiva e mágoa.

— E você já parou pra pensar que o mundo não gira em torno de você, Pedro? Talvez o problema seja justamente esse — rebateu ela, sem hesitar.

A tensão entre eles era palpável, e eu podia ver que outras pessoas ao redor começaram a notar o desentendimento. Tentei me concentrar na conversa com a tia Luana e o tio Leo, mas minha atenção continuava dividida, atenta ao que acontecia entre Helena e Pedro. Eu não queria interferir, mas o comportamento dele estava me incomodando.

Pedro riu de novo, dessa vez com mais desdém.

— Você realmente acha que pode falar comigo desse jeito? — Ele deu um passo para trás, como se quisesse fazer uma cena. — Sabe de uma coisa, Helena? Você é insuportável.

Helena cruzou os braços, respirando fundo para manter a calma.

— E você é egoísta, Pedro. Acho que, no fundo, você gosta de me colocar para baixo. Isso faz você se sentir melhor, não é?

Ele bufou, como se estivesse completamente desinteressado nas palavras dela.

— Ah, qual é, Helena? Vai começar com esse papo de novo? Talvez você precise de alguém mais "sensível" — ele comentou com ironia, olhando para os lados como se a discussão fosse uma grande piada para ele.

Nesse momento, Helena olhou para o lado e me viu, percebendo que eu estava acompanhando a cena. Ela deu um meio sorriso triste, como se pedisse desculpas pela confusão que ele estava causando. Eu não sabia se deveria me aproximar ou não, mas decidi manter minha distância e respeitar o espaço dela.

Depois de alguns minutos de provocações e comentários maldosos, Helena parecia exausta.

— Pedro, chega. Eu não estou mais a fim de ouvir você falando assim comigo — disse ela, firme.

Ele deu de ombros, aparentemente indiferente.

— Talvez o problema seja você, Helena. Você que nunca quer ouvir o que os outros têm a dizer.

A última provocação dele parecia ser a gota d’água. Helena pegou suas coisas e se afastou, claramente irritada, com a amiga a seguindo em silêncio. Eu observei enquanto Pedro ficava para trás, bufando e virando o rosto para o mar, como se fosse o maior injustiçado do mundo.

Respirei fundo, tentando processar a cena toda. Aquele tipo de atitude era a especialidade de Pedro: humilhar, menosprezar e fazer os outros sentirem-se menores, como se ele fosse o único com uma opinião válida. Era triste ver Helena passar por isso, mas fiquei aliviada que ela não deixava que ele a controlasse completamente.

Samuel e Yuki voltaram da água, rindo e contando sobre as ondas que tinham pego, sem nem imaginar a confusão que tinha acabado de acontecer na areia. Dei um sorriso para eles, tentando não deixar transparecer minha irritação.

— Vocês arrasaram nas ondas? — perguntei, tentando mudar o foco.

— Com certeza! — Samuel respondeu, orgulhoso. — Yuki tá cada vez melhor. Acho que vou ter que treinar ainda mais pra não ficar pra trás.

Rimos, e Yuki passou o braço pelos ombros de Samuel, trocando olhares com ele. A energia deles era tão positiva que me ajudou a esquecer Pedro e sua atitude tóxica.

Enquanto o dia continuava e a praia enchia ainda mais, eu ainda pensava em Helena e no que havia presenciado. Eu sabia que, de certa forma, ela era minha rival nos jogos, mas no fundo, sentia um misto de empatia e vontade de ajudá-la.

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1295 palavras.

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Driblando o Ódio - Muito Além De Apenas RivaisOnde histórias criam vida. Descubra agora