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LARA SALLES •

Eu estou deitada na cama novamente dando uma olhada nos desenhos que eu fazia quando era pequena, a cada um que passava me vem uma lembrança diferente. Até que me deparo com o desenho que fiz no dia que a minha tia faleceu, tem até data. Um aperto no peito acaba me atingindo, e uma mistura de arrepios com uma leve tristeza percorre sobre mim.

O desenho passa um ar doloroso e de comoção, são diversas rosas negras espalhadas pelo papel, não possuem cor, e possuem um significado profundo e excruciante, assim como foi esse dia. Levanto levemente o papel para enxergar melhor os traços, tão leves e simples, mas significativo.

"Rosas Negras são reservadas para momentos pesados, profundos e altamente emocionais"

O momento mais marcante e abalável desse dia, pode ter sido a reação de Yasmin com o que aconteceu. Nunca mais esse assunto foi tocado na minha família materna, quando era citado, o clima ficava tenso, principalmente com a expressão de Yasmin, ela ficava desconfortável.

Retiro minha mente desses pensamentos e volto a folhear a pasta com os desenhos, alguns são mais coloridos e vivos, as vezes sem pintura, dos mais elaborados aos mais simples, são diversos e divertidos de olhar, fico nostálgica sempre.

Richard está ao meu lado dormindo, não consegui dormir por isso estou aqui observando os desenhos. Esperava que o sono chegaria e eu consiga me deitar, mas falho, decido pegar alguns materiais, fico deitada de barriga pra baixo e começo a desenhar.

Quando vejo, estou finalizando uma linda borboleta, faço mais alguns traços, detalhando um pouco mais. Logo, pego alguns lápis de cor em tons de azul e começo a colorir. Quando termino eu fico admirando por um tempo, pelo visto ainda tenho boas habilidades, né?!

Coloco a data no desenho, e guardo-o na pasta. Me levanto devagar para não acordar o colombiano e vou até a cozinha em busca de uma água. Caminho pela casa tentando não fazer barulho.

— Que susto, porra! — resmunguei, em sussurro. Como podem imaginar, Yasmin acabou de aparecer de surpresa e me assustar. Que merda!

Continuo meu caminho ignorando a existência dela. No dia de hoje trocamos pouquíssimas palavras, mas ainda com tons provocativos de preferência... Uma tentando atingir a outra.

— Qual foi, hein Lala? Ficou nervosinha?! — provoca, nesse momento toda a tranquilidade que estava no meu corpo some e meu sangue ferve rapidamente por completo.

— Vai se foder — murmurei, meio baixo, e já impaciente, mas em uma altura que ela conseguisse ouvir um pouco. Chego até o bebedouro de água, procuro por um copo e encho-o pela metade.

Yasmin para ao meu lado, e senta em cima da bancada da cozinha, logo me olha de canto e engole seco. Encaro-a e tombo um pouco pro lado a cabeça, lanço um olhar provocativo e um leve sorriso sarcástico, o silêncio permanece todo esse tempo.

— Você não muda, né? — mencionei, e bebi mais um pouco da água. Logo, apoio meus braços na bancada e suspiro rápido. — Tá precisando de algo? — questiono, e levanto uma das sobrancelhas.

— Como eu disse ontem... — dá de ombros. — Não quero brigar, La...

— Olha, você que fica caçando encrenca! — interrompo-a. — Você que provoca e vem me falar que não quer brigar?! — meu tom de voz se altera levemente, mostrando minha irritação.

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⏰ Última atualização: Oct 07 ⏰

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