O Retorno

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Capítulo 1:

Na calada da noite, Vincenzo Cassano voltava para Seul após meses longe. O ar gelado da capital coreana não o incomodava; ele já estava acostumado com a frieza do mundo. Ele caminhava pelas ruas, suas botas italianas batendo firme no asfalto molhado pela chuva recente. Seus olhos escaneavam cada canto, calculando riscos, como sempre fazia. Desde a última vez que esteve em Seul, as coisas tinham mudado. Mas ele sabia que sua presença traria mais caos do que qualquer alteração que o tempo pudesse ter feito.

— essa cidade não muda — murmurou para si mesmo enquanto acendia um cigarro, soltando a fumaça lentamente.

Aos poucos, Vincenzo se aproximava do Geumga Plaza, o prédio que foi seu lar temporário e campo de batalha na guerra contra a Babel. Ele não estava ali para rever velhos conhecidos; sua volta à Coreia tinha um propósito muito mais sombrio.

[Na Geumga Plaza]

— Vincenzo voltou? — perguntou Jang Han-seo, com uma expressão assustada ao ouvir a notícia que se espalhava como pólvora.

— Sim, o lobo está de volta — respondeu Choi Myung-hee, com um sorriso perverso no rosto. — Mas desta vez, nós estamos prontos para ele. Temos novos aliados, novos truques. Ele pode ser esperto, mas todos têm um ponto fraco.

Ela sabia que a simples menção do nome de Vincenzo fazia até os mais corajosos tremerem. O advogado da máfia italiana, o consigliere, era mais do que uma lenda; ele era um pesadelo vivo para quem ousasse atravessar seu caminho.

[Enquanto isso]

Vincenzo se aproximava da entrada do prédio, seus olhos escuros capturando cada movimento suspeito. Ele sabia que estava sendo observado, mas aquilo o excitava. A adrenalina corria em suas veias como fogo.

— Chi cazzo pensano di essere questi idioti? — sussurrou para si mesmo, em italiano, enquanto jogava o cigarro no chão e esmagava com o sapato.

Assim que entrou no prédio, o silêncio tomou conta. Os moradores pararam o que estavam fazendo, suas respirações suspensas. Ele não precisava falar nada para impor sua presença.

Seo Mi-ri, que estava atrás do balcão, foi a primeira a quebrar o silêncio.

— Vincenzo... você voltou... — ela disse, surpresa, mas aliviada ao mesmo tempo.

— Sim, voltei. Mas não para ficar. Onde está Hong Cha-young? — perguntou, com sua voz rouca e grave.

Ela estava no fundo do escritório, analisando documentos como de costume. Mas quando ouviu o nome de Vincenzo, seus olhos se arregalaram e seu coração começou a bater mais rápido. Ela não estava preparada para revê-lo.

— Ela está lá dentro — respondeu Mi-ri.

Vincenzo caminhou lentamente em direção à sala, com passos calculados, e abriu a porta com um empurrão rápido. Cha-young estava de pé, em frente à janela, sua silhueta sendo iluminada pela luz fraca da rua.

— Vincenzo... — ela sussurrou, sem sequer virar-se.

Ele não disse nada no início. Apenas olhou para ela, seus olhos endurecidos pelo tempo e pela violência que o cercava.

— Tornato. — Sua voz era suave, mas carregava o peso de mil batalhas. — Eu prometi que voltaria.

Cha-young finalmente se virou, seus olhos brilhando de emoções conflitantes. Ela havia esperado por aquele momento, mas também o temia.

— Por que agora? — perguntou, sua voz falhando ligeiramente. — O que você quer desta vez?

— Não quero nada, Cha-young. Eu preciso terminar o que comecei.

Ela deu um passo à frente, a raiva começando a substituir o medo.

— Você sempre diz isso, mas nunca é só isso. Porra, Vincenzo! Você me deixou aqui, sozinha, com toda essa merda para lidar. E agora volta como se nada tivesse acontecido?

Vincenzo se aproximou, sua postura fria e calculada, mas seus olhos traíam uma emoção profunda.

— Eu não sou o homem que você pensa que eu sou. Eu voltei porque... alguém deve morrer. E você sabe muito bem quem é.

Cha-young respirou fundo, sentindo o peso de cada palavra. Ela sabia que Vincenzo não era um homem que fazia promessas vazias. Se ele estava ali, significava que algo grande estava prestes a acontecer.

— E quem é o alvo dessa vez? — perguntou ela, sua voz agora mais firme.

— Todos aqueles filhos da puta que mexeram com a minha família.

[Enquanto isso, na Babel Tower]

Jang Han-seo observava da janela, com as mãos tremendo ligeiramente. Ele sabia que Vincenzo estava de volta, e que seu irmão, Jang Jun-woo, havia feito muitos inimigos, mas o maior deles sempre seria Vincenzo Cassano.

— O que faremos? — perguntou Han-seo para Myung-hee, que estava sentada com um sorriso sinistro no rosto.

— Esperaremos. Vincenzo voltará para nos matar, mas desta vez, não será tão fácil. Tenho um trunfo. Algo que ele não espera — respondeu ela, rindo baixinho.

Han-seo olhou para ela, confuso.

— E o que seria?

— A máfia não esquece, Han-seo. E Vincenzo não é o único com conexões poderosas na Itália.

[Voltando para Geumga Plaza]

Vincenzo olhou para Cha-young uma última vez antes de virar-se em direção à porta.

— Estou indo acabar com isso, de uma vez por todas. Não tente me impedir.

— Vincenzo, espere! — Cha-young correu até ele, segurando seu braço. — Você não pode fazer isso sozinho!

— Non mi serve aiuto. Estou acostumado a fazer as coisas do meu jeito.

Ele saiu sem olhar para trás, seu corpo se fundindo às sombras da noite. O lobo solitário estava à caça novamente, e não pararia até que todos os seus inimigos estivessem enterrados.

Fim do Capítulo 1.

𝑺𝑶𝑴𝑩𝑹𝑨𝑺 𝑫𝑨 𝑱𝑼𝑺𝑻𝑰Ç𝑨: 𝑽𝒊𝒏𝒄𝒆𝒏𝒛𝒐 𝑪𝒂𝒔𝒔𝒂𝒏𝒐 Onde histórias criam vida. Descubra agora