Miranda acordou cedo no dia seguinte, sentindo uma leve estranheza no ar. A casa de campo, sempre tão acolhedora e previsível, parecia agora carregada de uma energia que ela não sabia explicar. Talvez fosse apenas o eco da noite anterior, o reflexo de sua própria tolice por seguir aquele ritual. Ela se levantou, espreguiçando-se diante da ampla janela que dava para o jardim ainda coberto de orvalho. O sol mal havia surgido, e tudo estava silencioso, exceto pelo canto distante de alguns pássaros.
Enquanto preparava seu café, a lembrança do sussurro de Andrea a perturbava. "Andrea," ela havia dito como se fosse uma prece, e embora soubesse que era apenas um jogo bobo, o som de seu próprio sussurro ainda parecia reverberar dentro de si, como se algo tivesse mudado.
Miranda sacudiu a cabeça, tentando afastar esses pensamentos tolos. _Ridículo_, ela pensou consigo mesma. Ela era Miranda Priestly, uma mulher prática, objetiva e dona de si. Não havia espaço para superstição ou sentimentalismo barato em sua vida. Andrea era apenas uma assistente — talentosa, sim, mas ainda assim apenas parte de sua equipe. Ou, ao menos, era isso que ela insistia em repetir para si mesma.
Durante o café da manhã, Miranda tentou se concentrar em suas leituras habituais, mas o nome de Andrea continuava ecoando em sua mente, como uma canção que ela não conseguia esquecer. Mesmo enquanto se ocupava com as notícias do dia e as últimas tendências da moda, cada página parecia trazer de volta alguma memória de sua jovem assistente: o brilho nos olhos dela durante as reuniões, o som suave de sua risada quando se permitia relaxar, o jeito como seus dedos se moviam rapidamente pelo teclado quando estava concentrada.
O resto do dia passou devagar, mas essa presença invisível de Andrea a acompanhava como uma sombra persistente. Miranda vagou pela casa, tentando preencher o vazio com atividades triviais. Arrumou armários, organizou livros, até saiu para uma cavalgar pelo campo. Os cavalos eram uma de suas verdadeiras paixões, se sentia em paz no meio deles, desde criança, uma paixão que herdou do pai e do avô, criadores de cavalos de corrida no interior da Inglaterra, inclusive Miranda exibe com orgulho a imensa quantidade de troféus e medalhas que ganhara em competições, mas mesmo assim em tudo o que fazia, havia uma constante: a lembrança de sua assistente, pairando sobre ela, intensificando-se a cada hora que passava.
Quando a tarde deu lugar à noite, Miranda decidiu que precisava de uma distração maior. O silêncio da casa já não a confortava. Pegou seu celular e, contra seus próprios instintos, abriu a galeria de fotos. Fotos das gêmeas, fotos de eventos... e então, sem perceber, ela deslizou até uma imagem que a fez prender a respiração. Era uma foto que Andrea havia tirado no escritório há alguns meses. Miranda estava de perfil, folheando alguns documentos, e a luz da janela iluminava suavemente seu rosto. Não era uma foto posada, mas o olhar de Andrea, capturando-a de um ângulo tão suave, tão íntimo, mexeu com Miranda de uma forma inesperada.
Entortou o bico se questionando como aquela garota teve tamanho atrevimento em clica-la num momento de distração. Mesmo sabendo que a foto fora feita a pedido de suas filhas para colocarem no cartão de aniversário que fizeram, em uma festinha íntima para a mãe.
Ela sentiu o estômago se revirar ao perceber o quanto aquela foto parecia pessoal, como se Andrea tivesse visto algo nela que ninguém mais via. De repente, o peso emocional que carregava nos últimos dias fez sentido. Miranda não podia mais negar: Andrea não era apenas sua assistente. Havia algo mais ali, algo que ela vinha tentando ignorar, mas que o sussurro do nome no ritual da noite passada havia trazido à tona.
Determinada a esquecer essa tolice, Miranda fechou o celular com um estalo e respirou fundo. Era hora de colocar as coisas em perspectiva. _Nada disso tem importância_, ela repetiu para si mesma. No entanto, a casa de campo parecia mais escura, e o eco do nome de Andrea ainda dançava nos cantos de sua mente, recusando-se a desaparecer.
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O Feitiço da Lua
FanfictionMiranda nunca acreditou em magia. Mãe dedicada e cética condenada, estava acostumada a lidar com a rotina, a lógica e as responsabilidades da vida. Até que, num dia tranquilo na casa de campo, ela encontra um antigo livro de "magia" pertencente às s...