☆A Glimmer of Hope☆

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No ano passado, fiz uma audição para o segundo filme de The Black Phone, para uma personagem terciária, mas acabaram escolhendo outra garota

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No ano passado, fiz uma audição para o segundo filme de The Black Phone, para uma personagem terciária, mas acabaram escolhendo outra garota. Sinceramente, na época, eu não me importei, mas desde então nunca achei mais nenhum teste com o qual eu me identificasse, muito menos fui convidada para um. Talvez, com as habilidades de atuação que tenho hoje, eu poderia ter passado.

Faço teatro desde criança. Já interpretei um papel no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e ainda me lembro de como foi viajar para lá para fazer a peça. Meu pai errou o caminho, e quase chegamos à Bahia. Sempre rio dessa história. Além disso, fiz muitos testes finais para papéis em teatros muito importantes no Brasil, mas sempre outra criança acabava sendo escolhida, então eu desisti.

Depois de tantos testes frustrados e oportunidades perdidas, minha vontade de atuar coeçou a desaparecer lentamente. De certa forma, eu havia aceitado que talvez minha carreira nunca decolasse como eu esperava. Eu tinha uma paixão genuína por atuar, claro, mas aquele brilho inicial, de quando eu era menor, foi se apagando com o tempo.

Bem, talvez eu só devesse aceitar ser uma adolescente normal, como qualquer outro adolescente que se preocupa com provas, amigos e até um pouco de romance. Eu sempre quis ser especial, estar em frente às câmeras, mas talvez ser normal não seja tão ruim assim. Talvez ser normal signifique ter a chance de me descobrir. Aliás, e se, no final, a atuação não me levar a nenhum lugar, além de drogas e problemas finaneiros, como aconteceu com alguns ex-atores?

Eu estava sentada no carro, olhando para a entrada da escola. O movimento das pessoas indo e vindo, a correria do dia começando... tudo parecia distante, mas de um jeito tranquilo. Respirei fundo e, por um segundo, deixei meus pensamentos vagarem. Eu não sabia exatamente o que esperava do futuro, e isso já não me incomodava tanto quanto antes.

Abri a porta e desci do carro, sentindo o ar fresco me envolver. Eu só queria viver o que estivesse diante de mim, sem pensar demais, sem me prender a ideias de como as coisas deveriam ser. Às vezes, é melhor deixar acontecer.

Meus passos eram lentos, mas firmes, enquanto eu caminhava em direção à entrada da escola. O som das risadas e das conversas ao redor me trazia de volta para o momento presente. Eu estava aqui, agora, e isso era o suficiente. As preocupações, os planos, tudo isso podia esperar. Entrei na escola, deixando os pensamentos do lado de fora. Hoje, eu só queria estar onde estava, sem complicar as coisas.

Chego na sala de História, sento em meu lugar e apenas espero a aula começar. Aos poucos, a sala, antes vazia, começa a se encher, e quando olho para o lado, vejo Miles arrastando a cadeira para trás.

Miles é meu melhor amigo desde que me mudei para cá. Costumo chamá-lo de Mills, mesmo que ele odeie. Ele foi um dos únicos que não se aproximou de mim por conta da minha nacionalidade. Quando cheguei, não era difícil notar pessoas se aproximando por curiosidade, outras porque achavam que sabiam exatamente quem eu era, por ter vindo de um país latino, ou para dizer quem eu sou agora e quem eu deveria ser. Miles sempre me escutou; ele não se preocupava de onde eu vim, muito menos em tentar dizer quem eu era. Por mais simples que fosse, ele me fazia sentir como se eu fizesse parte de onde estou.

- E aí, Let? - diz Miles enquanto se senta ao meu lado. - Qual é a boa?

- Oi, nada de bom por aqui. Mas como vai você?

- Nossa, mas já começa o dia assim? Se não teve nada de bom ainda, agora que eu cheguei, tem, né? - disse convencido.

- Ah tá, entendo.

A professora entra na sala e, sem saudações, apenas começa a aula. História é minha matéria favorita, mas os professores daqui, em comparação com os do Brasil, são péssimos em simpatizar; na verdade, eles nem tentam. As aulas foram passando, até chegar a hora de voltar para casa. Nada de muito especial aconteceu hoje, apenas números, corpo humano, gramática, entre outros.

Chego em casa e, como de costume, não há ninguém. Eu até gosto de ficar sozinha na maior parte do dia. Jogo minha mochila no sofá e estava prestes a me sentar quando o telefone tocou.

Atendi o telefone sem esperar nada de especial; talvez fosse minha mãe ou meu pai avisando algo.

- Alô? - perguntei, sem muita emoção.

- Oi, Violet? Aqui é o James, assistente do diretor de The Black Phone 2. Espero que você esteja bem. A Julie,atriz que tinha sido escolhida para o papel da Lilly,acabou desistindo, e o diretor gostaria de saber se você ainda está disponível e interessada em assumir o papel. Eles ficaram muito impressionados com sua audição anterior.

Por um segundo, eu não consegui falar. Fiquei ali, parada, tentando processar o que ele tinha acabado de dizer. Depois de tanto tempo sem acreditar que algo assim pudesse acontecer de novo... aquilo parecia surreal.

- Você está falando sério? - perguntei, sentindo minha voz trêmula.

- Sim, com certeza.

- Mas o papel no qual fiz o teste ano passado era para uma personagem terciária, acho que nem sequer tinha nome.

- É verdade, o papel para o qual você fez o teste era de uma personagem que apareceria apenas por alguns segundos. Provavelmente, essa foi uma das razões pelas quais você não foi escolhida; suas habilidades estavam possivelmente acima do necessário. Em casos assim, tentamos abrir espaço para artistas menores e em desenvolvimento. Como a atriz que estava escalada para o papel da Lilly descartou a oportunidade, imaginamos que, devido ao seu currículo e à sua audição, você é mais do que perfeita para interpretá-la.

Senti meu coração acelerar. A ideia de interpretar uma das personagens principais da trama era impressionante, mas ao mesmo tempo assustadora.

- James, eu... preciso de um momento para pensar - disse, tentando reunir meus pensamentos.

- Claro, eu entendo. Só não demore muito; a produção está avançando rápido, então precisaríamos de uma resposta o quanto antes. Mas seria uma ótima oportunidade para você.

Desliguei o telefone e fiquei parada, sentindo uma mistura de excitação e nervosismo. Aquela chance poderia ser a virada que eu esperava. Afinal, talvez não fosse hora de desistir dos meus sonhos.

Love in the Spotlight-Miguel MoraOnde histórias criam vida. Descubra agora