XXI

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Maria Vitória |

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Maria Vitória |

Eu liguei pro Rapha e pedi pra ele vim aqui em casa, preciso conversar com ele sobre tudo que eu sinto, mesmo que seja difícil.

Falar sobre o que sinto sempre foi uma luta. É como se as palavras ficassem presas, e só de pensar em tentar explicá-las, já começo a me fechar. Não é que eu não queira desabafar ou dividir o que me machuca, mas parece que o peso dessas emoções, os traumas que carrego, são difíceis demais para serem postos para fora.

Tenho medo de que, ao contar, isso seja traumatizante para quem escuta. Às vezes, parece injusto fazer com que outra pessoa carregue uma parte da minha dor, como se eu estivesse transferindo um fardo. É difícil encontrar um equilíbrio entre ser ouvida e não sobrecarregar quem está ali para mim. Então, acabo guardando tudo, como uma forma de proteger os outros, mas talvez isso me machuque ainda mais.

E ver que o olhar do Rapha, tão cheio de paixão, tão intenso, faz com que eu guarde mais ainda os meus sentimentos, pelo o medo de machucar ele.

Por não saber o que eu sinto. Por eu ser confusa em relação aos meus sentimentos.

Por que é tão difícil?

Por que?

Suspiro e sinto uma vontade imensa de chorar invadir o meu corpo. E o sentimento de cansaço tão grande, por eu não me decidir, por eu não saber o que eu quero, eu queria que tudo fosse mais fácil.

Estou deitada no sofá faz deste que eu liguei pro Rapha, vou pra cozinha e encho um copo de água até o topo.

Ouço a campanhinha tocar anunciando que Rapha chegou, bebo a metade da água e deixo o copo em cima da ilha e vou atender.

- Oi Mavi, aconteceu alguma coisa? - o olho

Ver o olhar dele cheio de preocupação, a intensidade tão grande que a vontade de chorar se instala mais ainda.

- Será que a gente pode conversar? - minha voz sai por um fio ao pronunciar a última palavra, por que eu não sei a onde essa conversa pode acabar parando

- Claro! - sorri fraco

Dou espaço pra ele entrar, fecho a porta, eu volta pra cozinha e ele vem atrás de mim.

Eu me encosto na ilha da cozinha, pego o copo e bebo mais um pouco d'água.

Quer saber, eu vou contar toda a verdade pra ele. E que se fodase.

Tinha que ser eu - Raphael VeigaOnde histórias criam vida. Descubra agora