Full Moon - Jacob Black

✣ Princesa em Perigo

Estava com tanta pressa para me livrar do meu pai, que segui direto para o banheiro, sem nem mesmo pegar minhas roupas de dormir. Decidi que um banho de banheira seria perfeito para acalmar todo e qualquer sentimento que queimasse em mim naquele momento.

Era difícil escolher entre rir ou chorar perante toda aquela situação. A verdade era que eu me sentia extremamente frustrada. Nós finalmente havíamos acabado com a ameaça constante que era Victoria. Naquele momento eu deveria estar comemorando minha liberdade, e o fim de toda aquela situação, e não lidando com mais problemas, correto?

Eu tinha total certeza que, uma vez que ela deixasse de ser uma preocupação, eu não me sentiria mais sob uma constante nuvem de tensão; como se houvesse uma lâmina afiada pendendo sobre a minha cabeça, esperando o momento certo para cortar o meu pescoço.

Meu estômago se revirou enquanto eu fechava a torneira, deixava minhas roupas caírem no chão e mergulhava, tentando buscar algum conforto na água quente.

Nem mesmo a banheira conseguiu diminuir a minha angústia naquele momento.

Edward. Ele de novo. Por que? Eu não conseguia mais entender seus motivos. Será que não havia sido clara o suficiente? O que mais eu poderia fazer ou dizer para que ele entendesse que precisava seguir em frente? Que precisava me deixar em paz.

Ainda mais agora.

Eu havia mudado. Já não era mais a mesma Bella de meses atrás. Apesar de igual fisicamente, havia algo novo dentro de mim. Coisas que nem eu mesma entendia, mas que sabia estarem conectadas com a tribo.

E o vampiro, como Jacob já havia dito inúmeras vezes, é o inimigo natural dos Quileutes.

Talvez... Talvez se ele me visse mais uma vez, após todos os acontecimentos recentes, ele pudesse finalmente entender que eu estava diferente. Talvez seu sentido aguçado compreenderia que eu não era mais uma pessoa normal, alguém que ele quisesse ao seu lado para sempre.

Querer. Será que tudo não se resumia a isso? Apenas o querer de um homem vendo algo que um dia foi dele, ser de outra pessoa? Nem sabia mais em que pensar. Seus motivos não faziam sentido há muito tempo.

De qualquer forma, eu o odiava cada dia mais. Me entregar para Charlie havia sido um golpe baixo. Baixo demais. Eu nem ao menos sabia o que faria se o visse novamente. Talvez com aqueles "dons" ainda inexplicados, eu conseguisse dar soco bem dado nele; um que de fato causasse algum dano.

Pensar em socar um vampiro me lembrou da minha mão. Charlie estava agitado demais com a fofoca das motos para notar que estava sem a tala. Eu a havia perdido em algum lugar depois de voltar a vida, e já não precisava mais dela, mas devia pelo menos fingir sentir alguma dor enquanto ele estava por perto.

Ou será que devia apenas dizer que já estava melhor?

Somente notei que o tempo havia passado quando percebi que a água ao meu redor já estava passando de morna para gelada. Passei tempo demais "de molho" enquanto estava perdida em meus devaneios. Terminei o banho rapidamente e me enrolei em minha toalha, sentindo o arrependimento por não ter pego minhas roupas bater, assim que senti o ar gelado bater em minhas pernas ao abrir a porta.

Ouvi a televisão no andar debaixo, indicando que Charlie ainda estava acordado. Andei rapidamente pelo corredor para evitar que ele me pegasse somente de toalha pela casa. Já havia sido humilhada demais nas últimas horas para adicionar mais este caso à lista.

Não via a hora de me enfiar embaixo das cobertas e terminar aquele dia que parecia não acabar nunca.

Como uma assombração, lá estava ele, imovel, sentado na poltrona do canto - que costumava ser o seu lugar favorito do quarto - me observando.