Ocho

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Hyunjin não sabia quanto tempo havia passado naquela posição, sentado no chão frio, com as pernas esticadas e o resto do corpo apoiado na porta do quarto de Felix. Ele não tinha forças para se levantar, nem sabia quantas horas ou talvez dias estava ali, sentado, esperando. O apartamento de Felix exalava tristeza e ansiedade, e o ômega se recusava a sair do quarto. Ele manteve Hyunjin afastado por tanto tempo que o alfa já não sabia quanto mais conseguiria aguentar. Apenas uma porta de madeira os separava, mas Hyunjin desejava desesperadamente abraçá-lo, consolá-lo e mimá-lo. Ele estava tão envergonhado por não ser suficiente que simplesmente se escondeu em um canto, deixando Hyunjin sozinho.

- Lixie - começou a murmurar. - Eu vou cuidar de você - Hyunjin pigarreou um pouco, pois sua garganta ardia de tanto reprimir o choro. - Quero que confie em mim. Vou fazer com que todos os dias valham a pena. Vou recuperar o tempo que perdemos e farei tudo certo, porque quero que você seja feliz - Hyunjin sabia aquelas palavras de cor, pois já as havia recitado umas cinco vezes naquele dia. Era mesmo de dia? Hyunjin não sabia. - Mesmo que não seja comigo, sempre quis que você fosse feliz - suspirou. - Mas quero ser eu a pessoa que te faça feliz. Quero te amar como você merece ser amado, por favor, confie em mim.

Hyunjin encostou a cabeça na porta, tentando conter as lágrimas. A tristeza de Felix era sua própria tristeza, e doía ainda mais o fato de que o ômega não lhe permitia vê-lo.

- Por favor, só me deixe entrar.

E novamente, silêncio.

Hyunjin suspirou mais uma vez diante da falta de resposta. Ele sabia que não poderia ficar ali sentado para sempre, mas se sentia incapaz de deixar Felix sozinho. Talvez o ômega estivesse drenando toda a energia que lhe restava. Hyunjin sabia que foi um erro não tê-lo levado ao hospital depois que ele desmaiou, mas Jisung insistiu que o melhor seria levá-lo para casa. E Felix nem mesmo permitiu que Hyunjin o examinasse ou cuidasse de seus ferimentos. Talvez ele estivesse com dor. Hyunjin tinha sido muito brusco? Toda essa situação o deixava desesperado.

O som da porta sendo aberta após a inserção da senha fez Hyunjin olhar em direção à entrada.

- Você sabe a senha? - ele ouviu. Pelo cheiro, reconheceu o irmão alfa de Felix e seu marido, Jisung.

- Não, tinha anotado para uma emergência. Lixie me deu faz um tempo e... Deus, esse lugar cheira a tristeza - queixou-se o ômega, notando Hyunjin pela primeira vez.

O alfa estava ciente de que seu estado era lamentável: pés descalços, o mesmo calção vermelho de sempre e coberto apenas por um pano que encontrou no banheiro, talvez uma toalha. Nem sabia ao certo.

- Mas o que...

Jisung largou todas as sacolas de compras sobre o balcão, alarmado com o estado deplorável de Hyunjin. Ajoelhou-se para ficar à sua altura e avaliar sua condição.

- Honnie, me passa uma garrafa de água, por favor - pediu, estendendo a mão sem desviar os olhos de Hyunjin. - Deus, Hyunjin, você não saiu daqui desde ontem?

Hyunjin balançou a cabeça, recebendo a garrafa de água, embora sentisse que não precisava dela.

- Ele ainda não quer sair? - Jisung olhou para a porta, com uma expressão de raiva. Hyunjin assentiu em resposta. - Vou preparar algo para comer. É melhor você tomar um banho e comer alguma coisa.

Jisung se afastou enquanto Hyunjin começou a beber pequenos goles de água e decidiu seguir o conselho. Levantou-se do chão pela primeira vez desde a noite anterior e foi para o banheiro.

Enquanto isso, Jisung e Minho ficaram na cozinha. O alfa iria cozinhar com a ajuda de Jisung, já que ele era péssimo na cozinha, mas costumava falar como se fizesse tudo. Minho muitas vezes ficava irritado porque Jisung levava o crédito.

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