𝐂𝐚𝐩í𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟯: 𝐄𝐧𝐭𝐫𝐞 𝐆𝐫𝐢𝐭𝐨𝐬 𝐞 𝐒𝐨𝐫𝐫𝐢𝐬𝐨𝐬

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Soraya estava sentada no sofá da sala, ao lado de Carlos Cézar, que folheava um livro de direito com uma atenção quase obsessiva. Ele fazia comentários sobre os desafios que ela enfrentaria no Senado, sempre preocupado com o sucesso de sua jovem companheira. Mas, para Soraya, suas palavras eram um borrão distante. Sua mente estava cheia de pensamentos sobre Simone.

Desde o reencontro na cafeteria, o rosto de Simone não saía de sua cabeça. Era uma lembrança constante, uma distração que ela não podia controlar. Soraya tentava agir normalmente, mas as emoções que Simone despertava em seu coração eram mais profundas do que ela estava preparada para lidar.

- Você me ouviu? - Carlos Cézar perguntou, levantando os olhos do livro.

Soraya piscou, voltando à realidade. Ele a observava, esperando uma resposta. Carlos sempre tinha sido o porto seguro dela, um homem forte, experiente e estável. Eles tinham uma relação baseada em respeito e admiração, mas Soraya sabia, no fundo, que o sentimento entre eles nunca fora exatamente amor.

- Sim, claro. Só estava pensando no trabalho... - disse ela, rapidamente, tentando disfarçar a distração.

- Você anda pensativa ultimamente - Carlos Cézar comentou, com um tom inquisitivo, mas calmo. - Algum cliente especial?

Soraya hesitou por um instante. A pergunta, embora inofensiva, fez seu coração acelerar. Ela se lembrou de Simone, e, sem perceber, um sorriso escapou de seus lábios.

- Ah, só a senadora Simone. Ela costumava ser minha cliente na cafeteria. - Soraya tentou manter o tom casual, mas o sorriso que surgiu foi sincero, quase involuntário.

Carlos Cézar observou o sorriso dela e franziu a testa, mas não disse nada. Ele sabia que Simone era importante no novo círculo de trabalho de Soraya, e isso justificava a familiaridade. Mas algo no jeito como ela sorria o incomodava, ainda que ele preferisse não explorar o assunto naquele momento.

Soraya, por sua vez, sentia-se cada vez mais dividida. Carlos era o homem com quem ela compartilhava sua vida, mas Simone... Simone era a pessoa que a fazia sentir viva de verdade. E com o tempo, isso se tornava impossível de ignorar.

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Na casa de Simone, a atmosfera estava tensa. Eduardo, seu marido, estava irritado desde o início da noite, um humor que parecia crescer a cada palavra que eles trocavam. Simone estava sentada à mesa da cozinha, mexendo em seu celular, enquanto Eduardo andava de um lado para o outro, seu tom de voz ficando mais agressivo a cada frase.

- Você não está mais aqui, Simone! - ele gritou, lançando o jornal na mesa com força. - Sempre fora, sempre ocupada com seu trabalho! O que está acontecendo com a gente?

Simone suspirou, já cansada daquela conversa que se repetia quase toda semana. A verdade é que ela também não sabia o que estava acontecendo. Seu casamento com Eduardo havia se tornado uma sequência de discussões, gritos e silêncios sufocantes. E, pior ainda, ela não conseguia parar de pensar em Soraya. A jovem havia se tornado uma presença constante em seus pensamentos, mesmo quando tentava afastá-la.

- Eu estou cansada, Eduardo. Meu trabalho no Senado não é fácil, e isso não vai mudar - Simone respondeu, sua voz controlada, tentando evitar que a discussão escalasse.

Mas Eduardo não queria ouvir desculpas. Ele se aproximou, o rosto contorcido em raiva.

- Não estou falando de trabalho! Estou falando de você agir como se eu não existisse! - Ele gritou, sua voz ecoando pelas paredes da casa. - Onde está a mulher com quem eu me casei?

Simone se levantou bruscamente, seus olhos faiscando com raiva. O comportamento agressivo de Eduardo a deixava cada vez mais confusa e frustrada. Não era só o casamento que estava desmoronando, era a própria noção de quem ela era dentro daquela relação.

- Talvez eu esteja tentando descobrir onde ela foi parar! - Simone retrucou, a voz elevada. Eduardo ficou ainda mais irritado, dando um passo à frente, invadindo o espaço pessoal dela.

- Eu não sei o que você quer, Simone! Não sei se você quer continuar nesse casamento ou se está só esperando uma desculpa para pedir o divórcio! - Ele gritou, e dessa vez, Simone recuou um passo.

O coração dela batia acelerado, mas não por medo. Era por raiva. Eduardo sempre jogava a culpa nela, como se o fracasso do relacionamento fosse exclusivamente responsabilidade dela. Simone não queria pedir o divórcio, pelo menos ainda não, mas as atitudes dele estavam minando cada vez mais o que restava de paciência.

- Eu nunca falei em divórcio! - Simone gritou de volta, com ódio na voz. - Você sempre traz isso à tona como se fosse o único desfecho possível! Você quer saber? Eu estou confusa! Sim, eu estou! Mas isso não justifica o jeito como você me trata! - Os olhos de Simone estavam cheios de lágrimas de raiva contida.

Eduardo ficou em silêncio por um momento, encarando-a com fúria nos olhos, mas sem conseguir responder. Ele estava acostumado a controlar as situações, a ser o homem no comando. E Simone nunca havia desafiado esse equilíbrio de poder. Até agora.

Sem dizer mais nada, Eduardo se afastou, saindo da cozinha com passos pesados, deixando Simone sozinha, respirando pesadamente. O som da porta do quarto batendo ecoou pela casa, selando o fim de mais uma noite cheia de gritos e ressentimentos.

Simone ficou na cozinha, as mãos tremendo de raiva. Ela sabia que o casamento estava em ruínas, mas não conseguia decidir o que fazer. Havia algo de muito errado entre ela e Eduardo, algo que talvez nunca pudesse ser consertado. Mas, ao mesmo tempo, sentia-se presa a essa vida, a esse compromisso que havia assumido.

E no meio de toda essa confusão, o pensamento de Soraya continuava a emergir, como uma chama que ela não conseguia apagar. A jovem mulher que, de alguma forma, fizera Simone questionar tudo.

Enquanto Simone subia as escadas, sabendo que dormiria sozinha naquela noite, seu coração estava dividido entre a raiva e a confusão. A vida que ela havia construído com Eduardo estava se desfazendo, e o futuro ao lado de Soraya parecia tão incerto quanto perigoso.

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Na casa de Soraya, o silêncio de Carlos Cézar após o jantar foi quase uma bênção. Ela havia percebido seu desconforto ao mencionar Simone, mas ele não insistiu no assunto. Soraya sabia que a vida que construíra com Carlos era uma fachada confortável, mas aquela fachada estava começando a desmoronar com a entrada de Simone em sua vida.

Deitada na cama, Soraya encarou o teto, pensando no que viria a seguir. Na próxima semana, estaria trabalhando no Senado, ao lado de Simone, compartilhando o mesmo espaço, respirando o mesmo ar. E, por mais que tentasse lutar contra, seu coração acelerava com essa ideia.

Carlos Cézar dormia profundamente ao lado dela, sua respiração constante e tranquila, um reflexo da estabilidade que ele sempre oferecera. Mas Soraya sabia que o que sentia por ele nunca poderia se comparar ao que começava a sentir por Simone.

O sorriso que havia escapado mais cedo ao falar o nome de Simone não fora um acidente. Soraya sabia disso. Sabia que estava se entregando a algo muito maior do que ela poderia controlar.

E no silêncio daquela noite, Soraya e Simone, cada uma em sua cama, com seus respectivos maridos ao lado ou distantes, se perguntavam quanto tempo mais poderiam manter suas vidas divididas.

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Fim do Capítulo 3

"𝐍𝐮𝐧𝐜𝐚 𝐃𝐞𝐢𝐱𝐞 𝐪𝐮𝐞 𝐬𝐞𝐮 𝐦𝐚𝐫𝐢𝐝𝐨 𝐭𝐞 𝐢𝐦𝐩𝐞ç𝐚 𝐝𝐞 𝐜𝐨𝐧𝐡𝐞𝐜𝐞𝐫 𝐨 𝐚𝐦𝐨𝐫 𝐝𝐚 𝐬𝐮𝐚 𝐯𝐢𝐝𝐚"

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Tô louca para essa fanfic começar a bombar 😭

𝐸𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑆𝑒𝑔𝑟𝑒𝑑𝑜𝑠 & 𝑃𝑜𝑑𝑒𝑟Onde histórias criam vida. Descubra agora