A investigação do assassino do escaravelho havia começado com o peso de um fracasso que a equipe da delegacia sentia em cada novo dia sem respostas. A cada nova vítima, a cidade mergulhava em mais pavor, e os olhos da população eram cravados neles, os policiais que deveriam trazer a segurança de volta. Desde o início, o caso se mostrou diferente de tudo o que tinham visto. Os corpos não eram meramente mortos, mas esculpidos, transformados em algo tão grotesco quanto fascinante. O assassino era um artista macabro, e sua assinatura – a tatuagem de um escaravelho – era a marca de um jogo psicológico que ele jogava com a polícia.
O primeiro a entender que o assassino estava comunicando algo com as cenas montadas foi o detetive Otávio, veterano com mais de 20 anos de carreira. Ele percebeu que a disposição dos corpos, as cores dos mantos, as tatuagens em locais específicos do rosto e do corpo, não eram aleatórias. Havia um padrão, uma mensagem oculta. E se houvesse uma relação entre as vítimas além do que era visível? Essa ideia o atormentava durante as longas noites de análise dos casos. No entanto, não importava o quanto cavasse nas vidas das vítimas, não conseguia encontrar a conexão. A frustração era tanta que os cigarros já não eram mais suficientes para acalmar seus nervos.
Enquanto isso, a pressão dentro da delegacia aumentava. O capitão Guedes, um homem de princípios rígidos, tentava equilibrar a política da cidade e a confiança da comunidade na força policial. As coletivas de imprensa se tornavam cada vez mais tensas. Repórteres clamavam por respostas e os cidadãos, assustados, exigiam justiça. O clima entre os policiais oscilava entre o cansaço e a esperança. Cada pista falsa, cada suspeito liberado, era uma derrota que os marcava tanto quanto o assassino marcava suas vítimas.
Quando o quarto corpo foi encontrado, o sentimento de desespero tomou conta da delegacia. A equipe sabia que algo maior estava por trás dos crimes, mas as conexões escapavam de seus dedos. A ideia de que as vítimas eram escolhidas por um propósito específico continuava a rondar a mente de Otávio. Ele e sua parceira, a jovem e determinada investigadora Raquel, revisitaram as cenas dos crimes inúmeras vezes. Raquel, recém-promovida a detetive, trazia uma nova perspectiva. Ela notou o simbolismo nas cores dos mantos e levantou a teoria de que as poses das vítimas tinham conotações espirituais ou religiosas.
Com isso, a investigação tomou um rumo mais profundo. Otávio e Raquel começaram a investigar se o assassino poderia ser um artista ou alguém com conhecimento profundo de arte e religião. Eles procuraram em arquivos antigos, tentando encontrar qualquer pessoa que pudesse ter um passado ou conexão com rituais, arte sacra, ou até mesmo tatuagens específicas como o escaravelho. Mas o assassino continuava à frente.
A equipe sabia que o tempo estava contra eles, e a cada nova vítima, o sentimento de falha se aprofundava. A sexta cena foi a mais angustiante. A pose enigmática da vítima, com os lábios sugerindo que ela tinha algo a dizer, trouxe uma tensão insuportável. Parecia que o assassino estava zombando da polícia, desafiando-os a resolver o enigma antes que ele desaparecesse para sempre.
Quando o serial killer simplesmente sumiu, a cidade começou a respirar com cautela, mas o caso deixou cicatrizes profundas na equipe de investigação. O detetive Otávio nunca conseguiu aceitar a frustração de ter chegado tão perto e falhado, e isso o levou a se afastar lentamente de sua carreira. Raquel, por outro lado, se tornou obcecada pelo caso, revendo os arquivos mesmo depois de dois anos sem novidades. Ela sabia que o assassino estava em algum lugar, e a sensação de que algo estava inacabado a atormentava.
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a arte serial
Ficción Generaluma curta história sobre um serial killer com um dom lindo, que aceita seu destino