capítulo 1

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Povo Maria Clara

O som insistente do alarme preenche o quarto, e eu acordo, ainda sonolenta. Estico o braço para silenciá-lo e, com um suspiro, me levanto. O dia parece promissor, meu primeiro dia em uma escola nova em um país novo. Decido começar com um banho rápido para espantar o sono. A água quente relaxa meus músculos, e, quando saio, me sinto renovada.

Escolho uma roupa confortável: uma calça jeans e uma camiseta oversized, perfeitas para um dia incerto. Não sei muito bem o que esperar, mas sei que preciso parecer confiante. Antes de sair, tiro uma selfie e, sem pensar muito, posto nas redes sociais com a legenda:

“Olá galera! Partiu escola!”*

Suspiro enquanto aperto "postar", sentindo um misto de ansiedade e empolgação. Pego minha mochila e coloco nas costas, conferindo o horário no relógio de pulso. Ainda tenho tempo, mas não posso demorar.

Saio de casa apressada e caminho até o ponto de ônibus. O céu está limpo, e a manhã tem um ar tranquilo, o que é estranho, considerando tudo que está acontecendo na minha vida. A música sempre foi meu escape, então coloco os fones de ouvido e escolho uma faixa animada para começar o dia com o pé direito.

Assim que fecho os olhos e a música me envolve, por um breve momento, toda a tensão de estar em um lugar novo desaparece. Por alguns minutos, parece que estou em casa de novo. No Brasil.

O som do ônibus me faz abrir os olhos e pausar a música. Guardo o celular no bolso e vejo o veículo parar bem à minha frente. As portas se abrem com um leve rangido, e eu subo, jogando um olhar rápido ao redor, procurando um lugar livre.

É aí que a vejo.

Sentada perto da janela, uma garota chama minha atenção de imediato. Seu cabelo platinado com mechas verdes é diferente de tudo que eu já vi. Ela parece completamente imersa no mundo dela, com fones de ouvido e uma jaqueta preta oversized que cobre quase todo o corpo. Há algo nos olhos dela, mesmo à distância. São de um azul penetrante, como se pudessem ver através de qualquer coisa.

— Uau... — murmuro baixinho, surpresa com o impacto que ela causa em mim.

Eu respiro fundo, tentando disfarçar o interesse repentino, e caminho até um assento algumas fileiras à frente. Tento me concentrar no que quer que toque nos meus fones, mas a imagem daquela garota misteriosa não sai da minha mente.

O ônibus segue seu caminho, e eu, sem perceber, continuo lançando olhares furtivos para ela. Ela não parece se importar com o que acontece ao seu redor, os olhos sempre focados para fora da janela. Tem algo de solitário e poderoso nela que não consigo ignorar.

Finalmente, o ônibus para em frente à escola. Levanto apressada e, enquanto saio, sinto o olhar da garota me seguir por um segundo. O coração dá um leve salto, mas quando me viro, ela já está concentrada na música novamente.

[...]

Ao pisar na escola, sou imediatamente tomada pela magnitude do prédio. É enorme, muito maior do que a escola que eu frequentava no Brasil. Estudantes passam por mim em grupos, rindo, conversando em inglês rápido demais para eu acompanhar.

Xxx: Perdida? -Uma garota de cabelo curto e castanho claro aparece ao meu lado com um sorriso acolhedor.

Clara:  Ah, sim. Um pouco, na verdade. — Eu dou uma risada nervosa. — Primeiro dia aqui. Eu sou Maria Clara, acabei de chegar do Brasil.

Alice: Que legal! Meu nome é Alice. — Ela sorri, andando ao meu lado.

Alice: Primeiro dia é sempre complicado, ainda mais vindo de outro país. Não deve ser fácil!
Clara:  É, tá sendo um pouco assustador... Mas estou tentando me acostumar. — Admito, aliviada por encontrar alguém simpática logo de cara.

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