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CIRENE

Espero pacientemente até que todo o castelo esteja em silêncio, pego minha capa e coloco indo em direção a porta do quarto, antes de sair pego minha lança está de noite e obviamente vai ter animais na floresta.

Agradeço aos deuses mentalmente por não fazer nenhum barulho, saiu com cuidado descendo as escadas em direção ao andar de baixo do castelo.

Eu aprendi a muito tempo como me mover sem ser notada, e rapidamente chego na entrada de serviços do castelo, passo por ela e adentro a noite profunda, com todo o cuidado possível eu chego ao portão norte, uma das muitas saídas da nossa fortaleza e a menos protegida.

Corro em direção a floresta sabendo muito bem onde encontrar minha mãe, ela e meu pai ficaram juntos durante algum tempo mas ele queria prende-la e ninguém prende uma ninfa principalmente se essa ninfa for a Clídanope.

Assim que entro na tão familiar floresta sinto meu corpo relaxar, aqui eu não preciso fingir apenas sou eu as flores e folhas os frutos o pequeno barulho do rio a distância, esse é o meu lar.

Percorrendo o caminho que já fiz mil vezes eu chego até a gruta onde minha mãe mora com outras naiades, entro na caverna iluminada apenas pela luz da lua.

─Mãe, sou eu Cirene ─ Eu grito dentro da caverna ─Preciso falar com você e é urgente.

Mas não ouso nada nenhum tipo de resposta, minha mãe se afastou quando eu era jovem, mas nossa relação nunca mudou muito mesmo distante ela ainda é melhor que meu pai.

Me viro pra ir embora mas então sinto uma mão em meu ombro, me viro rapidamente preparada pra socar quem quer que seja, mas então vejo o rosto gentil de minha mãe.

─Cirene querida ─Ela me abraça e não me solta até que eu comece a me debater ─Senti muito a sua falta, você não vem aqui já tem alguns dias, aconteceu alguma coisa?

Observo minha mãe, seu lindo rosto em forma de coração olhos grandes a pele negra brilha mesmo no escuro da caverna, o longo cabelo cacheado está preso em um coque ela tem a aparência de uma mulher de trinta anos, por ser uma ninfa ela envelhece devagar mesmo já tendo quase  cinquenta anos.

─Hipseu quer que eu me case  com o príncipe Andreas ─ Eu falo baixo, sinto lágrimas nos meus olhos mas me mantenho firme me recuso a chorar.

─Andreas? O príncipe de Rodes, em toda a Grécia tem rumores da crueldade dele, Hipseu deve ter enlouquecido, mas ele sempre foi assim ignorando as necessidades e felicidade da família em troca de poder e mérito ─ Mamãe coloca as mãos no rosto e começa a andar pela gruta, provavelmente pensando no que fazer.

Eu me sento perto do pequeno lago no meio da gruta, minha mãe mora aqui com outras naiades, quando elas estão todas juntas a gruta parece mágica, agora está vazia não sei onde elas estão.

─Como ele era? quando vocês se conheceram ─ Eu pergunto para minha mãe que ainda está andando de um lado pro outro.

Ela finalmente para e senta numa pedra próxima seu rosto parece triste e cansado.

─Alto, bonito, charmoso, mas eu me apaixonei de verdade por sua gentileza, achei que tinha encontrado o homem da minha vida ─ Ela fala melancólica ─Mas aí começou a mudança, tinhamos quatro lindas filhas e ele só se preocupava com o tamanho de minhas roupas ou  com o tempo que eu passava em lagos, ele odiava que eu amasse a água, eu sou uma náiade a água faz parte de mim, ele queria que eu fosse apenas um troféu ficasse parada e calada ao lado dele ele queria que eu me mudasse, e eu queria agrada-lo então parei de sair não ia aos bailes ou a lagoa usava roupas mais comportadas não dançava apenas ficava ao lado dele, minha vida se reduziu a agradar Hipseu, eu não podia Cirene estava cansada por isso fui embora.

Ela faz uma pausa enxugando as lágrimas e então continua.

─Eu não queria deixar vocês, por isso me mudei pra essa gruta próxima, achei que conseguiria proteger vocês ─ Uma lágrima desce por seu lindo rosto ─Mas eu não consigo querida, me perdoe eu sinto muito.

Ela chora descontroladamente, e eu levanto a abraçando, não gosto de ver ela assim gosta da ninfa alegre que faz tranças no meu cabelo e me conta histórias sobre suas aventuras com os Deuses, gosto de ver ela feliz.

─Mandarei uma carta pro seu pai, vou pedir que ele me encontre e vou conversar com ele, vou fazer o possível e o impossível querida ─ Ela fala enquanto ajeita meu cabelo ─Agora vá antes que notem a sua saída, eu te amo.

─Obrigada mãe, eu também te amo ─ Dou um último abraço nela e me viro, pego minha lança e caminho em direção a saída.

Ando devagar não quero ir pra casa, ouço um barulho de ovelhas e lembro do pequeno estábulo que meu pai mantém nessa parte da floresta.

Ele diz que aqui as ovelhas se criam melhor, mas eu sei que ele só quer um motivo pra tentar ver minha mãe e a insultar ou tentar reconquistar ela, ele nunca se decide, e age como se ela fosse uma desgraçada egoísta.

Paro do lado do estábulo e subo em cima do baixo telhado, a maioria das ovelhas está dormindo, então é calmo.

Fecho os olhos e aguço os ouvidos, o som da madrugada na floresta é maravilhoso, ouço pequenos animais, o uivo de lobos longe, o lindo e gigantesco riacho, também escuto risonhos e corridas e sei que são as dríades ninfas das arvores.

Eu amo esse lugar e poderia passar o resto da minha vida aqui.

Mas então escuto o barulho de um grande galho se quebrando seguido por um rosnado alto, as ovelhas acordam e começam a fazer barulho.

Abro os olhos e sinto todo o meu corpo paralisar, vendo um enorme leão parado na frente do estábulo encarando as pobres e pequenas ovelhas.

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Eu espero que tenham gostado, não se esqueçam de votar e peço desculpas por qualquer erro ortográfico 💋

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⏰ Última atualização: Oct 25 ⏰

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