2. chuva quente.

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Eu e meu melhor amigo, Michel estávamos voltando da festa da Bruna e na última vez que chequei o horário antes do meu celular descarregar eram duas e meia da manhã. Estávamos voltando com a mãe da nossa amiga que era a única que morava perto da gente, nossos pais eram fazendeiros e morávamos na área de chácaras da cidade, bem afastado e com estrada de terra, nem o correio conseguia chegar lá.

Ela parou o carro na subida que dava para as nossas casas e perguntou se não queria mesmo que ela levasse a gente até em casa, falamos que não e descemos, a gente estava tão acabado e cansados que fomos caminhando sem falar nada, até começarmos a sentir a chuva começar a cair e andamos um pouco mais rápido, quando chegamos no portão da casa do Michel já estávamos encharcados, porém não ligamos pois tínhamos aproveitado bastante. Me despedi do meu amigo e continuei andando até a minha que era mais pra frente.

A chuva piorou e alguns trovões começaram a fazer barulho, a estrada estava totalmente escura, pensei em voltar pra casa do Michel mas seria mais fácil bater na casa mais próxima do que voltar pra trás. Eu morava ali desde que nasci então conhecia todo mundo. Reconheci a chácara do Senhor Miguel que era um senhor bem simpático porém bem velho desde eu era criança, como o portão era baixo e a cerca de madeira, eu passei por baixo me sujando um pouco de lama e grama, a luz da varanda estava acessa e quando cheguei lá e me abriguei da chuva já foi um alívio. 

Meu celular estava morto e eu comecei a tremer de frio, a chuva só pareceu aumentar, tive que reunir coragem e bati na porta. Nada. Bati de novo mais forte e quando estava prestes a bater pela terceira vez a porta se abriu. Mas não foi o Senhor Miguel que eu vi, foi um menino totalmente diferente, de cabelo preto bem denso, olhos bem escuros e um corpo que Deus, chamava muita atenção. Estava só de calça jeans e parecia cansado, estava totalmente vermelho como se tivesse corrido, pois mais que sua pele fosse bem bronzeada, quase vermelha.

- Ah, hm, oi. Desculpa o horário, é que cheguei agora, meu celular descarregou, eu moro aqui no final da estrada... - Comecei a explicar e vi que eu estava soando totalmente nervoso e confuso pois ele me olhava com uma expressão fechada e de cima a baixo. Terminei de falar e vi que ainda tremia de frio, ele me olhou com a mesma expressão de bravo e abriu mais a porta, indicando pra eu entrar. Tirei o sapato e a meia pra não sujar a casa dele e entrei. Estava incrivelmente quente lá dentro e isso me deu uma sensação de conforto enorme. Vi que o menino ainda me olhava, ali parado.

- O Senhor Miguel não vai se importar?

- Ele tá lá fora consertando o telhado do estabulo dos cavalos que caiu com a chuva. - A voz dele era grossa e séria, parecia que ocupava toda a sala. Fiquei até sem jeito de falar novamente.

- Hm. Ok, mas eu posso usar o telefone? Pra ligar pros meus pais, eles devem estar preocupados.

- Não tem linha.

- Pode me emprestar seu celular?

- Não tenho. - Achei estranho, mas aí eu pensei que eu era um garoto estranho entrando na casa dele de madrugada durante uma tempestade. Ele deveria estar cansado ou ajudando o pai, tio, sei lá. - Mas eu tenho roupa. Você tá manchando o chão.

Eu olhei para baixo e realmente, minha roupa pingava no chão de madeira, fazendo uma bagunça. - Desculpa.

- Deixa, vem. - Ele se virou e foi andando pelo corredor escuro, resolvi seguir. A silhueta dele não sumia na escuridão e parecia até ser maior do que antes. Ele me levou até o quarto dos fundos onde finalmente acendeu uma luz e eu pude ver que era um quarto bem simples, só com um guarda roupa e uma cama de madeira. - Tem coisa minha aqui, ainda. Deve servir em você.

Eu duvidei, pois ele era com certeza maior e mais musculoso do que eu. E realmente, ficou tudo bem largo, me troquei e coloquei minhas roupas no canto do quarto, ele disse que iria lá fora ver como o pai estava e eu fiquei esperando.

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⏰ Última atualização: Oct 31 ⏰

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