8

19 9 12
                                    

O advogado não dá sinal de vida. Fiquei grudada no meu celular, esperando alguma notícia dele, mas nada chegou. Bruno está na cozinha fazendo algo para jantar, pelo cheiro, é sopa daquelas instantâneas que só precisam de água e o pozinho saboroso. Cruzando os braços, observo o matagal à frente, logo atrás da cerca. Massageio as têmporas, tentando não surtar. Não contei a Elliot que Bruno está aqui; seria só mais um motivo para ele perder a cabeça, especialmente quando mencionei que o advogado não apareceu. Isso significa mais um dia aqui com um homem desconhecido.

— Vem tomar sopa, tá frio. Se ficar aí fora, vai pegar resfriado — Bruno diz, apontando para a panela que exala um aroma delicioso de cebola caramelizada e ervas.

— É a sua janta — respondo, fechando a porta atrás de mim e encostando-me nela.

— Você dividiu seu café da manhã comigo — ele dá de ombros — então é minha vez de dividir e agradecer por ter saído comigo pra procurar pistas sobre o meu irmão e ainda me deixar ficar aqui de graça. Os hotéis dessa cidade cobram um absurdo.

Ele sorri, eu sei que ele tem razão; realmente cobram caro, já que qualquer pessoa vinda de fora paga uma fortuna para ficar perto do lago, uma das belezas turísticas desse interior.

— Obrigada — digo, caminhando até a panela. Pego uma louça funda e sirvo duas conchas de creme amarelado, repletas de pedaços de cenoura, coentro, milho e cebola.

— Esse lugar é bem tranquilo. O que te faz não querer essa cabana? — Bruno pergunta, puxando a cadeira e se sentando à mesa.

— Traumas — respondo, assoprando a sopa antes de levar à boca.

— Sinto muito — Bruno suspira, parecendo genuinamente preocupado.

— Tudo bem, estou aprendendo a superar — dou de ombros e continuo tomando minha sopa, tentando ignorar as lembranças.

— Você pensa em vendê-la? — Bruno pergunta, com um brilho de interesse nos olhos.

— Eu penso em deixar com a minha irmã. Seria mais justo, já que ela cuidou da nossa mãe — umedeço os lábios, lembrando da responsabilidade que ela assumiu.

— Sua mãe não deixou pra ela, mesmo cuidando dela? Que bizarro! — Bruno franze a testa, indignado. — Às vezes, a ingratidão dos pais é impressionante.

— Exatamente. Eu sempre mandava os remédios pra minha mãe. O que ela dizia? Que preferia morrer a tomar os remédios que eu estava enviando. Pedi pra minha irmã não dizer que era eu quem tava mandando, assim ela tomava e ficava bem... mas acabou falecendo.

— Você e sua irmã se sacrificaram pra cuidar dela — Bruno me olha com seriedade. — Mas o que é muito estranho é ela deixar tudo pra você, já que não queria os seus remédios.

— Talvez ela soubesse que minha irmã tava dando festinhas aqui. Isso acabaria com o lar onde cresceu e morreu — afasto o prato quente, sentindo um nó no estômago. — Sabe, é realmente muito bizarro esse negócio da minha irmã dar festas e minha mãe deixar a cabana pra mim. São coisas que eu simplesmente não consigo entender, Bruno.

— Eu não consigo imaginar como você se sente mal por isso, e ainda assim está me ajudando com meu irmão — Bruno diz, levando a mão dele à minha, acariciando levemente.

— Obrigada — respondo, tocando as costas da mão dele com a ponta do dedo, enquanto ele faz o mesmo com a minha. Bruno encara nossa conexão e sorri, um sorriso que parece trazer um pouco de conforto.

Afastamos as mãos e terminamos de tomar nossa sopa. O som da chuva começa a ecoar novamente, eu sei que a lama vai ficar ainda pior do que ontem. Enquanto Bruno lava a louça, eu me encarrego de secar. Meu celular começa a vibrar em cima da mesa; olho rapidamente para ver de quem se trata e vejo que é Elliot. Decido ignorar a chamada e continuo secando a louça, guardando tudo no lugar. Preciso admitir que, apesar das festas, minha irmã mantém a cabana organizada.

O celular para de vibrar, então pego-o e coloco no modo silencioso. Não estou muito à vontade para conversar agora, sei que Elliot iria estranhar meu comportamento e isso me faria chorar. Tudo o que eu menos quero neste momento é me deixar levar pelas lágrimas por causa das coisas que minha mãe fez. Caminho para a sala e me deixo afundar no sofá, aproveitando o conforto acolhedor. Bruno se junta a mim, sentando ao meu lado e suspirando fundo, também afundando no sofá. O silêncio entre nós é confortável, como um abrigo temporário das tempestades lá fora e dentro de mim.

Sinto a mão de Bruno tocar levemente a minha, um toque suave que provoca uma onda de calor. Viro a cabeça para o lado e o encaro, sem conseguir esconder a confusão que sinto. Ele também me observa e ficamos assim, trocando olhares por um tempo, até que ele envolve sua mão no meu pescoço e me puxa suavemente em direção à sua boca. Nossos lábios se encontram; a boca de Bruno está entreaberta, eu aproveito a oportunidade para passar minha língua delicadamente para dentro da boca dele, encontrando sua língua quente.

Ele retribui, deslizando a língua para dentro da minha boca, e continuamos nessa troca deliciosa. Sinto uma onda de coragem me invadir e subo em cima dele, envolvendo minhas pernas ao redor do seu corpo. Bruno me aperta contra ele, como se quisesse se certificar de que eu não poderia escapar. A necessidade de nos conectarmos mais intensamente cresce entre nós. Ele aperta um pouco mais meu pescoço, um gemido involuntário escapa dos meus lábios enquanto devoro os dele, buscando uma conexão ainda mais profunda.

A fragilidade que me acompanhava vai embora, tudo o que aconteceu naquela cabana parece ter desaparecido em meio ao calor do momento. Nos separamos com os lábios ofegantes, buscando ar como se tivéssemos acabado de emergir da água. Bruno desliza a mão por dentro da minha blusa, tocando meu seio nu. A blusa de manga longa que estou usando é um pouco solta, permitindo que sua mão se encaixe perfeitamente na minha carne. Sinto uma mistura de nervosismo e desejo enquanto nossos olhares se cruzam novamente, agora carregados de intensidade.

— Eu deveria estar fazendo isso? — Bruno murmura, a voz baixa e hesitante.

— Não, nem eu — fecho os olhos, tentando processar o que está acontecendo.

— Minha atração por você falou mais alto — ele deita a cabeça para trás e solta um sorriso descontraído, como se tentasse aliviar a tensão entre nós.

— Você tá se sentindo atraído por mim? — deslizo o dedo pelo seu braço, observando como sua pele se arrepia sob meu toque.

— Desde que te vi ontem dentro daquela cabana — Bruno volta a me olhar, seus olhos brilhando. — Você é tão linda...

— E você só pode estar numa seca fodida — reviro os olhos, mas não consigo conter a risada que escapa dos meus lábios.

— Desculpa aí, senhorita sexualmente ativa — Bruno debocha, um sorriso travesso se formando em seu rosto.

— Se eu não estivesse aqui agora, certamente estaria transando com meu noivo — dou de ombros, tentando manter a leveza da conversa.

— Ele é sortudo — Bruno umedece os lábios, sua expressão mudando ligeiramente.

— Você também — digo, segurando seu rosto com as duas mãos e lhe dando um selinho demorado, saboreando o momento.

— Por quê? — Bruno pergunta, mordendo o lábio inferior com curiosidade.

— Porque você vai comer minha boceta agora — me esfrego contra a ereção dele, sentindo a eletricidade no ar.

— Camila...

— Shh, só me fode com força.

Sozinha Onde histórias criam vida. Descubra agora