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Elliot

Quando conheci Camila, percebi um brilho intenso em seus olhos, mas não era um brilho de felicidade. Era algo mais profundo, que exalava fúria, vingança e traumas não resolvidos. Camila era dura como uma pedra, um verdadeiro enigma que estava determinado a desvendar. Ela me dava fora algumas vezes, mas isso não me desanimou. Logo descobri que seu ex-namorado a trocou por sua melhor amiga e que, naquele momento, ela não estava disposta a se entregar a ninguém. Mesmo assim, eu a queria tanto que insisti. Fazendo questão de mostrar que não iria deixá-la escorregar entre meus dedos como se fosse areia da praia. Cada tentativa de afastamento dela só me tornava mais determinado. A conexão entre nós era inegável.

Conforme fui conhecendo Camila, percebi que havia um ódio profundo enraizado em seu coração. Ela nutria um desprezo mortal por sua mãe e irmã, uma raiva que parecia consumir cada parte dela. Sua mãe era uma narcisista fria, capaz de arruinar a vida da própria filha enquanto colocava a irmã em um pedestal, ignorando completamente o sofrimento de Camila. Cada história que ela compartilhava despertava em mim uma indignação crescente contra aquelas duas.

Eu estava disposto a fazer qualquer coisa por ela, qualquer coisa mesmo. Agora, aqui estou eu, parado diante de um desgraçado que achou que poderia enfiar o pau na minha mulher. Movi montanhas para que minha noiva tivesse tudo o que sempre desejou e agora a vejo finalmente conquistando isso. Não sinto remorso ao vê-la destruindo aqueles que a feriram; na verdade, sinto uma satisfação sombria. Ela foi destruída primeiro e agora é hora de reverter esse jogo.

— O que vocês estão fazendo? Eu só quero meu irmão! — Bruno grita, entre gemidos de dor pela testa ensanguentada.

— Queria procurar seu irmão no meio das pernas da minha mulher? — eu rio desdenhosamente. Acabaria com ele nesse momento se não fosse por Camila. Tenho certeza de que ela quer bater um papo com esse idiota ainda.

— Por favor, eu peço desculpas por ter tentado algo — ele murmura, a voz trêmula. — Só me diz se meu irmão está vivo.

— Certamente não. — Pego a carteira de cigarros e tiro um, acendendo-o com ele entre os lábios.

— O que vocês fizeram com ele? — Ele se balança na cadeira, tentando se soltar das amarras.

— Minha garota deve ter se divertido o suficiente — dou de ombros. — A vida dela nunca é fácil, porra, aqueles malditos olhos carregavam dor e agora ela só tá fazendo o que chamo de justiça.

Justiça? — Bruno exclama. — Vocês mataram uma pessoa.

— Eu nunca matei ninguém. — Levo a mão ao peito, como se quisesse me defender de um ataque. — Apenas assisti e ajudei a enterrar, minhas mãos estão limpas.

— Isso é algum tipo de jogo? Por que estão fazendo essa merda? Meu irmão não tinha nada a ver com isso! — Bruno grita.

— Testemunhas atrapalham as coisas — diz minha mulher, que está atrás de mim. — E o que eu não quero aqui são testemunhas. Eu sou a porra da vítima e vou continuar sendo assim.

— Camila... confiei em você pra encontrar meu irmão — Bruno a olha com decepção e eu sorrio. — Você parecia tão perdida quanto eu, me senti até mal por você não saber das coisas que sua irmã fazia, mas na verdade, era tudo uma farsa.

— Porra, se você tivesse sido mais esperto antes... tsc tsc tsc. — Camila acaricia o rosto dele. — Você é até gostosinho, mas é muito burro.

— Ei! — encaro-a. — Nada de elogios assim.

— O que foi, amor? — Camila vem na minha direção, com o lábio inferior entre os dentes. — Você tá com ciúme?

— Talvez eu esteja...

— E se eu te der um pouco disso? — Camila desliza a mão entre as pernas, solto um suspiro pesado, não conseguindo controlar a excitação que toma conta de mim.

— Me tira daqui! Vocês mataram uma pessoa que não tinha nada a ver com a merda da sua vida cheia de traumas — Bruno grita, a raiva transbordando em suas palavras. — Ninguém tem culpa se sua mãe te odiava. É compreensível que ela nunca tenha gostado de uma vadia fútil igual a você!

Com um movimento rápido, acerto um soco no rosto de Bruno, fazendo-o cair junto com a cadeira, que se choca contra o chão. Subo por cima dele, envolvo seu pescoço com minhas mãos e aperto firme, batendo sua cabeça contra o chão, intensificando o sangramento em sua testa.

— Nunca mais fale com a minha mulher desse jeito, você entendeu? — observo seus olhos revirarem enquanto ele sufoca sob meu toque agressivo. — Seu merda, eu deveria desmembrar você igual ao merdinha do seu irmão. Você vai se arrepender de falar assim com a minha esposa.

— Elliot, chega! — Camila ordena, mas a raiva que sinto transforma o ato de apertar o pescoço daquele desgraçado em uma espécie de diversão. — Elliot, eu disse já chega!

Levanto rapidamente de cima do babaca, ele tosse enquanto tenta recuperar o fôlego. Passo a mão pelos cabelos e encaro Camila, que está parada atrás de mim.

— Por que não deixou eu matar esse desgraçado? — pergunto, insatisfeito com o pedido dela para que eu parasse.

— A gente precisa de uma isca.

— Alice já não é o suficiente? — questiono, cruzando os braços sobre o peito.

— Certamente não — Camila suspira e pega o celular no bolso da calça. — O advogado tá a caminho. Leva esse idiota pro porão e amarra ele.

— Pode deixar, querida — respondo com um sorriso, como seu cachorrinho adestrado.

— Você ganhará uma boa recompensa — ela diz, piscando e exibindo um sorriso travesso.

Apago novamente o babaca jogado na cadeira e arrasto-o até o porão, onde vejo Alice desacordada. Ela permanece no mesmo lugar onde Camila a deixou há muito tempo. Encosto Bruno na parede, batendo suas costas com força contra a superfície fria e dura. Agarro suas mãos e as amarro em madeiras que fazem parte do teto e do chão lá de cima.

— O show vai começar — digo, abaixo ao lado de Alice, enquanto me apoio nos calcanhares. — Sabe... apesar de estar sujinha, você é bem gostosa. Se eu não estivesse trepando com a sua irmã, eu até te daria esse privilégio — acaricio o rosto dela com o polegar. — Mas não há ninguém melhor que a sua irmã na cama. Na época da faculdade, transei com algumas vadias, mas a sua irmã foi a mais gostosa que eu já comi na vida. Mas porra... você amarrada assim, tão vulnerável, me excita pra caralho, Alice.

Ela abre os olhos lentamente, tentando me enxergar entre os cílios. Sorrio enquanto a observo, a tonalidade da pele dela é como a de Camila, um marrom médio surreal. Apesar de estar coberta de sujeira, a pele dela se destaca: lisa e limpa sem acne ou espinhas.

— Você quer falar? — pergunto, mordendo o lábio inferior. Ela assente várias vezes que sim. Olho para as escadas, preocupado se Camila vai descer, e tiro a amarra da boca de Alice.

— Elliot, por favor... — ela pede em um sussurro, seu lábio inferior marcado por uma cicatriz. Isso me lembra da briga entre ela e Camila, quando Alice tentou escapar, minha mulher arremessou a garota contra uma cerca de arame farpado e o único dano foi nos lábios dela. Vadia sortuda.

— Oh, querida — deslizo o dedo sobre a cicatriz — se você tivesse me conhecido antes da sua irmã, eu até te ajudaria.

— Por favor, me tira daqui. A Camila vai me matar — as lágrimas dançam sobre as bochechas sujas dela. — Eu só queria ajudar ela a ficar bem com a nossa mãe, eu não queria causar nenhum problema na vida dela.

— Mas você causou e agora pagará por isso — coloco novamente as amarras na boca dela e subo as escadas até encontrar Camila na sala com o advogado. Ele está sentado no sofá tomando café.

— Senhor Ottoni, esse é meu marido: Elliot Gurgel — Camila aponta para mim enquanto bebe na xícara.

— É um prazer, senhor Gurgel.

— O prazer é todo meu — respondo com um sorriso enquanto olho para minha esposa.

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⏰ Última atualização: 4 days ago ⏰

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