01 - blood sharing

14 4 2
                                    

Eu conseguia sentir as gotículas do suor que transpiravam da minha pele se formarem e derraparem até chegar o pano que cobria minha cama, que até então, já estava úmido juntamente com meu travesseiro e a coberta que estava sob mim.

A mordida no meu ombro ardia, era como se estivesse passando álcool cem por cento repetitivamente em uma ferida comum, porém, era dez vezes mais dolorido. Eu sentia ela aumentando a cada minuto que se passava, aquilo era torturante. Era meu aniversário, aquilo não era nem um pouco justo.

Eu escutei passos vindo até meu quarto, pensei que fosse minha mãe ou Matt, até que após um esforço, senti um cheiro de perfume masculino, mas não era o que Matt usava. Então quem usava o perfume exalante apareceu na porta de meu quarto.

Era ele. Klaus.

Eu engoli seco ao ver o mais velho adentrar o cômodo que eu habitava. Sim, eu sabia que o sangue dele era a única cura, mas não sabia que ele mesmo iria me entregar.

– Você veio me matar? — Perguntei.

— No seu aniversário? Acha que sou tão baixo assim? — Ele disse arqueando as sobrancelhas e observando rápido o meu estado.

— Acho. — Falei sem pensar duas vezes.

Sem dizer uma única palavra, Klaus se aproxima de mim, movendo o lençol que cobria meu ombro e deixando a mostra a ferida que se espalhava pelo meu corpo, me fazendo fechar os olhos e suspirar.

— Ah… Tá feio. — Ele diz quase num sussuro. — Me desculpe, você é o que chamamos de danos colaterais, não é nada pessoal. — Ele troca o olhar para a pulseira prata habitada em meu pulso que Tyler me entregou como presente de aniversário, brincando com o pequeno berloque que acompanhava o acessório.

— Eu adoro aniversários. —

— É, você não tem mais de um bilhão de anos? —

— Você tem que ajustar a percepção de tempo quando vira vampira Caroline. Se lembrar ao fato de que você não tá mais ligada a convenções humanas. Você tá livre. —

— Não, eu tô morrendo. —

Ele apoia as mãos na cama enquanto se senta, sem tirar seus olhos dos meus.

— Eu posso deixar você… morrer, se é o que você quer. Se acreditar que a sua existência, não faz nenhum sentido. Eu já pensei nisso uma ou duas vezes durante esse tempo, verdade seja dita. — Ele se aproximava mais de mim, continuando com aquele maldito contato visual que me fazia revirar o estômago. — Mas eu vou contar um segredo pra você. Tem um mundo gigante esperando por você. Grandes cidades, música… — Ele diz mexendo em minha pulseira novamente. Eu sentia meus olhos arderem e se afundarem na poça de lágrimas que havia se formado. — …Beleza, genuína. Você pode ter mais de mil aniversários, você só precisa pedir. — Ele me encarava com um sorriso leve e eu percebia as pequenas gotas de lágrimas que também haviam se formado em seus olhos.

— Eu não quero morrer. — falo com dificuldade.

O loiro puxa as mangas da jaqueta com uma mão até chegar em seu cotovelo, colocando a outra mão na parte de trás da minha cabeça e levantando-a, posicionando-a em seu colo com cuidado, me mostrando seu pulso branco, com alguns pelos loiros espalhados e repleto de veias saltadas.

— Tá aqui querida, sirva-se. —

Em alguns segundos, eu coloco as duas mãos em seu braço e apertando com força, logo em seguida, afundo meus dentes na sua carne, sentindo o gosto metálico inundar minha boca, me fazendo gemer baixo.

— Feliz aniversário, Caroline. — Ele diz enquanto acaricia meu cabelo e o coloca para trás, acredito que para não atrapalhar o compartilhamento de sangue.

Depois de alguns segundos, eu retiro as presas de seu pulso, observando os furos se cicatrizarem rapidamente, ao contrário da mordida em meu ombro, que demorava algumas horas para estar cem por cento cicatrizada. Eu não estava mais a beira da morte.

Eu limpo minha boca com a língua e mordo os lábios em seguida, virando a cabeça para encarar o mais velho.

— Obrigada. — falo um pouco envergonhada, quebrando o toque físico que havia entre nós dois e me afastando dele, apoiando minha cabeça no travesseiro, ainda o encarando.

Ele sorri olhando para baixo, se levantando logo em seguida e se virando para a saída do meu quarto. Eu escuto a porta da sala abrir e se fechar logo em seguida, ele realmente havia ido.

No dia seguinte eu acordei, com a ferida já completamente sarada, me fazendo sentir um alívio no peito. Eu percebi uma caixa preta fina e longa, envolvida em veludo ao meu lado, o que me despertou curiosidade. Eu abri e era uma pulseira prateada, com diamantes cravados em uma espécie de “laço” que formava a pulseira. A luz do sol refletia contra ela, eu também percebi um pequeno papel ao lado da pulseira.

“Klaus.”

Klaus. Ele havia me presenteado com a pulseira, e era simplesmente uma das ou a jóia mais delicada e estonteante que eu já havia visto.

Klaus pode ser um sociopata impulsivo e vingativo, mas ele tinha um bom gosto do caramba.

𝗠𝗢𝗥𝗗𝗜𝗗𝗔 - 𝗞𝗖Onde histórias criam vida. Descubra agora