"Misericordioso,
Senhor Jesus
Conceda-lhe a
paz eterna
Conceda-lhe
a paz eterna..."
— Lacrimosa, MozartÉDEN KRAUMASS
Da janela do meu quarto no alto da casa Elfman, eu observava o jardim com olhos cansados. As flores coloridas dançavam suavemente com a brisa, enquanto os pacientes caminhavam devagar entre os canteiros. Cada rosto carregava uma história de dor e esperança, uma batalha interna que eu conhecia tão bem.
Eu me sentia como uma observadora solitária, separada por essa fina barreira de vidro que me mantinha distante daquele mundo lá embaixo. Através da janela, eu encontrava um vislumbre de liberdade e renovação, uma lembrança de que, mesmo na escuridão, a beleza ainda existia. E ali, naquele momento, eu encontrava um pequeno consolo para a minha própria jornada de cura e destruição.
Havia um vazio infinito dentro de mim, um vazio que parecia consumir tudo ao meu redor e nem mesmo Jesus Cristo parecia suficiente para preenchê-lo. A solidão era minha única companhia, envolvendo-me como uma névoa densa. Cada passo que eu dava me afastava ainda mais da conexão humana, deixando-me perdida em um mar de pensamentos solitários.
Eu ansiava por alguém que pudesse entender a dor que carregava, alguém que pudesse preencher o vazio em meu coração. Mas, por enquanto, eu continuava caminhando sozinha nesta jornada incerta, lutando contra a escuridão que ameaçava me engolir.
Eu não tinha uma alma imaculada, uma pureza angelical e primordial, então não parecia certo, esperar alguém preencher algo dentro de mim. Algo que eu mesma poderia preencher.E todas as noites, quando eu acordo tenho medo que outro alguém tome meu lugar. Então, imagina preencher essa merda problemática?
Que Deus seja generoso com minha condenação.
Enquanto eu estava observando o mundo fora da janela, ouvi um leve ruído vindo do corredor. Meu coração disparou quando a porta do meu quarto se abriu lentamente, revelando uma figura feminina. Era uma mulher incrivelmente bela, vestida como uma enfermeira.
— O senhor Greenberg mandou entregar esses documentos.
Seus olhos verde água, quase azuis, brilhavam com uma mistura de curiosidade e felicidade, seu sorriso transmitia um brilho denso. Seu uniforme branco impecável destacava sua figura esbelta e elegante. Cabelos negros caíam suavemente sobre seus ombros como cascata, enquadrando um rosto angelical à pele negra.
Ela me era familiar.
Ela caminhou graciosamente em minha direção, sua presença preenchendo o quarto com uma aura de tranquilidade. Senti-me ao mesmo tempo intrigada e encantada por sua presença absorvente.
— Desculpe o incomodo! Sou Suzane, ou Sussy. Tanto faz, os dois me agradam.
Com voz suave e reconfortante, ela se aproximou e começou a sorrir para mim. Suzane estendeu sua mão para mim, apertei-a com calma. Seu toque era gentil e habilidoso, propaga-se a sensação de calmaria que emanava em si.
— Olá, Sussy — murmurei meio lenta. A mulher gentil sorriu novamente, exibindo seus dentes afiados e esbranquiçados.
— Como está, querida? Soube que deu de cara com um dos nossos pacientes — Enquanto ela me examinava com seus olhos, percebi uma pequena cicatriz no seu queixo. Minha vontade era de questionar, mas me mantive calada para não parecer desrespeitosa. Eu tinha que trabalhar na minha curiosidade.
— Estou bem. Fiquei surpresa, confesso. Um pouco assustada, mas nada que não seja novo — passei a língua entre os lábios — Ele foi… gentil.
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O Pecado de Abel | HIATUS
Storie d'amore[Está obra é um dark romance] Éden, uma mulher católica e de fé foi a busca por uma salvação que a levaria a loucura. Não existia pecado, apenas mentiras e manipulações. Vindo de uma família conflituosa, fardada a afundar em sua própria mente e soli...