impressionando os anjos

Capítulo 2

— Senhor... senhor Lorenzo... — Fala uma voz feminina baixa que balançava com cuidado o corpo de Amaury. — O senhor vai acabar interrompendo o soro dele.

— O quê? — Amaury pisca lentamente, tentando entender o que estava acontecendo e onde ele havia dormido.

A última coisa que lembrava era de estar deitado sozinho em sua cama lamentando a saudade de seu marido que o deixou. Mas ele se vê acordado sobre o corpo de Diego numa maca.

Era tudo um sonho? Meu Diego ainda pode acordar e voltar pra mim, pros nossos filhos?

Amaury se senta e olha para o rosto da enfermeira simpática que faz um carinho no rosto confuso dele.

— Conversa com o Diego, ele pode te ouvir. — Mas Amaury nem conseguiu entender direito o que estava acontecendo, aquele pesadelo parecia tão real, o sentimento de perder seu marido era tão dilacerante que Amaury podia ter certeza que era verdade.

A enfermeira se retirou, deixando Amaury sozinho na sala com Diego deitado na maca sem precisar de aparelhos para respirar, mas com sondas, acesso venoso em seu braço esquerdo, a perna direita engessada apoiada sobre travesseiros e o braço direito também. O rosto pálido tinha hematomas e cortes que cobriam suas sardas que Amaury tanto amava.

— Diego, assim... Sonhei que você tinha me deixado, que eu estava deitado na nossa cama e chorava muito pensando em você. Foi tão real que ainda tá doendo, encarar essa realidade mesmo que num pesadelo foi a pior coisa que me aconteceu. — Novamente, Amaury se senta ao lado de Diego e o olha deitado como se estivesse dormindo tranquilamente. Como se ele nunca tivesse sofrido aquele acidente, simplesmente parecia que ele estava tirando um cochilo como sempre faz ao chegar cansado do trabalho. — Por favor, não me faz sentir isso de verdade, acorda por mim, pelo Pedro e Júlia, pelos seus amigos, sua família... todos nós precisamos de você vivo, sempre iluminando nossos dias e conquistando tudo que sonha. Você é uma estrela, a mais brilhante e linda que eu já tive o prazer de admirar na minha vida.

Amaury chora, um choro com mistura de tristeza e felicidade de tudo aquilo que pareceu tão real não ser apenas um pesadelo, criação de sua mente talvez para que ele desse mais valor ao presente. Diego está ali, sua alma está presente e só bastava que seu corpo estivesse forte o suficiente para despertar sozinho.

— Tá bom Diego, chega de chorar. — Amaury se levanta determinado, de pé ele olha para seu marido e coloca as mãos na cintura. — Eu te amo muito, mais que tudo nessa vida, mas você acha mesmo que eu sou homem feito pra criar dois filhos sozinhos? É bom você acordar rápido, lembra quando o Pedro veio pra casa e eu fui trocar a fralda dele sozinho? O coitado ficou com uma fita presa na perna, eu não vou conseguir sem você. Posso me virar na cozinha, fome as crianças não vão passar, mas e o resto? Vou contar histórias sozinho? Quem vai me ajudar a interpretar os personagens? Quem vai fazer as surpresas de páscoa e natal comigo? Diego, eu não vou deixar a Larissa ensinar Vogue pras crianças não, naquela casa só reina a Beyoncé.

Passada a emoção do começo, Amaury agora ria das situações que os dois passaram sendo pais de primeira viagem assim que adotaram Pedro e dois anos depois, Júlia veio também. Diego e Amaury são pais maravilhosos, não podem dizer que nunca erram pois seria uma mentira da parte deles, mas amor e companheirismo não falta entre eles para repassar aos filhos. Tratavam os pequenos com respeito, cuidado, compreensão e principalmente amor, amam seus filhos acima de qualquer coisa. São os pais dos sonhos de qualquer pessoa.

— Acorda meu amor, eu preciso de você não só pra criar nossos filhos mas é que eu não sei sobreviver sem você ao meu lado. Eu não sei quem eu sou sem você, desde que te conheci você faz parte de tudo em mim, eu sou você e você sou eu do início ao fim, igual cê disse nos nossos votos de casamento. — Amaury se curva perto da cama para fazer carinho com muito cuidado no rosto do ruivo. — Eu te amo, eu te amo tanto e eu preciso de você pra continuar.