My Dear Ana

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07-10-24

Nessa segunda-feira, decidi dar orgulho à Ana e fazer um jejum de mais de 24 horas.

Acordei às 6h da manhã, lavei o rosto e fiz minha rotina de skincare, como sempre. Peguei um copo de Coca Zero e fui para o quarto me maquiar e me arrumar para a escola. Pelo menos o café da manhã da escola seria ruim, não precisaria inventar desculpas para não comer — ou pelo menos era isso que eu achava.

Horas longas e entediantes se passaram até chegar a temida hora do café. Fui direto me deitar nos sofás do pátio, tentando dormir um pouco até que alguém chega.

— E aí, não vai tomar café? — perguntou um garoto de cabelos loiros.

— A comida está ruim hoje — respondi, tentando soar o mais natural possível.

— Vai lá comigo, pelo menos come a fruta — disse ele, indo em direção ao refeitório. Eu o segui sem questionar muito. Peguei um pote de melancia e me sentei à mesa com os outros amigos dele.

Eles conversavam sobre vários assuntos, mas eu não prestava muita atenção, mexendo no pote com as melancias sem comer nada.

— Vamos lá, come — ele disse, olhando para mim.

— Não estou com vontade — respondi, soltando uma pequena risada.

— Vai, come logo — ele pegou o garfo do pote, espetou uma melancia e a aproximou da minha boca, como se estivesse tentando fazer uma criança comer.

— Sério, eu não quero — falei, começando a me sentir irritada. Por que todo mundo parece querer me engordar? Não faz sentido, eu só quero ser magra. Isso não é um problema.

Apesar das várias tentativas dele, eu não comi. Foi a melhor escolha que fiz. Estava só há 12 horas de jejum, o que é muito pouco. Eu preciso de mais. Preciso passar mal.

Voltei mais cedo para casa. Estava com cólica e sentindo o começo de uma gripe. Sujei alguns pratos e coloquei na pia para fingir que tinha comido. Logo depois, lavei tudo para parecer que estava ajudando. Me deitei na cama e fiquei no celular. Era bem fácil conseguir 24 horas de jejum, eu só precisava dormir. Era isso que eu precisava. Joguei o celular para o lado e me virei para a parede, adormecendo logo em seguida.

Fui acordada pela minha mãe, que perguntou se eu tinha comido e se estava melhor. A cólica ainda persistia. Ela avisou que ia à academia e percebi meu erro: deveria ter dito que estava melhor para poder ir junto. Mas não adiantava mais. Ela saiu de casa e eu fiquei sozinha novamente. Olhei no Pinterest fotos de garotas magras e bonitas.

Por que não sou como elas?
Por que sou gorda?

Desliguei o celular e adormeci novamente.

Acordei outra vez com minha mãe me chamando.

— Filha, limpa o seu quarto. Sua tia vai vir aqui hoje — disse ela enquanto se afastava para a cozinha. O cheiro de comida infestava o ar. Estava tão bom. Não, estava horrível. Nojento. Comida é nojenta. Levantei e fui arrumar o quarto. Primeiro, arrumei a cama e depois a penteadeira. Em pouco tempo, tudo estava organizado. Minha tia chegou logo depois.

— Oi, minha linda — disse ela, vindo com os braços abertos para um abraço.

— Oi, tia — respondi. Ela não disse que eu estava mais magra. É claro, estou uma baleia. Preciso emagrecer

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⏰ Last updated: Oct 11 ⏰

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