entre nós.

4

Ponto de Vista: Osamu

A casa já estava em seu ritmo matinal. Eu e Atsumu estávamos sentados à mesa, tomando nosso café. O ambiente estava tranquilo, mas sabia que a cabeça de Atsumu estava em outro lugar, especialmente depois do que andamos suspeitando sobre o Shouyou.

"Você viu o grupo do pessoal do restaurante ontem?" perguntei, casualmente. "Alguns dos funcionários disseram que tinham um 'babado enorme' para me contar. Não sei o que é, mas parece que é coisa grande. Fiquei curioso."

Atsumu me olhou de lado, distraído. "Será que é sobre o Suna?"

Eu dei de ombros. "Pode ser... ou não. Tem muita coisa rolando por aí. Mas se for algo sobre o Shouyou, eu quero saber. Ainda mais se ele tá envolvido com outras pessoas..."

A expressão de Atsumu endureceu um pouco. O nome de Hinata tinha esse efeito sobre ele ultimamente, e eu sabia bem o porquê. Ele estava com ciúmes – um ciúme quase obsessivo. Já eu... bom, eu não ficava para trás. Só que expressava de um jeito mais controlado. A sensação de que o ruivo estava se afastando de nós era inegável, e isso mexia com a gente de uma forma que às vezes era difícil de admitir.

"De qualquer forma, Atsumu," continuei, tentando aliviar o ambiente, "se eu souber de algo, te conto. Mas se for sobre o Shouyou e o Suna... acho que as coisas podem ficar mais complicadas do que já estão."

Atsumu apenas assentiu, seus pensamentos claramente em outro lugar enquanto tomava o último gole de café.

Ponto de Vista: Hinata

Assim que saí da casa de Suna, o peso da noite anterior ainda estava sobre mim. Me sentia exausto, tanto física quanto mentalmente, mas algo no ar daquela manhã me lembrava que a vida continuava, e eu tinha compromissos a cumprir. Chamei um Uber e, enquanto esperava, desbloqueei meu celular. Uma enxurrada de mensagens esperava por mim.

Entre elas, as de Ushijima se destacavam pela intensidade.

Ushijima: "Onde você esteve?"

Ushijima: "Espero que esteja bem, mas estou preocupado. Você sumiu."

Ushijima: "Senti sua falta ontem. Seja lá onde você foi, queria que tivesse me avisado."

As mensagens eram ciumentas, como sempre, mas também protetoras. Mesmo com seu jeito sério, ele sempre deixava claro que se importava, e isso me dava um tipo de conforto. Apesar de ser alguém de poucas palavras, Ushijima me fazia sentir especial de uma forma que poucas pessoas conseguiam. Ele raramente sorria, mas quando o fazia, era quase sempre por minha causa, o que me deixava com uma sensação estranha, uma mistura de gratidão e dúvida.

Enquanto respondia suas mensagens, sentia algo me puxando para pensamentos mais pesados. Memórias de pessoas me insultando, chamando-me de "gay idiota", "ninguém", "esquisito". O tipo de dor que você carrega consigo, mesmo depois de anos. Aquelas palavras ainda ecoavam na minha mente, e às vezes era difícil lembrar que eu já não era mais aquela pessoa vulnerável, aquele garoto assustado.

Mas logo fui interrompido por outra notificação, desta vez de Kita.

Kita: "Você sumiu ontem. Fiquei preocupado, mas estou com saudade. Vamos almoçar hoje?"

Kita: "Mas olha, não vou mentir... tô bravo. E você sabe o que acontece quando fico bravo..."

Kita: "Só não se esquece que eu sempre recompenso, né? Talvez de um jeito que você goste..."

Ri da última mensagem, sabendo que Kita nunca mudava seu estilo fofo misturado com provocações. Ele sempre sabia como tirar um sorriso de mim, mesmo nas horas mais difíceis. O almoço com ele hoje seria um momento para relaxar, eu esperava.