Nem mesmo o cheiro da maresia era capaz de tirar o aroma grotesco e nojento de sangue do ar.
Hongjoong retirou sua adaga do homem morto a sua frente, antes de o empurrar em direção ao mar. O navio era uma bagunça de corpos, vísceras e sangue. Muitas pessoas ficariam enojadas com a cena, mas para o Capitão do Aurora, aquilo era apenas mais um dia como qualquer outro. Desviando de outro corpo largado ao chão, Hongjoong seguiu em direção a sua tripulação que se encontrava no meio do convés.
- Encontramos esse escondido no porão, capitão. - Mingi se aproximou, jogando o último sobrevivente do navio aos seus pés.
O garoto tremia como uma folha ao vento, o olhar desesperado indo de um lado para o outro como se procurasse por uma rota de fuga inexistente. Sangue manchava sua roupa, provavelmente dos outros tripulantes que Hongjoong e seus homens haviam massacrado sem qualquer hesitação.
- E o que devemos fazer com ele? - Yunho, o imediato do capitão, perguntou com a voz grave e desprovida de qualquer traço de compaixão. Ele observava o jovem como se este não passasse de um pedaço de carne à espera do abate.
Hongjoong balançou a adaga de um lado para o outro, o sangue escorrendo da lâmina e respingando em seu rosto. Ele observou o prisioneiro por um momento, os olhos castanhos e intensos avaliando cada detalhe: o jeito que ele encolhia os ombros, o tremor nos lábios, o medo estampado no rosto. O capitão, então, se agachou, ficando de frente para o garoto.
- Diga-me, — começou ele com um tom baixo e quase gentil, se como se estivesse conversando com um velho amigo, se não fosse pela sua voz grossa o assustando mais, — por que você merece viver mais do que os outros?
O jovem prisioneiro abriu a boca várias vezes antes de conseguir falar, as palavras saindo num gaguejar trêmulo. - E-eu... eu não sou um soldado. Sou apenas... apenas um ajudante de cozinha...
Hongjoong arqueou uma sobrancelha, a curiosidade despertada. Um ajudante de cozinha? No meio de uma frota de navios de guerra? A tripulação do Aurora compartilhou olhares céticos, mas nenhum se atreveu a interromper o capitão. Hongjoong ergueu uma das mãos, como se pedisse silêncio, e o garoto se calou imediatamente.
- Um ajudante de cozinha, hm? - Hongjoong repetiu, como se saboreasse cada palavra. - E por que, exatamente, eu deveria acreditar em você? Por que não deveria simplesmente cortar sua garganta agora e atirar seu corpo ao mar?
O prisioneiro engoliu em seco, o som audível mesmo no meio do silêncio absoluto. - Eu... eu sei cozinhar bem. Sei preparar pratos que os manteriam satisfeitos durante semanas no mar. P-posso ser útil! Posso ajudar!
Mingi soltou um riso curto e debochado, cruzando os braços enquanto encarava o jovem com descrença. - Sabe quantos dizem a mesma coisa, pirralho? E todos acabaram igual àqueles corpos lá atrás — disse, apontando com a cabeça para os cadáveres empilhados mais adiante.
Hongjoong, no entanto, manteve o olhar fixo no garoto. - Preparar refeições, hm? — murmurou pensativo. - E você realmente acha que um bando de piratas como nós se importa com a qualidade de um ensopado ou de um pão? Acha que vamos deixar você viver porque é um bom cozinheiro?
O prisioneiro balançou a cabeça freneticamente, lágrimas se formando nos olhos. - N-não só isso... Eu... eu também sei informações sobre o tesouro que vocês estão procurando!
O ar ao redor pareceu congelar, e até mesmo o mar agitado se aquietou por um instante. Hongjoong estreitou os olhos, analisando cada traço do rosto aterrorizado do garoto. Ele se inclinou mais perto, suas feições endurecendo.
- Que tesouro? - Perguntou Hongjoong devagar, sua voz baixa e carregada de uma ameaça silenciosa.
O garoto olhou ao redor, engolindo em seco antes de sussurrar: - O tesouro do Capitão Lee... Aquele que está perdido no fundo do mar há mais de cem anos...
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𝐄𝐂𝐇𝐎𝐄𝐒 𝐎𝐅 𝐓𝐇𝐄 𝐀𝐁𝐘𝐒𝐒 - 𝐊𝐇𝐉 & 𝐏𝐒𝐇 [ 𝐇𝐀𝐋𝐋𝐎𝐖𝐄𝐍]
Mystery / ThrillerOnde Hongjoong, o capitão mais temido entre os piratas, decidiu mudar a rota de navio para águas que nunca navegou. Não arriscando só sua vida como a de sua tripulação também, somente para confirmar com seus próprios olhos a lenda que ouviu sobre um...