Ano 0

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"- Você vai contar até 10 enquanto aplicamos a anestesia geral - escuto o doutor enquanto estou com os olhos fechados já dentro da câmara.
- 1, 2, 3... - começo enquanto sinto meu corpo formigar, já não sinto meus dedos - 4,5,6,7... - começo a me sentir bem sonolento. - 8,9..."

A humanidade estava por um fio de colapsar, será quw foi uma boa decisão tudo isso? Não consigo me lembrar de nada, apenas sinto frio, não consigo ver nada, meus olhos estão abertos?

Aos poucos, parece que retomo minha visão, borrada, vejo como se fosse um vidro, alguém está tentando o quebrar, ou abrir, não sei, me sinto fraco.
Como se estivesse em uma espécie de casulo ele se abre, enxero árvores a minha volta, uma floresta, consigo ver cinco pessoas, borradas, se eu focar consigo os perceber melhor, não sinto meu corpo.

- Tudo bem? - o homem me pergunta, escuto bem longe sua voz, mas está tão perto.

Não consigo o responder, e aos poucos me sinto sem forças até que perco minha consciência.

O que será que está acontecendo? Não consigo me lembrar de nada, será que conheço aquele homem?
Sinto-me balança, parece que estou em um carro ou algo do tipo, abro os olhos e vejo uma trilha a minha frente, estou em cima de um cavalo, a alguém me apoiando para que eu não caia, me cobriram com um tipo de pele, não sinto mais frio.

- Acho que ele acordou Zack - escuto uma voz feminina passando por cima. Olho para o lado e é mesmo homem de antes, está me levando para algum lugar.
E novamente perco a conciencia.

+++

Acordo em uma sala, parece um laboratório, ao mesmo tempo um quarto, estou coberto com algumas peles e panos como coberta, tento me levantar, sinto muita dor ao tentar, o lugar parece velho ou abandonado, mas está bem organizado. Sento-me a cama.
Estou com algumas roupas que nunca vi, desgastadas, mas me aquecem, uma calça de um verde escuro meio pesada, uma camisa de mangas longas em um tom bege, cheiro de guardadas.

A porta a minha frente se abre, um homem aparentemente jovem entra e me da um sorriso.

-Finalmente você acordou ein? Precisa se alimentar - ele fala rapido, enquanto pega uma cadeira ao canto e posiciona na minha frente. Suas roupas não são melhores que a minha, só está com um velho jaleco, que acredito que era para ser branco.

-Onde eu estou? E o que aconteceu comigo? - preciso saber

- Tudo tem seu momento certo, só preciso checar se está bem agora, te daremos todas as respostas que pudermos - ele levanta minha camisa e encosta o polegar no meu peito.

- Que dia é hoje pelo menos? - o questiono.

- Quando eu descobri te respondo, mas estamos bem longe de nossa época - sinto um frio na barriga, não consigo entender, e oque significa isso tudo.

- Seus batimentos estão um pouco fraco, coma isso - ele me entrega um pedaço de pão, não consigo negar, estou com muita fome. Morde aos poucos, não tem muito gosto, mas preenche meu estomago.

- Ia me esquecendo, meu nome e Arthur, e não se assute agora - ele me diz e seus olhos brilham como duas lampadas e logo se apagam.

- o que foi isso? - pergunto incrédulo

- suas retinas estão normais, pelo visto apenas precisa comer um pouco e descansar - Arthur me fala normalmente, como se seus olhos não tivessem acabado de brilhar.

Ele se levanta e fecha a porta, sinto um calafrio em meu corpo, não consigo decifrar a situação, o que vão fazer comigo. Levanto assustado, será que tento fugir? Encontrar ajuda?
Abro a porta e me vejo em um tipo de quartel, portas de metal, gambiarras de fiação pelo teto e pelo chão que iluminam o corredor, saio correndo.
Mais e mais corredores, escuto vozes e tento correr na direção contrária. Até que acho uma porta que parece dar uma saída, abro e em instantes um vento congelante me atinge, parece estar nevando, a saida é para um bosque ou oque seja.

- Ei! - uma voz grossa me intima, ao olhar pra traz vejo dois homens correndo atrás de mim - não pode ir ai, o que pensa que está fazendo!

Há um pequeno barranco a minha frente antes de chegar nas arvores, dou um pulo e deslizo pela neve, não olho para trás.
Tento adentrar o bosque e procurar algo que me de alguma pista doque está acontecendo, mas me sinto perdido.

Estranhamente ninguém me seguiu - penso.

Já estou andando por um tempo sobre a neve, as árvores já sem folhas a minha volta, não estava assim até onde eu me lembro quando acordei. Realmente estou perdido.
Me vejo a beiro de um lago congelado agora, estou sentindo mais frio a cada instante, meus pés já congelando, eu devia ter procurado algo antes dessa ideia maluca. Me sento em um tronco caido, não estou aguentando de frio.

- Já decidiu para onde você vai? - escuto uma voz ao meu lado e dou um pulo assustado. É o homem de antes, ele está bem pleno sentado em uma pedra mais a frente, nem chega a me olhar, seu olhar está fixado no horizonte.

- você me seguiu? - pergunto

- não, mas o engraçado é que veio direto a mim - agora sim se vira e me olha com um quase riso - se quiser algumas respostas se sente aqui que te falo oque sei, a propósito, deve estar com frio, tome - tira suas botas e o casaco de pele e joga em minha direção, os agarro.

- mas e você? - o questino - está frio demais.

- não se preocupe - ele se levanta, com os pés já enterrados na neve, juntas seus punhos em sua frente, sonta uma fumaça de seu nariz e vejo fumaça a sair de seu corpo, como se estivesse cozinhando.

- o que está acontecendo, como consegue fazer isso? - nunca tinha visto algo do tipo.

- agradeço a minha habilidade, graças a ela me mantenho vivo nesse gelo a anos - assim ele se senta novamente e procuro me sentar a seu lado agora, ele me passa confiante e serenidade, extremamente não sinto medo.

- Primeiramente meu nome é Zack, atualmente sou lider aqui do Clã do Leste, dominamos todo esse território que você vê - ele me responde olhando o horizonte novamente - e se você não se lembra, resgatamos você da sua câmara de criogenia - acredito que seja onde eu estava quando o vi.

- câmara de criogenia? - tanto me lembrar mas não consigo.

- sim, todos que estamos aqui hoje viemos de uma, nossa perda de memória, nossas habilidades... - eu tenho uma habilidade? - são graças as câmaras de preservação que estavamos, nosso planeta quase foi dizimado, só sobramos nós.

- qual o motivo de tudo isso? - estou espantado

- se me acompanhar de volta a nosso posto, faço questão de te mostrar. - de volta de onde sai correndo - não vamos te fazer mal, nós não - ele me olha nos olhos e se levanta me estendendo a mão,  seus olhos são de um catanho escuro, um pouco mais alto que eu, talvez 30 anos, não tenho certeza.

- ok.. - relutante estendo minha mão até ele, está quente como uma panela, mas não a ponto de eu não o conseguir tocar, seu corpo ainda solta fumaça, parece controlar sua temperatura corporal como um fogão elétrico.

- aliás - ele me diz me puxando para levantar - bem vindo ao seu Ano 0.


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⏰ Última atualização: Oct 10 ⏰

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