Por toda eternidade

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Embalados pelo relaxante som do mar, Sasuke, Sakura e os demais membros da tripulação TAKA navegavam furtivamente por dias para o outro lado do oceano, escapando da fúria celestial. A excitação voltava a brilhar em seus rostos cansados por concluir aquela missão e resgatar a Uchiha das garras do criador. Não importa o tempo, eles sempre seriam uma equipe e tanto.

Conforme prometera, Sasuke fez uma pausa na Áustria e entregou a Karin o castelo como recompensa por seus excepcionais serviços de bruxa. Ele não perdeu de vista o brilho nos olhos escarlate, que marejaram por um instante, só para depois esbanjarem felicidade e a soberania da vitória. Aquele castelo era herança dos malditos reis que condenaram sua mãe a morte, mas agora era todo dela, uma vingança que demorou décadas para chegar, mas que estava só começando, porque Karin governaria aquelas terras e caçaria a linhagem responsável pelo assassinato de sua jovem mãe.

No fim valeu a pena atravessar o globo e drenar cada gota de energia por dez dias, assim como se indispor com os seres das trevas e celestes. Quando sua morte viesse — e ela certamente viria — Karin levaria consigo a sensação de dever cumprido, por fazer justiça aos seus antepassados. Suas ancestrais lhe receberiam de braços abertos no inferno.

Depois de deixa-la contemplando sua nova moradia, os quatro partiram para a Finlândia onde Juugo costumava se esconder do mundo e proteger a floresta. Antes de se despedirem, Sasuke decidiu deixar com o demônio um relógio antigo que pertencia a seu avô. "Para você checar a hora" ele explicou monotonamente, embora ainda fosse um presente raro, de valor inestimável para a família Uchiha. Com um sorriso no rosto, Juugo aceitou o presente, mesmo que não exigisse nada em troca de sua lealdade. Servir ao lado de Sasuke e seus amigos já lhe bastava.

Dias depois eles atracaram na Inglaterra, onde Sasuke e Sakura residiam permanentemente, então foi à vez de recompensar Suigetsu por seus esforços. Ele voltou para Noruega com seu barco cheio de dinheiro como se tivesse praticado um assalto bem sucedido. Aquele cretino torraria tudo em mulheres, bebida, boas estadias e jogos de azar. Mas para alguém que cresceu na pior miséria possível, isso era felicidade real. Isso era ter paz.

A despedida com Suigetsu foi breve e nada emocional comparado aos outros dois. Um dia eles provavelmente se encontrariam, porque era assim que as coisas funcionavam na TAKA, quando um precisava, o outro iria ajudar, não importa o serviço sujo que tinham que fazer. Mas por ora, desfrutariam do que receberam daquela missão e tocariam suas vidas desajustadas o melhor que pudessem.

— Gosto dos seus amigos, fico feliz que não esteve sozinho por tanto tempo. — Sakura se inclinou em seu ombro enquanto assistiam o navio de Suigetsu partir pelo horizonte, na costa.

— Diz isso porque não conviveu por tanto tempo com eles. — Respondeu bem-humorado. — Está pronta?

Ele questionou apenas pra ter certeza se a companheira conseguia voltar para casa através de magia, ou se estaria fraca demais para isso. Bastou Sakura assentir, confirmando que estava bem, para que um simples gesto do Uchiha os levasse de volta ao refúgio de sua casa, depois de um século longe.

Os olhos curiosos de Sakura de repente, estavam em tudo, na grama alta do jardim, no pergolado da entrada que antes tinha flores e agora estava seco, nos azulejos desenhados da fonte, e na casa de tijolos no modelo tradicional da Inglaterra. Tudo era semelhante ao que se lembrava, mas ao mesmo tempo muito diferente também.

Acompanhando-o para dentro da residência, a Uchiha subiu até o quarto de casal, no andar de cima. Sakura passou os olhos pelo cômodo limpo e mobiliado que conhecia bem, suspirando suavemente. As coisas no mundo exterior pareciam diferentes em quase um século distante, mas aquele quarto ainda era o mesmo. O tempo não passou ali. A cama de carvalho esculpido ainda estava perfeitamente centralizada contra a parede de trás do quarto, cuja cortina do dossel balançava, dando um ar romântico ao ambiente. Seus móveis, o espelho redondo da penteadeira, as cortinas de ceda cobrindo a grande janela que dava para uma varanda, as almofadas rendadas, os castiçais ao lado da cama... Tudo exatamente igual à última vez que viu.

Dez luas - SasusakuOnde histórias criam vida. Descubra agora