oi ~ tchau ~

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Isso é o que pude escrever nesse longo período, não está terminado e não pretendo terminar pois decidi que Radio FM, Rockin' In Love seguirá em formato de au no meu perfil do twitter (jlsu_ung) como era para ser desde o começo! Não quis descartar essas míseras 3 mil palavras pois foi muito gostoso escrever, apesar de ser bem pouco pro tempo que levei. Quem tiver interesse em ler uma intro antes de acompanhar a au, aqui está!

      "What's the worst that I can say?" Você que está ligadinho na nossa Radio Fm, não vai perder mais um Rockin' In Love icônico com o nosso Christopher Bang, vai? "So long and goodnight, so long and goodnight!" É toda terça e quinta, às 00:30, conto com vocês!

     — Can~ you~ hear~ me~? — sussurrou Jeongin — Are~ you~ near~ me~? — O garoto bloqueava qualquer som com seu fone de ouvido de fio conectado no celular antigo demais para ainda funcionar tão bem. — Essa música e esse tom de voz animado nem combinam com o programa dele... Mulher esquisita.
     — Falando sozinho de novo?
     Jeongin sempre falava sozinho. Quase isso. Ele não precisava estar sozinho para... falar sozinho. O garoto tinha a mania engraçada de conversar com a própria mente em voz alta e não se importava com a presença do melhor amigo, sabia que o garoto gentil estava acostumado e nunca o acharia esquisito por isso, quer dizer, Seungmin o achava esquisito sim, mas sempre reforçava que estranho é elogio em um mundo repleto de normais.
     — Alô? Seungmin chamando Jeongin, o ovo tá pronto! — exclamou Seungmin — Tira esses fones e toma o café da manhã antes que sua mãe brigue com a gente.
     — Foi mal... Viajei. — respondeu Jeongin — Não vi que já tinha terminado.
     — Claro que não, você não vê nada quando tá com esse fone. Juro que se você ouvisse a rádio em literalmente um rádio eu acho que defecaria na sua cama.
     — Do nada?
     — Do nada. — respondeu Seungmin — Sempre bom te esculachar um pouco por escutar rádio como um idoso sendo que no fundo te acho descolado por isso.
     Yang sorriu de maneira pacata da fala do amigo enquanto observava o mesmo sentar-se ao seu lado colocando os pratos na mesa. Sentia-se morno ao lado do garoto, como uma xícara de chá em um dia muito chuvoso, chá com açúcar pois sem qualquer adoçante era apenas água de mato e a vida ao lado do Kim era muito mais doce no paladar do que grama cortada no olfato.
     — Foi você que cortou a grama do quintal ou pediu ao Sr. Park de novo? — Perguntou Seungmin.
     Eles se entendiam.
     — Fui eu. — respondeu Jeongin — Aparei no domingo. — O garoto comia o que quer que o Kim tivesse feito lentamente e, como sempre, seu olhar era para qualquer lugar que não fosse diretamente ao rosto do amigo. —  Minha mãe já queria parir outra criança por causa desse quintal.
     — E... Como ela tá? Melhor?
     — Acho que bem. Tá melhor.
     — Okay... Isso é bom. Imagino que esteja mais fácil de lidar com o saco de batata agora que ele pelo menos dorme a noite toda.
     Seria difícil ser fácil, dona Yang nunca planejou ser mãe novamente na idade em que se encontrava e a morte repentina do marido fora a cartada final para seu cérebro se tornar quase incapaz de produzir qualquer felicidade genuína, ainda que segurar o pequeno Jiwon no colo e hidratar os cabelos longos de Jeongin melhorassem seu dia, às vezes, ao se deitar para dormir, a saudade lhe doía o peito e as lágrimas insistiam que o corpo da mulher era apertado demais e precisavam sair. Jeongin sorriu, amava o saco de batatas.
     — Ele nem resmunga, Seung.
     Sorria pois sua mãe melhorava, Jiwon dormia a noite inteira, lembrar de seu pai não era tão dolorido e era segunda-feira. Sabia que grande parte da população odiava o segundo dia da semana, primeiro dia de trabalho ou estudos, tudo parecia ir mal em qualquer segunda, menos para Jeongin. Jeongin amava aquele dia da semana tanto quando amava quarta-feira pois finalmente ouviria seu programa favorito na rádio, suas músicas favoritas, histórias favoritas e sua voz favorita. A rádio anunciava que seria toda terça e quinta por passar após às 00:00 mas em sua cabeça, se não tivesse dormido ainda ou se não via o sol nascer, então era na segunda-feira e por isso, estava feliz. Pensava apenas se naquela noite ouviria no conforto de seu quarto e com o ar-condicionado ligado ou se escolheria ouvir andando pela orla como fazia de vez em quando, a textura da areia definitivamente era uma de suas favoritas. Iria à praia... E quem sabe criaria um pouco de coragem para pelo menos postar algo em seu Twitter com a hashtag do programa. Apenas a possibilidade de saber que Christopher Bang leu um comentário seu fazia o estômago gelar.
     — E você parece feliz demais com algo tão idiota... — Respondeu Seungmin.
     — Você não entende. Não convive com um bebê, logo, não sabe a dádiva que é uma noite bem dormida.
     — Eu vou... Fingir que você não disse isso. — disse Seungmin — Primeiro que você não vê uma noite bem dormida como uma dádiva, — O garoto falava com a boca cheia de comida e fazia aspas com os dedos, ironizando a fala do amigo. — E segundo que eu aposto que o lado bom dele dormir a noite inteira é que você pode ouvir aquele velho apresentar as músicas de velho dele sem precisar dar mamadeira pro menino.
     — Ele não é velho!
     Jeongin olhou diretamente para o amigo pela primeira vez aquele dia, completamente indignado. A boca aberta fazia cócegas no cérebro de Seungmin e era quase impossível não zombar do garoto apenas para ver como ele facilmente ficava bravo.
     — Ele é velho pra você...
     — Você literalmente não sabe!
     Seungmin riu. Ele sabia de muita coisa mas dessa ele não sabia mesmo. Na verdade, nenhum dois dois fazia ideia de qual era a idade de Christopher Bang, de quais eram seus hobbies além da música, quem era sua família ou qualquer coisa pessoal, sabiam apenas que apresentava o melhor programa da rádio e que tinha uma banda que de vez em quando se apresentava em alguns lugares de procedência duvidosa, apesar disso, o Kim sabia que o sono do amigo era desregulado mas não somente por culpa do irmão mais novo, que o garoto pulava a janela de seu quarto para caminhar na praia e recebia uma bronca no outro dia de manhã pois sua mãe precisou de ajuda e encontrou a cama do filho vazia, sabia também que Jeongin não era muito de redes sociais mas tinha um perfil em todas que Christopher também tinha. Volta e meia conseguia ver por cima do ombro do amigo quando o mesmo procurava qualquer sinal de Bang no perfil da banda. Nightfall não era muito conhecida, na verdade estava longe disso, mas uma coisa era certa, a banda tinha pelo menos um fã fiel, e esse cargo era de Jeongin, esse que acompanha os integrantes desde o início, ou melhor dizendo, acompanha Christopher.
     Era outono e Jiwon chorava incontrolavelmente no colo da mãe quando a mulher pensou pela primeira vez que aquela vida não era para ela. Estava exausta mesmo com toda a ajuda de Jeongin e não ter o marido era doloroso, não hesitou em quase largar de maneira desleixada o bebê recém-nascido no colo do irmão apenas para subir as escadas e dar o grito mais assustador que toda a vizinhança não estava preparada para ouvir. Longo e doloroso o suficiente para atormentar qualquer um que tivesse escutado. A garganta doía e nenhum choro era ouvido, não sabia como o abajur havia ido parar no chão, completamente destruído. "E o kpop tá bombando, né Chae? Baekhyun não decepciona mesmo, ontem a galera enlouqueceu no Twitter quando a gente tocou UN Village! Vocês já sabem que amanhã tem mais, né? É, pois é...". Ouvir a rádio parecia muito melhor do que os gritos da própria mãe ou o choro do seu irmão. "E pros ouvintes descolados que se amarram na pegada antiga, hoje estreia nosso queridinho Rockin' In Love, se liga que essa é pra quem é coruja, viu? Vai começar às 00:30 e eu não vou perder por nada, Chae!". Agora Jeongin dava graças aos céus pois sabia que sua mãe era uma mulher forte e seria questão de tempo para que a mesma desse a volta por cima. Jiwon finalmente dormia a noite inteira com seu 1 ano de vida e os alguns meses que sinceramente Jeongin não se lembrava direito quantos eram. Rockin' In Love havia virado a trilha sonora das madrugadas em que trocava algumas fraldas, em que cortava a própria franja no banheiro do corredor, das caminhadas na praia, de quando seu ex-namorado Beomgyu batia na janela de seu quarto e insistia que seus gemidos seriam mais baixos que a rádio e por isso a senhora Yang jamais acordaria, era óbvio que assim que descobriu que Christopher iria liderar uma banda, decidiu que acompanharia tudo, desde os stories de ensaio até as postagens de cada integrante, mesmo que não tivesse nada a ver com música. A voz do homem o confortou em longas noites e não demorou para se ver procurando o prazer de ver o rosto quando podia, vê-lo era ainda mais... Bagunçado. Sentia-se um tiete, se existisse pôsteres do homem, com certeza decorariam as paredes de seu quarto.
     — Eu chuto... Trinta!
     Havia esquecido que estava comendo, que estava com Seungmin e sequer sabia como já se encontrava escovando os dentes no banheiro. Gostava de conversar com as próprias memórias.
     — Ele é... Descolado demais pra ter trinta. — Respondeu Jeongin.
     — Jeongin... Eu acho que a sua cabeça explode quando você perceber que ele é um homem comum e não um super astro. Você sabe que provavelmente ele responde todo mundo da dm dele, né? É só você mandar também... E cala a boca, ele tem cara de trintão!
     — Vinte e... sete? Oito! Vinte e oito. Acho que por aí... Não é tanta diferença.
     — Essa sua obsessão esquisita... Você já parou pra pensar que transou com seu ex ouvindo a voz do homem que você andaria no fogo só por uma bitoca? Um muaczinho! Beomgyu sofreu mais que Jesus.
     — Namora com ele, então!
     — Deus me livre... — balbuciou Seungmin — Mas ele tá no portão! — O garoto apareceu na porta do banheiro com a mochila do amigo em mãos, como uma mãe apressando o filho para não perder a primeira aula. — Se apressa se não seu patrão chuta essa sua bunda seca de novo.
     Jeongin passou apressado e apanhou a bolsa, tropeçando do próprio cadarço e derrubando uns brinquedos que estavam em cima do móvel que decorava o corredor. Era uma garoto desajeitado.
     — E eu não sei o que cê tá fazendo essas horas aqui em casa — comentou Jeongin — mas estende a roupa no varal pra mim se você for faltar no cursinho de novo!
     Seungmin não precisava de qualquer motivo para aparecer na casa do amigo ainda que não passasse das oito da manhã, poderia usar a internet do garoto e dormir na cama confortável, papear com a Sra. Yang e obviamente, faltar no cursinho. Deu de ombros vendo Jeongin descer os curtos degraus que separavam a entrada da casa do jardim verdinho e, agora, de grama aparada.
     — Bom dia, Beomgyu! — Seungmin cumprimentou — Acho que tô vendo uma remela no seu olho daqui!
     Riu ao ver o garoto mostrar o dedo do meio com uma cara de pouquíssimos amigos. O cabelo comprido e a calça rasgada davam um ar pesado logo de manhã mas, não precisava de muito para descobrir que as roupas não condiziam com a personalidade quase irritante e infantil do menino.
     Tem quem odeie o ex, quem ainda não superou e quem vive de recaídas. Jeongin, por sua vez, trabalhava com o próprio e ainda mantinha uma amizade tranquila, quer dizer, depende do ponto de vista, visto que os dois amigos viviam para lhe caçoar sobre como Choi cometeu a loucura de querer namorar consigo. Seungmin não sabia que às vezes o expediente terminava com Beomgyu ajoelhado em sua frente no depósito da loja. Talvez Jeongin fosse a terceira opção dos tipos de relações com ex-namorados. Era difícil dizer, nunca fora completamente apaixonado no amigo mas gostava das gracinhas e não via mal algum em aproveitar os toques, visto que, Choi parecia gostar tanto quanto si. Beomgyu nunca disse que lhe amava, nunca o levou formalmente para conhecer seus pais como namorado, nunca lhe deu presentes e nunca lhe beijou com paixão, apenas tesão. Não levaram o relacionamento a sério e jamais seriam capazes disso, Jeongin sabia que os olhares que Beomgyu lançava para o outro Choi que morava no fim da rua não eram sem querer, enquanto Beomgyu sabia que Yang jamais aceitaria ir conhecer seus pais. Eram apenas o passatempo um do outro.
     — Bom dia. — disse Jeongin — Se a corrente da sua bicicleta cair de novo, — Jogou o skate no chão, subiu no mesmo e segurou na garupa do garoto com força. — eu deixo você pra trás e falo pro nosso chefe que você deve estar dormindo e que devíamos te demitir.
     — Eu acho mais fácil o Sr. Park falir aquele muquifo antes de pelo menos pensar em demitir a gente! — exclamou Beomgyu — Só existem dois trouxas nessa cidade que aceitam trabalhar com essa miséria de salário... — O garoto começou a pedalar e mais uma vez mostrou o dedo do meio para Seungmin que ainda ria na varanda. — Sinto que posso mijar no chão do escritório dele e ele ainda riria de mim.
     — Por isso ele é foda! — respondeu Jeongin — Quero ser igual ele.
     — Viciado em cocaína e sem perspectiva de futuro?
     — Ter um cabelo legal e um estabelecimento decorado com quadrinhos de carros antigos e pôsteres de mulheres peladas.
     — Quase peladas! O prefeito já teria conseguido fechar aquele lugar se o Chanyeol tivesse tirado os post-it dos peitos daquela loira praiana.
     — Você não acha bizarro de um jeito muito descolado como ele consegue ser a única diversão dessa cidade? Tipo, a gente tem as praias e tal mas o único lugar que os jovens podem se divertir é na loja.
     — E o prefeito quer fechar... Vai se foder, o fato de termos permissão de vender bebidas e cigarros pra de menor é só um detalhe besta.
     — Mudando de assunto, eu acho que a gente devia trocar a sessão de revistas por aluguel de CD's, me ajuda a falar com aquele velho de...
     — Ah, merda!
     — Era o que eu ia falar...
     — A corrente caiu!
     — Eu vou jogar esse seu trambolho no mar, Beomgyu!

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