𝕮𝖍𝖆𝖕𝖙𝖊𝖗 Ⅲ: 𝕴'𝖒 𝖉𝖗𝖔𝖜𝖓𝖊𝖉 𝖎𝖓 𝖞𝖔𝖚...

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Yeosang sempre se considerou alguém prático, alguém que se mantinha alheio a superstições e histórias de terror.

A ideia de que algo sobrenatural pudesse interferir na sua vida parecia tão distante quanto improvável. E, por isso, quando os amigos começaram a agir de forma estranha, ele deu de ombros. “Só estão impressionados com o jogo estúpido de Wooyoung”, pensava. O Halloween tinha essa capacidade de mexer com a cabeça das pessoas, especialmente os mais suscetíveis. Ele, no entanto, era diferente.

Nos dias que seguiram a noite do Halloween, a rotina de Yeosang, antes tão metódica e previsível, começou a ser perturbada por pequenos e desconcertantes acontecimentos. No início, ele tentava racionalizar. Afinal, ele era uma pessoa prática, cética por natureza, alguém que não se deixava levar por histórias fantasmagóricas ou jogos estúpidos. No entanto, a estranha sequência de eventos não podia ser ignorada por muito mais tempo.

Certa noite, enquanto estudava sozinho em seu apartamento, Yeosang percebeu uma leve mudança no ambiente. O ar parecia pesado, como se algo invisível o observasse. Ele virou a cabeça, fitando o canto da sala, onde sua mochila estava pendurada na cadeira. Tinha certeza de que a deixara aberta, mas agora o zíper estava completamente fechado.

— Deve ter sido o vento… — ele murmurou para si mesmo, tentando afastar o incômodo crescente que lhe apertava o peito.

Outro dia, enquanto estudava tarde da noite na biblioteca da faculdade, o silêncio predominava. Era aquele tipo de quietude que deixava o ambiente pesado, onde o menor ruído parecia ecoar pelos corredores vazios e pelos altos tetos abobadados. As luzes fluorescentes piscavam ocasionalmente, emitindo um zumbido suave, quase imperceptível, misturando-se ao som constante do ar condicionado.

Yeosang estava sentado em sua mesa habitual, perto da grande janela de vidro que dava para o pátio externo da universidade. As luzes do campus piscavam à distância, lançando sombras longas e distorcidas pelo vidro. Ele havia se perdido em seus livros, completamente imerso em sua pesquisa, mal notando o quão tarde havia ficado. Ao redor dele, os corredores estavam vazios; a maioria dos estudantes já havia ido embora, deixando-o sozinho naquele vasto espaço.

De repente, a luz ao seu redor piscou duas vezes. Ele parou de ler, franzindo a testa, mas não deu muita importância. O campus era antigo, a infraestrutura às vezes falhava, e apagões curtos não eram incomuns. Yeosang voltou sua atenção para os livros empilhados ao seu lado, anotando rapidamente em seu caderno, até que, sem aviso, a luz apagou completamente.

Ele permaneceu sentado em silêncio, as mãos pousadas sobre o papel, enquanto seus olhos tentavam se ajustar à escuridão repentina. O único som que lhe fazia companhia era o do ar condicionado, que soprava suavemente pelo salão. O zumbido familiar da eletricidade havia sumido, e ele podia ouvir até mesmo o som de sua própria respiração.

Por um momento, pensou em se levantar para procurar ajuda, mas algo o impediu. Uma estranha sensação de inquietude começou a tomar conta de seu corpo. O tempo parecia se alongar, e ele ficou imóvel, como se algo invisível o observasse da escuridão.

Os segundos se arrastaram. Tudo estava quieto demais, parado demais. E então, após o que pareceu uma eternidade, a luz voltou. A claridade abrupta o cegou por um instante, e Yeosang piscou rapidamente, ajustando-se à nova realidade ao seu redor.

Quando finalmente pôde ver, notou algo que fez seu estômago afundar: todos os livros que ele havia empilhado cuidadosamente ao seu lado estavam agora caídos no chão. Espalhados em todas as direções, como se tivessem sido jogados com força por uma mão invisível.

Highway to Hell - Seongjoong Onde histórias criam vida. Descubra agora