Gahyeon parecia ter um fraco quando o assunto era andar de carro, pois não demorou muito para que a pequena adormecesse, deixando o ambiente num silêncio quase que agradável.
Quase.
A verdade é que dentro da mente de Siyeon um verdadeiro tornado se formava.
O que ela faria de sua vida? Ela deixaria Gahyeon ir? Por que a queria por perto? Poderia ficar com ela? Ela seria capaz de cuidar de uma criança? Seria possível? Seria uma boa ideia? Por que ela se sentia tão apegada? Gahyeon gostaria da ideia? Talvez fosse apenas impressão, qualquer um se sentiria na obrigação de cuidar de uma criança, que tipo de maluco não o faria? Mas porque aquele aperto em seu peito parecia avassalador ao relembrar que eventualmente, Gahyeon não estaria em seu colo?
A mulher era aos poucos engolida por suas paranoias e isso era percebido claramente por Yubin, que reconhecia o desespero no olhar da mais velha e pela pequena Gahyeon que sentia o coração da mulher bater como dois tambores sem parar.
Quando chegaram em casa, deveria ser perto das 15h da tarde, então Siyeon seguiu para o seu quarto onde acomodou Gahyeon em sua cama para que ela pudesse descansar e logo entrou na cozinha para poder preparar um café para Yubin, que logo teria de ir.
Yubin permitiu sua irmã entrar dentro de sua zona de conforto, onde se distraia com qualquer coisa que não fosse o penetrante olhar da médica que a sabia ler como ninguém, afinal elas cresceram juntas.
Siyeon conseguiu realizar seus objetivos sem cometer nenhuma atrocidade e considerou isso uma vitória, se permitindo respirar fundo. Não precisa estar tão nervosa.
As Lee se sentaram e aproveitaram a companhia uma da outra. Enquanto isso, os céus se fechavam aos poucos indicando uma chuva que em breve seria derramada e isso deixou Siyeon em estado de alerta.
Yubin não entendeu bem o porquê, mas o despertador em seu relógio a indicou que a mesma não teria muito tempo para conversar com a irmã, então não tardou em iniciar uma conversa, que ambas sabiam, poderia não ser tão agradável.
- Siyeon unnie? - chamou - está tudo bem?
- Sim? Ah quer dizer claro, só fiquei... nervosa
- A chuva? - deduziu a Lee mais nova.
- A garota – respondeu, dessa vez olhando Yubin nos olhos. A mais nova conseguia perceber o nervosismo da irmã, era como se pedisse socorro em silêncio através de seu olhar – ela tem medo de chuva.
- Ei... fica calma, vai ficar tudo bem – Yubin consolou a mais velha ao ver Siyeon desviar o olhar limpando suas lágrimas.
- Por que...por que alguém faria uma coisa dessa? - disse Siyeon chorosa – o que uma criança pode ter feito para merecer isso?
- Unnie...
- Eu sei que eu deveria ter ligado para a polícia, mas eu não... eu não aguentei, não podia deixar ela sozinha, ela... ela não merecia isso.
- Unnie está tudo bem, ela está bem agora. – Dami dizia enquanto segurava a mão de Siyeon.
Depois de alguns minutos em silêncio, onde Siyeon conseguiu se acalmar, sua respiração ainda parecia pesada, como se estivesse receosa. Após um suspirar, a mesma tomou coragem para perguntar o que tanto lhe perturbava por dentro.
- E depois? - O olhar de Siyeon era afiado, acusador e duro, ao mesmo tempo que frágil e triste. Suas lágrimas caiam que nem as gotas de chuva e seu corpo parecia erguer paredes grandes demais para o sentimento que lhe surgiu.
- Você sabe, vamos deixá-la com algum profissional responsável e deixar que-
- Vamos abandoná-la de novo - cortou Siyeon.
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To Hold To Cherish
FanfictionExistem alguns tipos de amor que extrapolam as barreiras sanguíneas e se unem por uma ligação para além da explicação científica ou racional. Estes certos sentimentos são intensos e leva duas almas a se conectarem de uma maneira que ninguém é capaz...