Os Portões Abertos

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A manhã chegou mais rápido do que eu esperava. Eu mal tinha dormido, minha mente ainda presa nos eventos do dia anterior. Minho estava quiet quando nos encontramos para o treino. Algo sobre sua postura me dizia que ele estava mais alerta que o normal, e eu não podia evitar me sentir da mesma forma.

- Hoje vamos treinar perto das paredes - ele disse de repente, enquanto ajustava o equipamento em volta da cintura. - Não podemos ir muito longe.

- Algo mudou? - perguntei, incapaz de conter minha curiosidade.

Minho me olhou de relance, mas não respondeu imediatamente. Ele parecia estar escolhendo as palavras com cuidado.

- Só acho que é mais seguro assim - disse por fim

Aceitei a resposta, mesmo sabendo que ele estava escondendo algo. Enquanto começávamos nosso trajeto pelo labirinto, minha cabeça girava em possibilidades. A sensação de que algo estava errado não saia da minha cabeça.

Depois de algumas horas de treino, paramos para descansar perto das paredes, longe da zona onde os Verdugos costumavam rondar. Eu me sentia exausta.

O fim do dia chegou, e o crepúsculo pintava o céu da Clareira em tons laranja e roxo. Eu ainda sentia o olhar de Gally me acompanhando de longe enquanto as portas do labirinto se fechavam com um estrondo ensurdecedor. O som era sempre o mesmo, mas hoje parecia ainda mais ameaçador. Eu sabia que havia algo importante escondido entre as paredes, algo que Gally e talvez até Minho temiam revelar.

Depois do jantar, sentei-me perto da fogueira novamente, tentando colocar meus pensamentos em ordem. Chuck veio se sentar ao meu lado, sempre animado, como se o peso do labirinto não o afetasse da mesma maneira que aos outros.

- Você parece preocupada, Luna. Tem alguma coisa acontecendo? - ele perguntou, dando-me uma cutucada amigável no ombro.

Suspirei, tentando não carregar Chuck com as minhas preocupações. Ele era uma das poucas fontes de leveza naquele lugar sombrio.

- Só os treinos - respondi, com um sorriso forçado. - Estão ficando mais difíceis.

Ele riu.

- Minho não facilita mesmo...bom é o que dizem,mais você é forte. - Falou carinhosamente.

Sorri mas meu olhar foi além da fogueira, onde Gally passava, olhando para mim com aquele mesmo sorriso enigmático. Ele parecia que sabia exatamente o que estava acontecendo, e estava gostando de me deixar confusa.

Assim que Chuck se afastou, eu me levantei. Não podia mais adiar isso. Precisava confrontar Gally e descobrir o que ele sabia. Encontrei-o sozinho perto das construções, longe dos outros Clareanos.

- Gally - chamei, tentando soar firme.

Ele se virou devagar, como se estivesse esperando por mim.

- Luna, o que houve? Está perdida? - perguntou com aquele tom despreocupado que me irritava.

- Quero saber o que você sabe sobre o labirinto. E não me venha com enigmas desta vez - falei, cruzando os braços.

O sorriso dele sumiu por um instante, e seus olhos brilharam com algo que parecia um misto de surpresa e interesse. Ele deu um passo à frente, me analisando com mais atenção.

- Você é mais esperta do que eu pensava - murmurou. - Mas saber demais pode ser perigoso, Luna.

Eu o encarei, determinada.

- Não estou pedindo a sua opinião sobre o que é ou não perigoso. Minho me disse que você tem feito perguntas... o que está escondendo?

Por um momento, ele ficou em silêncio, como se estivesse decidindo se deveria confiar em mim. Finalmente, ele falou.

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