Capítulo 14 - Viviana Rodriguez

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Choveu. 


    Dante não é a melhor pessoa para definir o começo, portanto é melhor seguirmos adiante. Em específico, rumo aos pingos acariciando-o feito a carícia a qual sua carne implorava. 


    E o chuvisco evoluiu para uma tempestade. Justo quando caminhava pelo Calçadão sem um guarda-chuva, voltando ao momento que sua mãe disse que o dia amanheceu de mal humor.


    O tapete de ladrilhos morreu para o cinza infinito no céu, ocupado apenas pelo garoto. A linha entre o dia e a noite cada vez mais aparente graças ao clima.


    Sem rumo, ele passou em frente de diversas fachadas de lojas, dos restaurantes caros aos mercados de nomes respeitados. Sempre protegido pela cobertura do comércio, até estar fora dela. 


    Dante estava encharcado.


    "Realmente não tem como esse dia piorar", lamentou a si mesmo.


    Frustrado, não custou nem um 1 metro completo em pura água e recorreu aos instintos, adentrando a loja mais próxima: a Livraria Soturna, propriedade da única amiga que Viviana provavelmente teve. 


    A Rodriguez nunca foi alguém sociável, muito menos uma pessoa fácil de se lidar. Contudo, com tia Lídia costumava ser diferente. A dupla andava e pensava em conjunto, agiam feito unha e carne, independente da situação.


    Ela não era uma pessoa sociável, e muito menos alguém fácil de se lidar, só que com a tia Lídia era diferente. A dupla era unida feito unha e carne, andavam e pensavam juntas. Independente do tempo, a magia nutria a relação.


    Naquele dia, tia Lídia não estava ali, no posto de sempre, levando adiante o trabalho da sua vida. "Será que já havia recebido a maldita notícia?"


    Pedro quem cuidava da loja. O neto dela precisou de alguns segundos com aquele olhar de "eu o conheço de algum lugar" até reconhecer um Dante prestes a desistir de permanecer na loja.


    ㅡ Dante? ㅡ Franziu o cenho e sorriu, surpreso. ㅡ Não te vejo desde antes da quarentena... 


    O Rodriguez assentiu com pesar, forçando simpatia.


   ㅡ Poxa, eu... eu sinto muito pelo que houve com a tia Vita, de verdade. 


    ㅡ  Eu sei, Pedro. 


    ㅡ Então, precisa de algo? Não deveria estar no enterro dela? Fiquei de cobrir a vovó para ela ir lá; estou preocupado com ela. 


    ㅡ Enterro? ㅡ Dante indagou. 


    ㅡ Merda. ㅡ Ele travou, não sabendo como prosseguir. ㅡ Dan, a sua avó...


    Morreu? Sim, o Rodriguez já imaginava. Mas não respondeu Pedro, somente sentou em uma das cadeiras dispostas em frente ao balcão fazendo divisa com a vitrine recheada com as mais saborosas sobremesas. 

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