𝐄́ 𝐬𝐮𝐚 𝐜𝐮𝐥𝐩𝐚

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"𝙎𝙤, 𝙄 𝙙𝙤𝙣'𝙩 𝙗𝙡𝙖𝙢𝙚 𝙮𝙤𝙪 𝙄𝙛 𝙮𝙤𝙪 𝙬𝙖𝙣𝙩 𝙩𝙤 𝙗𝙪𝙧𝙮 𝙢𝙚 𝙞𝙣 𝙮𝙤𝙪𝙧 𝙢𝙚𝙢𝙤𝙧𝙮 𝙄'𝙢 𝙣𝙤𝙩 𝙩𝙝𝙚 𝙜𝙞𝙧𝙡 𝙄 𝙤𝙪𝙜𝙝𝙩 𝙩𝙤 𝙗𝙚"

𝙂𝙤𝙤𝙙𝙗𝙮𝙚, 𝙈𝙮 𝘿𝙖𝙣𝙞𝙨𝙝 𝙎𝙬𝙚𝙚𝙩𝙝𝙚𝙖𝙧𝙩
                              𝙈𝙞𝙩𝙨𝙠𝙞

                                       ✭ ✺ ✭

- E então Antony? - Pergunto.

Ele olhava para o chão, visivelmente desconfortável com tudo aquilo, mas depois do que tinha acontecido eu merecia saber o motivo, ele devia isso a mim e sabia disso.

- Mateo, você lembra de quando Ethan morreu? - Era possível sentir o peso em suas palavras, cada uma pronunciada minuciosamente.

Quando recebo essa pergunta, todas as memórias vem junto.

Há quase 3 anos quando recebi a notícia de que Ethan tinha morrido, tudo acabou. Ekyoto mal me ligava, mas naquele dia ela ligou, e enquanto chorava do outro lado da linha, dava pra ver o desespero em sua voz, algo que me perturba até hoje, as pausas pra conseguir respirar, a culpa que ela carregava, era algo que nunca pude sentir em nenhuma outra pessoa, e tenho certeza que aquela garota se culpa por tudo até hoje, e tudo só foi pior pela forma que Ethan morreu, ele se matou e eu tinha certeza que Ekyoto como irmã mais velha sentia que devia proteger Ethan e Antony, e quando tudo isso aconteceu ela sentia que tinha falhado. Isso tudo pra mim representou o final dos dias mais tranquilos da minha vida, e agora depois de anos sentindo o vazio de que perdi algo, pelo menos por um momento senti que Antony poderia me ajudar a como entender a preencher esse vazio, mas ele parecia tão perdido quanto eu.

- Lembro bem

- Quando isso aconteceu, nós precisávamos de ajuda, eu precisava de ajuda... precisava de você, especialmente. - Ele pausa - Mas não sei por qual motivo, você nem se importou de ir no funeral do Ethan, ele era seu amigo Mateo, e ainda por cima era meu irmão.

Não adiantaria, nada que eu falasse podia justificar minha ausência nesse dia, é claro que se eu pudesse ter ido eu iria, mas muitas coisas me impediam de estar lá, principalmente meus pais.

- Desculpa - Era a única coisa que saia da minha boca, nós ficamos em silêncio, agora era eu que estava desconfortável, seus olhos queimavam os meus que sempre se desviavam tentando não ver a gravidade de tudo que tinha acontecido.

- E você quer saber o porque me afastei? Quer saber o porque que eu não te respondi? O porque que todas as vezes em que você insistia em ir na porta da minha casa eu nunca atendia? É porque no dia em que eu mais precisei de você, você não estava lá e nem tentou inventar alguma desculpa, na verdade nem tentou perguntar se eu estava bem, é assim que você se preocupa? - A cada palavra que ele falava em sentia uma dor maior, acho que preferia nunca ter ouvido nada disso, mas ele não parava, parecia que nunca iria parar.

- Me fala Mateo, porque você não foi?

Minha boca se abre mas nenhum som sai, eu nem sabia como começar a falar, tudo parecia ridículo, como que eu poderia dizer que o motivo era que meus pais não me deixaram ir no funeral porque segundo eles "nós não poderíamos nos misturar com esse tipo de gente", as vezes nós só não falamos as coisas, e agora era uma dessas vezes. Então nós só ficamos em silêncio de novo, um silêncio mortal.

Antony respira fundo tentando manter a calma, sem nenhuma resposta.

- Obrigado por ter me ajudado hoje, mas eu não preciso de você, há dois anos eu precisava, agora não. Então por favor, para de tentar fazer tudo voltar a ser como era antes, nada vai voltar, o nós não existe mais Mateo, isso é muito complicado de entender? É sobre aquele abraço, aquilo não significou nada pra mim e espero que pra você também não, e se significou, saiba que você é único que vê importância numa coisa tão banal quanto um abraço.

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⏰ Última atualização: Oct 19 ⏰

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𝑨𝒏𝒕𝒐𝒏𝒚 𝒊𝒔 𝒃𝒍𝒖𝒆Onde histórias criam vida. Descubra agora