MY SKY

UM

Skyler Samuels

Poucas coisas nessa vida me deixam tão brava quanto o fato de alguém fazer Justin ficar triste. Justin não fica triste normalmente, pois ele é sinônimo de alegria até nos dias ruins. Então se o dia ensolarado que é meu irmão fica triste, todos terão o desgosto de ter um dia nublado como ele.

- Ele disse que se a mamãe foi embora, é porque eu sou um inútil que não sirvo nem mesmo como filho. - a voz embargada de Justin aperta meu coração, e junto todo meu autocontrole para não derramar as lágrimas que querem cair. - É verdade, Sky?

- Que? - minha voz falha, e encosto o carro na calçada. - Mas é claro que não, Justin. Claro que você não é um inútil e a mamãe ter ido embora não é culpa sua e nem minha. A mamãe é assim, ela vai e vem, é inconstante... Isso não é sobre a gente, é o que ela é. 

- Sky, fica mais uns dias, por favorzinho. - Justin implora, e encaro seus olhos cheios de lágrimas.

Seco suas lágrimas e o encaro, querendo proteger ele de tudo que possa machucá-lo.

- Justin, eu não posso mesmo. Eu gostaria... Mas preciso voltar para a faculdade. Lembra da minha promessa?

- Você vai voltar quando tudo estiver certo e me buscar para vivermos juntos. - fala, entre soluços.

- Um pelo outro pra sempre. 

🏈

Após levá-lo para dentro da casa dos nossos avós, me despeço e com toda fúria marcho rumo a escola para acabar com o garotinho estúpido que ousou machucar meu irmão.

- Skyler Samuels! - a voz da minha avó reverbera, e limito meus passos. - Pare agora!

Giro os calcanhares e fico de frente para minha avó.

- Não vou deixar ninguém maltratar o Justin e essa ideia de vocês que sempre temos que ser tolerantes é incabível!

Eu odeio essa cidade. Odeio como as pessoas daqui olham para mim, Justin e meus avós. Odeio o que minha mãe fez com a gente, como ela foi tão displicente e negligente. Odeio meu pai ter morrido, odeio o pai do Justin e odeio como nossos avós tentam agir com normalidade quando na verdade nossa vida nesse lugar foi um desastre horroroso.

Por isso fui embora daqui, e estou me esforçando para um dia tirar Justin daqui.

- É apenas uma criança mal criada, Skyler. - minha avó tenta argumentar, porque ela odeia conflitos e brigas.

- Uma criança burra! - meu avô, um pouco mais parecido comigo, fala por cima da minha avó.

- E eu não sei ser condescendente com gente burra, ainda que tenha pequena estatura! - respondo, irritada. - Eu vou resolver isso!

- Não, não vai! - a voz autoritária e potente do meu avô ressoa na sala. - Justin é nossa responsabilidade e sua responsabilidade é a faculdade! Agora você vai voltar despreocupada, querida. Nós vamos cuidar no menino.

- E o pai dele?

Não sei porquê ainda pergunto se já sei a resposta.

Minha avó balança a cabeça negativamente, dando a entender que o pai deu mais um intervalo demorado de sumiço.

Isso não é justo... Justin merecia uma vida boa, com bons pais e em um lugar que se sentisse bem.

- Precisamos que você tenha uma vida boa, Skyler. Somos um pelo outro, mas não somos pra sempre. - minha avó diz, com a voz fraca.

Isso me assusta. Saber que eles não serão pra sempre, e que um dia, de fato só será eu e Justin, um pelo outro. Após me tranquilizar, me despeço dos meus avós e vou embora da minha cidade Natal em busca de uma vida boa.