O silêncio parecia ter vida própria, pairando pelos corredores da casa. Era um silêncio pesado, tão pesado que eu quase podia sentir sua pressão nas paredes. O relógio no meu celular marcava seis da manhã, mas não passava de um horário qualquer, perdido em uma noite que pareceu infinita. O mundo ao meu redor estava parado de forma agonizante, trazendo desconforto a minha mente já agitada.
Eu estava exausto. As olheiras profundas e o peso nos ombros me lembravam das últimas noites sem dormir. Receber a notícia de que estudaria na prestigiada (e assustadora ) "Escola Particular de Ensino Médio Silver Oak" tinha, ao invés de me motivar, criado uma inquietação insuportável que tirou meu sono pelas últimas longas oito noites. “Esse lugar pode resolver seus problemas, vai ser bom pra você”, disseram meus pais, mas essas palavras soavam pra mim mais como uma sentença do que uma oportunidade. Silver Oak, simplesmente ela, a escola mais cobiçado do mundo. Ela não era só famosa — era praticamente lendária! Os sortudos que entravam alí íam da água para o vinho. Quem vê de fora pensa que eles foram abduzidos e trocados por impostores - e mesmo que fossem, eu com certeza não duvidaria. A escola se baseia em três princípios de alunos: Classe social, Intelecto e Personalidade, sendo o principal a personalidade. Pra esse lugar, basicamente quanto mais esquisito, melhor. É uma escola Anos luz a frente das demais, se destacando por métodos diferentes e confidenciais que parecem até assunto de governo. Seus alunos em sua maioria diferentes, com personalidades tão distintas mas se dando incrivelmente bem. Apesar de nenhum deles dizer a público como se tornaram tão exemplares e transformados, todos falam super bem desse lugar, oque sinceramente, é algo que vejo como o mínimo que eu particularmente espero de uma escola que se assemelha a uma cidade, pela variedade de coisas que tem lá, e o sistema de internato interativo e incrivelmente funcional.
Porém, pra mim... A ideia ser transformado em uma nova pessoa me parecia algo incalculável, incabível, quase impossivel. Seria como uma peça trocada em um quebra-cabeça que não pertence a mim. Eu sou…Pra começar, eu não faço ideia de como eu fui aceito lá: minhas notas sempre são medianas; Minha família só tem uma casa tão grande e bonita por herança da minha avó; minha personalidade é completamente mesquinha, como eu fui aceito naquela merda? Eu sou, simplesmente eu, o simples e problemático Kris, ou o famoso "simples e funcional". Seja como for, acho que está claro que eu sou simples demais pra um lugar como aquele, simples demais para ter expectativa de mudança.
E foi com esse tipo de pensamento que passei últimas oito noites sem dormir, preso entre o medo e a ansiedade. Eu sequer conseguia imaginar como seria o primeiro dia; só o peso de pensar nisso me tirava o sono! Deitado, observando a escuridão ao meu redor, a insônia me parecia um monstro sussurrando pensamentos ruins em relação a escola nova.
Perdido em pensamento ruins, meu celular vibrou de repente, me salvando de mim mesmo. Na tela, uma surpresa incomum me chama a atenção o nome de Miranda — que diga-se de passagem, é minha melhor amiga — aparecia junto de um simples: “Oi… já acordou?”.
Normalmente sou eu que mando a primeira mensagem, mas dessa vez ela se adiantou. Talvez também estivesse ansiosa demais para se conter. Abro um sorriso fraco misturado com uma face confusa, como se ela estivesse me vendo através da tela, e digitei rapidamente.
— Tô sim... na verdade... desde o domingo passado...Hahaha...—isso soou mais como uma risada de nervoso do que uma risada cômica.
Um emoji de surpresa junto de um de frustração aparecem logo em seguida, e por um instante, senti o peso aliviar um pouco. Logo em seguida, ela responde:
— Meu Deus Kris, você precisa dormir, garoto!
Revirei os olhos dizendo para mim mesmo na intenção de dizer a ela "eu sei", e digitei sem pensar:
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Turbilhão
Teen FictionKris é apenas um garoto comum, com uma vida que ele gosta de chamar de "simples e funcional" - uma forma elegante de desculpa que ele usa para tentar enganar a si mesmo sobre coisas que não quer fazer, inclusive, em ir para a tão renomada Escola Par...