Capítulo 9

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Gael

Depois que Matteo e eu fizemos as "pazes", me senti estranhamente aliviado, como se um peso tivesse sido tirado de mim. Retornei ao castelo, a cabeça ainda girando com tudo o que havia acontecido. Porém, ao me aproximar do quarto, notei uma figura parada à porta. Uma donzela, de cabelos presos em um coque simples e expressão séria. Quando ela me viu, endireitou-se imediatamente, curvando-se levemente.

— O senhor é o príncipe Gael?

— Sou. O que deseja? — respondi, intrigado.

— A rainha consorte lhe chama, alteza. Por favor, me acompanhe.

Algo no tom dela me deixou em alerta. Não conhecia a rainha consorte de Roma já que ouvi apenas boatos de que ela e uma pessoa horrível e arrogante. Mesmo assim, segui a donzela pelos corredores do castelo, até chegarmos a uma enorme porta ornamentada. Ao abri-la, fui recebido por uma atmosfera tensa. Lá estava ela, a rainha consorte, sentada em uma cadeira alta, quase como se estivesse em um trono. Seus olhos me analisaram de cima a baixo, um sorriso frio brincando em seus lábios. O ambiente inteiro parecia carregado de hostilidade.

— Finalmente o príncipe aparece — ela disse, sem nem ao menos me dar tempo de me acomodar ou responder.

— Sua majestade me chamou — falei, mantendo a postura firme, mas cautelosa. Já sabia como a rainha consorte operava: ela adorava jogos de poder e manipulação.

Ela deu uma risada seca, um som sem alegria, quase venenoso.

— Chamá-lo foi um exagero, não acha? Afinal, estou apenas tentando entender como alguém tão... inconsequente tem sobrevivido até agora. Talvez seja sorte? Ou talvez seja a forma como sua mãe foi embora tão cedo que lhe rendeu uma certa simpatia do povo.

A menção à minha mãe fez meu sangue gelar, mas eu não daria o gosto de ver que aquelas palavras tinham me afetado.

— Minha mãe me ensinou a lidar com situações como essa — respondi, a voz firme. — Ela me ensinou a reconhecer manipulações e jogos vazios. Imagino que essa reunião seja um exemplo.

Os olhos dela se estreitaram, um brilho de irritação atravessando seu rosto.

— Você é muito mais ousado do que eu esperava. — Ela se levantou da cadeira, caminhando ao redor de mim, como um predador rondando sua presa. — Mas ousadia sem inteligência só leva à queda. Eu o observo, príncipe. Vejo o quanto tenta ser algo que não é. Talvez seja a hora de aceitar seu lugar.

— E qual seria esse lugar, sua majestade? — perguntei, sem me abalar. — No fundo da sombra de alguém como você?

Ela parou de andar, surpresa com minha resposta direta. Seus lábios se curvaram em um sorriso venenoso.

— Sombras, Gael, são o destino de quem não tem coragem de liderar de verdade. De quem prefere a segurança de ficar de lado, deixando outros lutarem suas batalhas. Você pode brincar de líder, mas no fundo, todos sabemos que não é mais do que uma criança mimada, vivendo em fantasias.

Eu respirei fundo, mantendo a calma que começava a escapar por entre os dedos. Mas sabia que precisava virar aquele jogo, ou ela me esmagaria com suas palavras.

— Fantasias? — perguntei, cruzando os braços, num gesto calculado de desdém. — Fantasias são aquelas em que as pessoas acreditam que podem governar apenas com medo e manipulação. Ou que, por terem uma posição elevada, podem menosprezar aqueles que estão ao redor. Sua majestade, com todo o respeito, o verdadeiro líder não é aquele que impõe respeito com palavras afiadas, mas aquele que conquista a confiança sem precisar delas.

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⏰ Última atualização: Oct 17 ⏰

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