Eu definitivamente odeio meu nome. Quem em sã consciência coloca o nome de uma criança em pleno século XXI de Leopoldo. E ainda acrescentava o Junior para foder com o psicológico da criança. Então, esses foram meus pais, sem um pingo de senso e zero de amor.
Meus pais, são um casal de uma elegância impecável, mas a falta de sentimentos de ambos era algo surreal. Minha mãe comanda a casa como um general em campo de batalha. E meu pai é seu subordinado que acata cada mando e desmando dela.
Minha irmã, Alena, é uma putinha que não conseguiu o que queria na vida e agora faz do projeto pessoal dela, me infernizar até a morte. Eu rebato com a mesma moeda. Pelo menos tento, pois a cadela tem as costas protegidas pelos nossos progenitores.
Com dezesseis anos em uma briga séria com os meus pais, peguei um dos carros na garagem, sai cantando pneu pelas ruas da cidade. Ninguém me parou no caminho e aquilo me chamou a atenção, estacionei o veículo em um bairro que nunca tinha colocado os pés antes. O barulho do local me indicou que lá era uma pista de kart. Mesmo com receio, eu fui até a entrada, apresentei um documento falsificado que tinha feito para usar quando queria ir às boates junto com a turma da escola. Todos eles tinham esses documentos e eu embarquei nessa, fazendo um para mim também.
Assisti um pouco as corridas e lembrei da época que o Bernardo, ex-noivo da Alena, corria no autódromo. Cheguei a assistir algumas, mas eu não gostava muito na época. Ia somente para ser o irmão pentelho. Tinham naquela pista aproximadamente doze carros, pensei que se consegui trazer um carro até aqui, eu poderia correr naquela pista.
Perguntei na recepção como fazia para correr, a jovem me passou o formulário de preenchimento e os valores. Paguei com o meu cartão de débito, onde minha mesada era depositada e assisti a palestra de orientação dos comandos. Uma hora depois estava sentado no banco do piloto. Larguei em nono, mas consegui ficar em terceiro. Foi a melhor sensação que tive durante toda a porra da minha vida. Sorri como um idiota e peguei a foto que me entregaram do meu pódio.
Dentro do carro, liguei para a Eva, minha namorada, que estava novamente internada, ela me ouviu e ainda me incentivou a continuar com as corridas, pois sentiu pela primeira vez que eu estava sendo feliz de verdade. Chorei quando desliguei o telefone, eu sentia que o nosso tempo junto estava acabando. Pois, as idas dela no hospital estavam cada vez mais frequentes.
Voltei para casa ganhando uma bronca do general, ops, da minha mãe, fui para meu quarto como castigo e me deitei na minha cama tirando de dentro da minha blusa a foto da minha conquista.
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Entrelaçados - Nosso amor insano
Roman d'amourO que você faria se alguém que amasse muito te pedisse para se desapegar e seguir sua vida sem ela? Essa resposta eu busco dia após dia a quase cinco anos. O meu grande amor foi tirado da minha vida prematuramente, e sem ter onde me segurar, eu come...