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Gabriel Medina

Encarei o garoto loiro a minha frente, ele estava sentado no balcão da cozinha, uma torrada e um pote de geleia vazio ao lado dele.

- Bom dia, papai! - Ele exclamou, com um sorriso falso no rosto -.

- O que você fez dessa vez? - Questionei, vendo ele se fazer de bobo -.

- Não sei do que está falando, pai -.

Peguei o pote de geleia de morango, havia sido comprado ontem.

- Margareth acabou de pedir demissão, você jogou toda a geleia nela, não é? - Ele deu de ombros enquanto mordia uma fatia da torrada -.

Aproveitei e limpei um pouco da geleia na bochecha dele - Isso foi o que te entregou - Falei com o rosto sério.

- Ela não é legal como a vovó - Miguel disse - Ninguém é legal como ela ou como a titia Sophia.

O olhei melhor, Miguel estava sendo uma criança difícil de lidar ultimamente. Na verdade, Miguel era difícil de se dar bem com alguém, ele não gostou de nenhuma ex-namorada minha, nem mesmo quando me casei.

- Quero ver a vovó Cecília, por favor - Ele pediu -.

- Você sabe que ela ainda não voltou da Áustria- Respondi, terminando de limpar toda a geleia no rosto dele - E precisamos conversar sobre seu comportamento.

- Não tenho culpa se nenhuma de minhas babás são legais - Ele rebateu -.

- Mas tem culpa de todas pedirem demissão - Um pequeno sorriso quis sair na face dele -.

Miguel passou a mão em seus cabelos loiros e logo me olhou.

- Você não pode fazer isso, está bem? Fiquei muito decepcionado com seu comportamento hoje.

- Se a mamãe estivesse aqui, eu não ia precisar de nenhuma babá, seríamos apenas nós 3 - Ele bufou, realmente doía ouvir meu filho dizer aquelas coisas, mas não há nada que eu possa fazer desde a partida da mãe dele -.

Me abaixei na altura do mesmo, olhando bem em seus olhinhos azuis, os mesmos que ele havia puxado para a mãe dele, Aurora Fontenelle.

- Nós já conversamos sobre isso - Me levantei e peguei na mão dele, o levando até a sala de estar, onde já havia uma roupa separada -.

Peguei o casaco e o tênis do mesmo enquanto Miguel terminava de vestir a camisa sozinho.

- Você vai me acompanhar em uma entrevista hoje, ok? - Ele balançou a cabeça positivamente, não parecendo muito contente - Se não tivesse jogado geleia na Margarete, poderia passar o dia no parque.

...

No fim da entrevista, olhei para Eduarda, ela é tia materna do Miguel, e trabalha há alguns anos no meio da mídia. Ela olhava para Miguel, que estava sentado enquanto lia uma revista do Batman.

- Dia de pai e filho? - Ela questionou, voltando o olhar pra mim -.

- A babá pediu demissão hoje - Ela soltou uma pequena risada ao ouvir aquilo - Já é a 5° babá, e ainda estamos em outubro.

Eduarda pensou em algo no momento, mas hesitou antes de falar.

- Precisa de uma babá nova então? - Ela perguntou, mexendo na bolsa dela, atrás do celular, provavelmente -.

- O mais rápido possível, não gosto que ele me acompanhe em público desde.. "aquilo" - Falei me referindo a um antigo momento -.

Ela pegou o celular, o desbloqueou e me olhou novamente em seguida.

- Tenho uma amiga, ela é nova na cidade e precisa de um emprego. Ela é ótima com crianças

- Nova na cidade? - Perguntei após sentir uma leve pulga atrás da orelha -.

A de cabelos negros continuou mexendo em seu celular, aparentemente procurando algo no aparelho.

- É, ela se chama Helena Castro, veio de Manaus pra fazer faculdade aqui, chegou essa semana -.

- Você não entende, não deve existir uma babá no mundo todo que o Miguel vai gostar algum dia.

- Não, você não entende. Ela é incrível crianças, eu não recomendaria uma pessoa ruim ou chata pra cuidar do meu sobrinho - Um barulho de notificação chegou em meu celular - Te enviei o número dela, vou conversar sobre com ela, mas não é como se ela estivesse em condições de negar um emprego.

Eduarda se virou de costas, ela caminhou até Miguel, depositando um beijo em sua teste e saindo pela porta do estúdio em seguida. Ele andou até mim alegre.

- Papai! - Ele sorriu enquanto exclamava - A titia Eduarda disse que a vovó volta hoje!

- Talvez possamos visitá-la - Respondi, pensando em mandar mensagem para a tal Helena -

...

Coloquei Miguel na cama dele, o embrulhei enquanto ele observava um quadro de sua mãe.

- Eu pareço com ela, não é? - Ele perguntou, passou os dedos pela tela do quadro -.

- Muito - Respondi, me sentando do lado da cama dele - Quase como uma cópia dela.

Um pequeno sorriso brotou em seu rostinho.

- Que bom, porque ela é muito linda - Ele riu consigo mesmo -.

- Boa noite, papai - Ele disse, guardando o quadro na mesinha ao lado da cama dele e apagando a luz do abajur -.

- Boa noite, Gael - Disse, dando um beijo na testa do mesmo, e saindo do quarto -.

Desci as escadas, me sentando no sofá da sala. Encarei meu celular, pensando se mandaria mensagem para a garota, da mesma maneira, já era tarde, não me importei, pegando o celular da mesma forma e digitando o número que Eduarda compartilhou comigo.

Babá do Miguel(?)

Boa noite!
Não sei se sua amiga Eduarda já conversou com você. Mas estou precisando urgentemente de uma babá, é um garoto de 7 anos.

Enviei a mensagem, a resposta só viria de manhã muito provavelmente, desliguei a luz da sala e subi as escadas, indo para meu quarto. Me deitei e me embrulhei, deixei o celular em cima da mesinha ao lado da cama. Alguns minutos antes de cair no sono, ouvi o barulho de algumas notificações no celular.

Babá do Miguel(?)

Boa noite! Perdão a demora.
Ela conversou comigo sim, estou disposta para a vaga sim, tem algum dia que eu possa ir conhecer a criança?

Podemos nos encontrar e resolver tudo sobre o salário, os horários e tudo mais amanhã, se estiver disponível.
Posso cancelar algumas coisas da minha agenda para nos encontrarmos e discutirmos sobre.
Às 08:30, ok?
Vou te enviar a localização certa.

Ok, às 08:30.

Notas da Aurora: Oi meus amores, já estava com vontade de publicar essa história há algum tempo. Espero que gostem dos próximos capítulos ❤️.

𝐍𝐀𝐒 𝐎𝐍𝐃𝐀𝐒 𝐃𝐎 𝐒𝐄𝐔 𝐂𝐎𝐑𝐀𝐂𝐀𝐎 | 𝑮𝒂𝒃𝒓𝒊𝒆𝒍 𝑴𝒆𝒅𝒊𝒏𝒂Onde histórias criam vida. Descubra agora