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Helena Castro

Abri a porta do meu apartamento, entrando no mesmo, cheguei em Maresias há menos de 1 semana. Coloquei a ecobag em cima da mesa da sala, os dias ainda estão sendo monótonos, apenas da faculdade para casa e de casa para a faculdade, ainda não tive um bom tempo para conhecer a cidade direito, nem ao menos para realmente conhecer e aproveitar a beleza da praia. Falo com meus pais todo dia por ligação, não é muita coisa, é mais para atualizá-los. Abri as janelas do apartamento, deixando a luz iluminar o ambiente. Logo me sentei no sofá, vendo as notificações em meu celular, vi as notificações de Eduarda, uma excelente jornalista e apresentadora, a uso como inspiração para mim. Uma ligação dela chegou ao meu celular.

— Alô? — exclamei, esperando pelo o que Eduarda tinha a dizer —.

— Ainda precisa daquele emprego? — Ela disse como se fosse algo simples — Arranjei algo, não é no ramo jornalístico, mas o salário vai ser bom e eu já te indiquei.

Sorri do outro lado da linha, não era apenas uma proposta de emprego, eu havia sido indicada por ela, um nome grande.

— Helena? Você está aí? — Ela disse do outro lado, me fazendo sair de meu transe mental —.

— E-estou sim! — respondi rapidamente — Eles vão me contatar? Como é essa vaga?

Questionei com a voz entusiasmada, era impossível que Eduarda não percebesse do outro lado da linha.

— É um trabalho como babá — Meu sorriso sumiu de meu rosto, acho que ela percebeu a mudança de humor, mesmo que não pudesse me ver — É pra ser babá do meu sobrinho, acho que você já deve saber.. filho do Gabriel Medina.

— O que? — Perguntei chocada —.

Eu já sabia que Eduarda era irmã gêmea de Aurora Fontenelle, uma modelo de sucesso, mas que havia falecido no parto de seu filho, mas não me recordava direito quem era o pai da criança, minha vida é muito puxada, sempre foi, não acho que tenho tempo de sobra o suficiente para ver as desavenças nas vidas dos famosos.

— Ele ganhou bronze nas últimas olimpíadas, não foi? — Questionei, não querendo deixar o assunto morrer, ou pior, perder a vaga de emprego —.

— Exato, Gabriel vai te mandar mensagem — ela disse, ainda séria — Eu sei o quão boa você é com crianças, cuide bem dele, é o meu sobrinho.

— Não vou te decepcionar, eu juro — respondi —.

...

Continuei em meu apartamento, não é lá grande coisa, mas é um ambiente confortável - e barato também -. Às vezes - sempre - sinto saudades de casa, de minha família, de meus amigos. É incrível como a vida pode mudar, até semana passada eu nunca nem havia saído do meu estado, hoje estou do outro lado do Brasil, estudando em uma excelente faculdade, e com uma natureza que nunca vi igual.

Observei alguns retratos que havia pendurado no dia da mudança, uma maneira de não deixar de sentir saudade daqueles que continuaram lá.

Após desligar o telefone, fiquei olhando para a tela por alguns segundos, absorvendo o que acabara de acontecer. Minha mente ainda processava a ideia de trabalhar para o Gabriel Medina, alguém tão conhecido, e ao mesmo tempo tão distante do meu mundo. Eu sempre admirei as grandes conquistas no esporte, mas jamais imaginei estar próxima de uma figura pública desse porte, e muito menos como babá do filho dele.

Coloquei o celular de lado, me recostei no sofá e respirei fundo. Não era o emprego dos meus sonhos, mas era uma oportunidade. Uma oportunidade que poderia me proporcionar contatos, experiência e, quem sabe, até algo mais significativo no futuro. Eduarda confiava em mim, e isso já me dava uma certa segurança. Além disso, o salário prometia ser bom, o que não era algo para se desprezar quando se está vivendo sozinha em uma cidade nova.

Levantei-me, fui até a cozinha e abri a geladeira. Peguei uma garrafa de água, enquanto olhava pela janela. O sol estava começando a se pôr, pintando o céu com um degradê de laranjas e rosas que se misturavam com o azul. As praias de Maresias eram conhecidas pela sua beleza, e ver aquela paisagem me lembrava do quanto eu ainda não tinha aproveitado.

Com o copo de água nas mãos, voltei para a sala, mas dessa vez com uma determinação renovada. Talvez esse emprego fosse o que eu precisava para sair da rotina monótona de casa e faculdade. Um novo desafio. Algo que me tirasse da zona de conforto.

O pensamento de estar ao lado de uma criança também me trouxe uma certa tranquilidade. Lembro-me de cuidar dos meus primos quando eram pequenos, e o quanto eu gostava disso. Crianças têm uma forma de transformar qualquer ambiente, de trazer uma leveza que, às vezes, a vida adulta rouba de nós. Quem sabe, passar um tempo com a criança do Medina poderia me ajudar a ver o mundo de outra forma mais leve, mais simples.

Enquanto ponderava sobre isso, meu celular vibrou na mesa. Era uma mensagem.

Meu coração deu um salto

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Meu coração deu um salto. Ele foi direto e objetivo, como eu imaginei que seria. Respondi rapidamente, tentando soar o mais profissional possível.

Ele respondeu quase que imediatamente. Deitei no sofá mais uma vez, agora sentindo um misto de ansiedade e empolgação. O que será que esse novo capítulo da minha vida em Maresias me reservava?

Gabriel Medina

A manhã seguinte havia chegado, Miguel brincava com nosso gato Simba enquanto eu terminava de arrumar as coisas, pronto para sair e resolver algumas coisas. Helena, a nova babá, estava sentada ao lado de Miguel e de Simba.

Enquanto eu terminava de colocar os últimos itens na mochila, observei Miguel dando risada enquanto Simba ronronava por mais carinho. Helena, que parecia ter uma paciência infinita, sorria discretamente, observando a interação entre Gael e o gato.

— Está tudo certo por aqui? — perguntei, mais para quebrar o silêncio do que por preocupação real.

Helena levantou o olhar, seus olhos claros cheios de tranquilidade.

— Sim, pode ficar tranquilo. Miguel é um anjinho e Simba está se divertindo também — Ela respondeu, com um sorriso no rosto —.

Eu assenti, sentindo uma pontada de alívio. Havia algo nela que inspirava confiança. Ela tinha aquele jeito calmo e maternal, sempre com uma palavra suave e um sorriso compreensivo. Miguel não parecia tão confiante com ela, já esperava isso de meu filho.

Vou resolver algumas pendências. Qualquer coisa, me liga — Disse olhando para Helena —.

Ela acenou com a cabeça, e Miguel nem sequer olhou na minha direção, ainda completamente imerso na brincadeira com o gato. Passei a mão em sua cabeça, bagunçando seu cabelo, e ele apenas riu.

𝐍𝐀𝐒 𝐎𝐍𝐃𝐀𝐒 𝐃𝐎 𝐒𝐄𝐔 𝐂𝐎𝐑𝐀𝐂𝐀𝐎 | 𝑮𝒂𝒃𝒓𝒊𝒆𝒍 𝑴𝒆𝒅𝒊𝒏𝒂Onde histórias criam vida. Descubra agora