Capítulo 1

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LUÍSA

Eu estava ao volante, tentando me concentrar no trânsito caótico da cidade, mas Sabrina e Paula tagarelavam no banco de trás, sem parar. Estávamos há tempos planejando algo diferente, e, sem pensar muito, sugeri:

— E se a gente fosse naquele restaurante novo que abriu semana passada? Ouvi dizer que é o mais badalado agora.

Sabrina soltou uma risada curta e cínica.

— Luísa, você sabe que precisa de reserva, né? É praticamente impossível entrar sem uma.

Eu sorri de lado, um pouco convencida.

— Isso não é problema. Meu pai é o prefeito. Consigo o que eu quiser.

Paula gargalhou, contagiando Sabrina.

— Ah, é? Então vamos ver se é verdade. — Paula provocou, enquanto eu só balançava a cabeça, confiante.

Minutos depois, estacionamos em frente ao restaurante. Era ainda mais elegante do que eu imaginava, com uma fachada imponente e luzes que pareciam dar um brilho especial à noite. O manobrista abriu a porta para nós com um gesto ensaiado, e entreguei as chaves sem pensar duas vezes. Ao entrarmos, fui direto à recepção, com as duas ao meu lado.

— Vocês têm reserva? — perguntou a recepcionista, simpática, mas profissional demais para o meu gosto.

Olhei para ela com a mesma confiança de antes.

— Sou Luísa, filha do prefeito. Não precisamos de reserva.

Ela franziu levemente a testa e, com um tom educado, mas firme, respondeu:

— Lamento, senhorita, mas todas as mesas estão reservadas. Precisa de uma reserva, sim.

Minha segurança começou a vacilar. Peguei o celular e, com os olhos das meninas em mim, fingi uma tranquilidade que já não sentia. Comecei a discar para meu pai. A cada toque não atendido, o incômodo crescia. Quando a chamada foi para a caixa postal, um nó formou-se na minha garganta.

— Ele... ele deve estar muito ocupado — murmurei, tentando manter a compostura. — Ele comanda a cidade, sabe como é.

A recepcionista sorriu de um jeito que me fez sentir ainda mais ridícula.

— Com certeza. Especialmente uma cidade tão perigosa como a nossa, não é?

Eu sorri de volta, sem jeito, enquanto Sabrina e Paula apenas se entreolhavam. A segurança que eu tinha minutos antes se desfez, e agora eu estava ali, parada, sentindo o peso de não conseguir tudo o que queria.

Respirei fundo e olhei para Sabrina e Paula, tentando esconder o nervosismo. Guardei o celular na bolsa, deixando um sorriso confiante aparecer enquanto encarava a recepcionista.

— Olha, o fato de eu estar aqui pode trazer muita visibilidade para o restaurante. Meu pai poderia trazer pessoas influentes para o local. — Minhas palavras saíram controladas, quase ensaiadas.

A atendente, cujo crachá indicava "Ana", riu baixinho.

— As coisas não funcionam assim, senhorita. — O tom de voz dela era educado, mas tinha uma pitada de deboche.

Estreitei os olhos e olhei diretamente para o nome no crachá.

— Ana, não é? Talvez eu devesse falar diretamente com seu chefe, então. A gente vê quem tem mais influência, não acha?

Ela manteve a calma, sem perder a compostura.

— Ele é muito ocupado. — A voz dela estava ainda mais firme agora. — É o chef e proprietário do restaurante, não tem tempo para vir até a recepção. Por isso tudo é agendado com antecedência. Estou aqui justamente para garantir que apenas clientes com reserva entrem.

Sob domínio do chef - DARK ROMANCEOnde histórias criam vida. Descubra agora