PRÓLOGO

224 17 3
                                    

Brooklin

A música vibra ao fundo, ecoando entre as paredes do salão enquanto o glamour de Hollywood tenta, mais uma vez, me engolir inteira. É sempre a mesma coisa: festas, flashes, sorrisos artificiais e conversas sem profundidade. Eu me encosto contra a parede, observando o movimento. Já faz tempo que esse brilho perdeu o encanto para mim. O que todos chamam de "vida dos sonhos" já se tornou um ciclo previsível e vazio.

Hollywood é uma cidade feita de ilusões. Nada aqui é real, exceto a pressão constante de ser perfeita. Não é suficiente ser talentosa, bonita ou mesmo bem-sucedida. Você tem que ser tudo isso ao mesmo tempo e, de preferência, parecer que não está se esforçando. Como Nicholas Alexander Chavez. Ele é o novo queridinho da indústria, sempre sorrindo, sempre encantador. Ele desfila por essa sala como se pertencesse a ela desde o dia em que nasceu, e talvez tenha mesmo nascido para isso.

Todo mundo ama Nicholas. Ele é o cara que faz a coisa certa, diz a coisa certa, e parece absolutamente inalcançável. Perfeito demais. A cada entrevista, a cada aparição pública, ele é exatamente o que Hollywood quer que ele seja: impecável. E, por mais que eu me esforce para não me deixar levar por isso, preciso admitir... há algo nele que me atrai. De um jeito irritante, quase visceral.

As pessoas sempre me perguntam o que eu acho dele, e a verdade é que não sei bem como responder. É fácil falar sobre o Nicholas que todos veem - o Nicholas que sorri para as câmeras, que nunca parece ter um dia ruim. Mas o Nicholas que eu vejo nos bastidores, longe das luzes e dos flashes, é um mistério que me intriga mais do que deveria.

Ele é gentil, claro, mas há algo mais por baixo dessa camada de perfeição. Algo que me faz querer arrancar essa fachada, só para ver o que está escondido ali. Eu poderia simplesmente odiá-lo, o que seria bem mais fácil. Mas, no fundo, o que eu realmente sinto é uma mistura confusa de curiosidade, atração... e pura frustração.

E aí está o problema. Eu odeio admitir, mas, cada vez que estamos no mesmo ambiente, eu sinto uma tensão insuportável. Uma parte de mim quer se manter distante, manter minhas desconfianças, mas a outra... A outra só quer saber como seria estar nos braços dele. Nicholas tem aquele tipo de charme que te faz imaginar coisas, coisas que não deveria estar imaginando. Coisas que incluem corpos entrelaçados e mãos ansiosas.

Eu o observo enquanto ele conversa com uma atriz a alguns metros de distância, e tudo o que consigo pensar é como seria fácil me aproximar e simplesmente ceder. Eu quero dar pra ele. Esse pensamento me faz quase rir de mim mesma, mas é a verdade nua e crua. Por trás de toda a irritação e desconfiança, meu corpo já tomou sua decisão. E, honestamente? Parte de mim odeia isso. Odeio o quanto ele me afeta. Odeio o fato de que, mesmo com toda a minha resistência, Nicholas Chavez conseguiu me fazer sentir algo que não sentia há muito tempo.

Ele se aproxima, e meu coração acelera. Sua presença é esmagadora, mesmo quando ele não está tentando. Cada movimento, cada sorriso casual, carrega um peso que me faz prender a respiração. Ele para diante de mim, aquele olhar intenso que me faz questionar se ele sabe o que estou pensando.

- Brooklin - ele diz, sua voz baixa, cheia daquela familiar confiança.

Eu deveria responder algo afiado, manter o controle. Mas tudo o que consigo pensar é em como o som do meu nome na boca dele parece mais íntimo do que deveria.

Talvez eu esteja jogando com fogo. Ou talvez, só talvez, eu esteja pronta para me queimar.

𝐤𝐢𝐧𝐠 𝐨𝐟 𝐦𝐲 𝐡𝐞𝐚𝐫𝐭 - 𝗻𝗶𝗰𝗵𝗼𝗹𝗮𝘀 𝗰𝗵𝗮𝘃𝗲𝘇 Onde histórias criam vida. Descubra agora