LUA DE MEL PT1

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LUIZA.

A cama parecia uma montanha, cheia de roupas espalhadas por toda parte. Enquanto isso, Leo, Helena e Alana pulavam nesse monte de peças como se fossem folhas de outono caindo no jardim. Não sei quem estava mais perdida, eu ou Valentina. Desde quando fazer uma mala de viagem se tornou tão complicado?

— A gente não pode mesmo ir junto com vocês? — A baixinha perguntou, sentando-se no meio da bagunça depois de tanto pular.

— Não, pequena... Leonardo! Daí de cima, não! — Disse assim que vi Leo em pé na cabeceira da cama. — Desce daí, por favor!

— 1... 2... 3... E JÁ! — Valentina o pegou no ar antes de ele pular.

— A mamãe Luiza disse não, carinha! — Ele ficou emburrado.

— Alana, para de jogar as roupas no chão, filha! — Pego a décima peça que ela jogou rindo.

— Isso não é justo! Vocês vão pra uma viagem mó legalzona sem a gente? — Lelê insistia.

— Filha, sabe há quanto tempo eu e a mamãe Luiza estamos esperando pra fazer nossa viagem de lua de mel? — Ela balançou a cabeça negativamente. — Pois é, faz MUITO tempo. A gente também precisa de um tempinho sem vocês, só nós duas.

— Não precisam, não. — Ela cruzou os braços, chateada.

— Filha, vem cá... — Valentina a pegou pela mão e a colocou no colo. — Você lembra da mamãe saindo sozinha desde que você nasceu?

— Não...

— E você lembra da gente fazendo alguma coisa que fosse só pra gente e não para crianças? — Helena balançou a cabeça novamente. — Pois então. Agora, com sua irmãzinha maior, as mamães finalmente vão poder fazer uma viagem que querem muito. A gente adora fazer o que vocês gostam, mas também precisamos do nosso tempo sozinhas, fazendo coisas de adultos.

— Mas vai demorar muito... — Ela murmurou, cabisbaixa.

— Eu entendo que é difícil ficar longe, filha, mas gostaria que você se esforçasse um pouquinho. Essa viagem é importante pra gente. E ainda teremos muitas outras viagens onde vocês vão juntos, mas essa, não. — Sorri. Sempre achei linda a forma como Valentina conversa com as crianças. — E olha, a vovó já já chega pra ficar com vocês.

— A Paulinha e o vovô Zé vêm também? — A pequena encarou a mãe.

— Sim, senhorita. — Valentina deu um beijinho na pontinha do nariz da filha.

— OUVIU, LEOZINHO CABEÇA DE ABACAXI? — Helena se levantou do colo da Valentina e subiu na cama. — A VOVÓ CATARINA, O VOVÔ ZÉ E A PAULINHA ESTÃO VINDO PRA NOSSA CASA!

— EEEEEEEE! — Leo pulou animado, pegando um monte de roupa e jogando pra cima. — VEM, PEIXINHA, VAMOS PULAR! — Ele pegou a mãozinha da Alana, ajudando-a a ficar de pé na cama, e os três voltaram a pular.

— Vou sentir saudade desses três terremotinhos. — Caminhei até Valentina, sentando em seu colo.

— Eu também... Será que eles vão ficar bem? — Valentina envolveu os braços em minha cintura e depositou um beijo no meu ombro.

— É... — Olhei para os três saltitantes. — Eles vão ficar bem, sabe por quê? — Acariciei meu nariz no dela.

— Por quê, minha vida?

— Porque eles têm um ao outro. Esses três têm uma cumplicidade e uma ligação única. É como se já se conhecessem de outras vidas. — Suspirei suavemente.

— É verdade. — Valentina olhou para as crianças, com uma felicidade evidente em seus olhos. — Eu tenho muito orgulho da gente, sabia?

— Por quê, cariño? — Perguntei, observando-a com profundidade.

SA COMFORTOnde histórias criam vida. Descubra agora