A espanha (pt.1)

7 1 16
                                    


Ajoelho-me no chão antes de entrar no revaldo.

A Espanha era o próximo oponente. Os equipamentos vermelhos e amarelos reluziam nos nossos olhos como luzes de espetáculo.

Eu tinha tudo, menos um bom pressentimento acerca deste jogo.

O treinador estava calado, o que me assustava severamente. Apesar de não compreendermos mais de metade do que ele diz, o silêncio é ainda mais assustador do que as frases loucas e espontâneas.

Angel seguira-nos até aqui, o que não ajudava no equilíbrio da equipa.

Eu e Stella não estávamos com um bom temperamento enquanto tínhamos que olhar na cara da cobra platinada.

"Bironnnzi" - Olho para trás para ver se era aquilo mesmo que se passava.

AQUELA VACA TINHA ACABADO DE USAR O NOSSO APELIDO COM O BYRON ?

Fecho o punho e vou em direção a ela com um único objetivo.

Eu ia acabar com a raça daquela coitada.

Uma mão no ombro e uma tosse forçosa faz-me parar.

"Lua, concentração." - O treinador é curto e ríspido, como se pela primeira vez na vida soubesse do que estava a falar - "Tu e a Stella são o elemento chave neste jogo. Quero que se comportem" - As palavras severas e diretas arrepiam-me a espinha completamente. - "Hoje quero que uses a braçadeira, confio em ti" - dá-me batidinhas nas costas.

Engulo em seco e aceno concordante, sentindo a minha pele ficar pálida.

Desde quando o treinador sabia falar assim ?

Ele dá um aceno de cabeça e dirige-se para o banco tão calado quanto eu.

A voz melancólica e adocicada daquela mulher enojavam-me. Mas tento focar-me no jogo que estava prestes a enfrentar.

Ajeito as meias, e o árbitro dá indicação para que entremos.

Já em posições, observo os olhos dos jogadores espanhóis. Os ares irónicos e sarcásticos como se estivessem próximos de acabar com a nossa raça arrepiavam-me até às pontas dos cabelos.

Que sensação estranha era esta ?

Tento ver se Stella sente o mesmo, pelo olhar que recebo de volta, ela também sentia.

Olho em volta para os meus colegas de equipa, todos eles parecem demasiado confiantes para a equipa que vamos enfrentar. Sem comentar que Hunter na defesa estava demasiado distraído enquanto olhava para a loiro no banco, que acenava freneticamente para todos os meus companheiros.

De todo, esta partida não me cheirava nada bem.

O apito inicial é dado.

A bola desliza levemente pela relva. Eu e Stella aceleramos o passo para conseguir intervir.

Roubo-lhes a bola facilmente.

Será que me preocupei à toa ?

Um sorriso presunçoso escapa dos meus lábios enquanto sinto Stella acompanhar-me.

Driblo mais um e outro, achando o esforço fácil para aquilo que esperava.

O ego estava quase a alcançar-me o peito quando...

Quase no limite da grande área, os gigantes espanhóis cercam-me.

Tento passar para Stella mas todos os meus pontos de visão estavam condicionados.

Eles eram altos e fortes, todos eles.

Tento esquivar-me mas sinto-me encurralada, num verdadeiro cerco de gigantes.

As escolhidas Onde histórias criam vida. Descubra agora